Testemunho da Água e do Sangue

Testemunho da Água e do Sangue (1 João 5.6-12)
Testemunho da Água e do Sangue


Neste texto o autor sagrado apressa-se a voltar à sua polêmica e declara agora o valor da morte de Cristo como expiação. Os gnósticos, (ver o artigo sobre Gnosticismo), não criam que o Espírito-Cristo pudesse encarnar-se, porquanto consideravam a matéria como o próprio princípio do pecado, e o corpo humano participaria desse princípio. Se algum “aeon” ou o Cristo (o qual seria apenas um dentre muitos aeons) se encarnasse na “matéria”, ficaria contaminado. Além disso, parece que não criam na possibilidade metafísica da “encarnação”. Pensavam, portanto, que o Espírito-Cristo meramente viera apossar-se do corpo do homem Jesus de Nazaré, quando de seu batismo, tendo-o abandonado quando de sua crucificação. Nunca houve uma pessoa, ao mesmo tempo, divina e humana.

Essa rejeição à encarnação levava os gnósticos a pensarem que a autoridade de Cristo residia somente em seu batismo. Diziam eles: “Cristo veio pela água”. Porém, não acreditavam que um aeon (como seria Cristo) pudesse morrer. Assim sendo, somente o homem Jesus teria morrido. Sua morte teria sido, quando muito, a morte de um mártir que morrera por uma causa boa — não poderia ter qualquer valor como expiação, como se o próprio Cristo não pudesse sofrer ou morrer. Isso significa, além disso, que Cristo não viera “pelo sangue”, pois sua missão não poderia ter incluído a morte. Portanto, não haveria qualquer valor expiatório na missão de Cristo. A seção a nossa frente ataca essa suposição errônea. A autor sagrado já havia demonstrado que Cristo realmente se encarnara, pelo que fora possível a “morte de Cristo”. Agora, o autor sagrado haverá de mostrar que assim, realmente, sucedera, e que a morte de Cristo fora o motivo da expiação, ficando assim incorporada essa questão em sua missão e autoridade. Cristo viera “pelo sangue”, e não somente pela água.


A verdadeira confissão, por conseguinte, reconhece sua encarnação; e a sua morte expiatória também está em foco, e não meramente a autoridade do batismo de Jesus Cristo. Os gnósticos reconheciam somente a autoridade de seu batismo, quando o “aeon” descera supostamente sobre o homem Jesus. Nisso, pois, os gnósticos haviam reduzido consideravelmente a compreensão da missão de Cristo. O Espírito Santo, entretanto, dá testemunho acerca da encarnação e da expiação de Cristo, porquanto o Espírito Santo é da verdade e propaga a verdade. Sobre a terra há três testemunhos: o do Espírito (que é o mediador da missão de Cristo em favor dos homens); a água (o batismo — o seu e o nosso, ao identificar-se conosco); e o sangue, que é a expiação de Cristo, e a nossa participação na mesma.