Fundo Histórico do Livro de Daniel
O período de tempo envolvido nas seções
históricas e visionárias do livro excede um pouco todo o período do exílio dos
hebreus na Babilônia. Daniel aparentemente foi levado para a Babilônia por Nabucodonosor,
juntamente com outros reféns judeus, em 605 a.C., após uma tentativa deste de subjugar
Judá. Isto indicaria que ele era de família nobre, já que normalmente somente
pessoas proeminentes eram levadas cativas desta maneira. Segundo o livro, o
autor foi treinado para o serviço na corte real, e logo ganhou reputação de ser
um homem sábio e vidente. Com a ajuda divina ele foi capaz de recordar e
interpretar visões que outros homens tinham tido, sendo que depois ele próprio
recebeu várias visões, por intermédio das quais ele pôde predizer o futuro
triunfo do Reino Messiânico.
O livro relata as
atividades de Daniel sob diversos reis incluindo Belsazar e Dario o Medo. A sua
última visão registrada, ocorreu às margens do Rio Tigre, no terceiro ano de
Ciro, i.e. no ano 536 a.C. Desta forma o período histórico envolvido extrapola
um pouco o período do exílio hebraico, após o decreto de Ciro promulgado em 538
a.C. O pano de fundo histórico e profético é claramente babilônico e, sem
dúvida, o autor na sua maturidade viveu na Babilônia e não em outro lugar. As
tradições e os acontecimentos descritos são típicos da Babilônia, e o livro
reflete exatamente o mesmo pano de fundo histórico fornecido no livro de
Ezequiel. É possível que o Livro de Daniel cubra um período mais extenso do que o de seu contemporâneo, Ezequiel, já que neste não há referências específicas
ao domínio persa no cenário político.