Conceito Bíblico sobre Prostituição

Conceito Bíblico da Prostituição

A atitude bíblica para com a prática da prostituição é um pouco ambivalente. De um lado, a prática é desaprovada, com várias declarações e estatutos contra ela. Todavia, a prostituição não é completamente condenada, e há vários casos em que ela é relatada numa atmosfera neutra. As relações entre Judá e Tamar são expostas sem julgamento (Gn 38.6-24). A falha dele em obedecer à lei do casamento levirato é descrita como pecado sério. A punição de queimá-la (38.24) que Judá pronunciou sobre Tamar (antes que soubesse de sua própria participação) relaciona-se provavelmente mais ao ato de adultério do que ao de prostituição. Semelhantemente, as relações entre Sansão e uma prostituta (Jz 16.1) não são condenadas. Nem a profissão de Raabe é tratada de modo ríspido. Ao contrário, ela é conhecida por toda a Escritura como Raabe a prostituta. 

Durante o reino unido, duas prostitutas trouxeram um bebê a Salomão para julgamento (lRs 3.16). Não há registro de uma palavra de condenação. Durante o reino dividido, a prostituição continuou a existir, pois quando Deus mandou Oséias se casar com uma prostituta, ele aparentemente não teve qualquer dificuldade em encontrar uma (cp. também lRs 22.38). Finalmente, Jesus mencionou que as meretrizes estavam entre os que se arrependeram com a pregação de João (Mt 21.32; cp. Lc 7.37,39, onde “pecador” significa, provavelmente, “meretriz”). Essas referências indicam que a prostituição continuou a ser praticada dentro da comunidade judaica por todo o período bíblico. Apesar disso, a Bíblia deixa claro que, embora a prostituição exista, ela não é desejável. Num plano inferior, um estigma pessoal e social foi anexado à prática. Os irmãos de Diná justificaram seu ataque a Siquém porque ele havia usado a irmã deles como prostituta (Gn 34.31). Os irmãos de Jefté o expulsaram da família porque ele era filho de uma prostituta (Jz 11.2). Parte do castigo de Amazías por contradizer as profecias de Amós era que sua esposa se tomaria uma prostituta (Am 7.17). Num nível mais profundo, a prostituição não era aceitável à vista de Deus. Era proibido oferecer o salário de uma prostituta no Templo (Dt 23.19). Uma das razões de Deus aborrecer a prostituição era sua relação direta com todos os tipos de males. Levítico 19.29 condena o levar a filha de alguém a se prostituir, porque isso leva ao aumento da maldade na terra (cp. Pv 23.28). Por outro lado, Deus, falando através de Oséias (4.13,14), declara que a prostituição está desenfreada na terra por causa da rejeição de Deus por parte de Israel. 

A profundidade dessa corrupção é vista em Oséias 4.13, onde as crianças são usadas como pagamento por vinho e pelos serviços de uma prostituta. Por causa dessa ligação entre a prostituição e a maldade em geral, os sacerdotes foram severamente proibidos de se associarem de alguma forma com a prática (LV 21.7,9,14). Se a filha solteira de um sacerdote fosse condenada por prostituição, ela deveria ser queimada (Lv 21.9), e a filha solteira de qualquer outro homem deveria ser apedrejada (Dt 22.21). Essa forte reação é, sem dúvida, devida à íntima relação entre a prostituição e as religiões de natureza pagã. 

A atitude do apóstolo Paulo não é menos forte. Numa era de colapso moral generalizado, era imperativo que os jovens cristãos fossem advertidos das armadilhas da prática. Ele argumenta que o cristão que tem relações com uma prostituta está, na verdade, unindo Cristo à prostituta (ICo 6.15,16). Em vários lugares ele declara categoricamente que, aqueles que se envolvem em relações sexuais fora do casamento (KJV: fornicadores, pessoa que costuma sair com prostitutas [Ef 5.5; lTm 1.10]; RSV: homem imoral) são excluídos do céu (ICo 5.9-11; cp. referências acima e também Hb 13.4). O Apocalipse de João consigna explicitamente essas pessoas ao inferno (21.8; 22.15).