Aparição — Estudo Bíblico
APARIÇÃO
No grego, fantasma. O vocábulo pode ser
bastante lato para incluir qualquer visitante vindo de algum mundo espiritual e
sobrenatural. No contexto bíblico, porém, usualmente refere-se a um espirito
desincorporado que retoma, pode ser visto, e pode transmitir alguma espécie de
mensagem. Assim, temos o caso do falecido Samuel (I Sam. 28:13) e o caso em que
Jesus foi equivocadamente tomado como um espirito (Mat. 14:26 e Mar. 6:49).
Tais aparições eram temidas, não meramente por causa daquilo que pudessem
fazer, mas porque a visão de um fantasma era considerada um mau presságio.
Após
a Sua ressurreição, Jesus salientou que Ele, diferentemente dos fantasmas, tinha
forma sólida, composta de carne e ossos, que podiam ser tocados. Naturalmente,
nesse caso temos um corpo físico ressurrecto, o qual, na ascensão e glorificação
de Jesus foi necessariamente glorificado, assumindo natureza espiritual.
Podemos ter a certeza de que esse corpo não continuou sendo de carne e ossos,
por ser impossível tal veículo nos mundos espirituais. Vários comentadores
salientam que a crença comum na época incluía fantasmas, espíritos
desincorporados e todas as modalidades de estranhas entidades espirituais.
Alguns deles apressam-se em afirmar que tudo não passava de superstição. John Gill,
comentando sobre Mat. 14:26, mostra que as referências no Talmude dos judeus
desencorajavam a saudação a estranhos, à noite, porque poderia tratar-se de um
demônio (ver Tal. Bab. Megetta, fl. 3:1;
Sanh. fl. 44.1).
O demônio fêmea,
Lilite, assustava as pessoas aparecendo-lhes com fisionomia humana. Gostava de
sequestrar ou m atar crianças. Naturalmente, nesse caso temos uma crendice, um
a superstição. Mas sempre será sábio não agir precipitadamente, supondo que uma
questão como essa possa ser eliminada mediante meros assaltos verbais. As
pesquisas no campo psíquico demonstram que há muitas coisas que não podemos
entender neste mundo. E não há que duvidar que o mundo espiritual é tão ou mais
complexo que o mundo físico, havendo muitos tipos e níveis de seres
espirituais. Alguns deles são responsáveis pela possessão demoníaca; e os demônios
não pertencem apenas a um a classe de seres. Podem ser anjos caídos (casos
raros), ou seres espirituais de níveis inferiores, incluindo espíritos humanos
desencarnados. Os judeus sempre acreditaram nos espíritos, como todos os povos
das antigas culturas.
Essa era a idéia mais comum acerca dos demônios, até o
século V D.C., quando Crisóstomo e seus comentários modificaram a opinião
geral, fazendo com que os demônios fossem apenas anjos caídos. Não obstante, a
doutrina de que um demônio possa ser um espírito hum ano desencarnado tem persistido
na Igreja, sendo largamente defendida. As pesquisas modernas mostram que há
níveis e poderes diversos entre os demônios. Ver o artigo sobre os demônios
quanto a essa questão. A Bíblia apresenta casos da volta de espíritos humanos
desencarnados, segundo se viu no começo deste artigo. Ver também Mateus 17:3.
Há muitas evidências na comprovação do fenômeno, nos tempos antigos e modernos.
— Isso não significa, entretanto, que devamos formar uma religião que consista
em entrar em contato com tais espíritos, para obter deles ensinos e conceitos
religiosos, conforme faz o espiritualismo,
também chamado espiritismo (ver o artigo a respeito).
Algumas vezes, agrada
a Deus permitir comunicações dessa forma, mas tudo depende de Sua vontade. Tais
espíritos, ao que parece, às vezes, retornam sem qualquer motivo; e cumpre-me
dizer que há evidências de que os destinos de tais espíritos ainda não foram
fixados. Se uma pessoa morre em Cristo, vai estar com Ele. Em caso contrário, o
destino dos espíritos permanece em fluxo, conforme o afirma I Pedro 4:6. Ver o
NTI nesse versículo, quanto a uma doutrina representada na Igreja histórica,
embora a mesma não faça parte das declarações de fé de muitas denominações
evangélicas atuais. Parece que os espíritos humanos do hades algum as vezes
podem retornar. Veja-se o caso do anticristo, que subirá do hades (ver Apo.
11:7 e 17:8). Naturalmente, o hades é um estado da existência espiritual, e não
um lugar no centro do globo terrestre, como os antigos acreditavam. Parece que pelo menos alguns espíritos podem emergir desse estado e
entrar em contato com os homens.
Alguns casos de possessão demoníaca podem
envolver esse tipo de contato. A Natureza Humana. As pesquisas cientificas no campo
da antropologia metafísica demonstram que o homem é um a complexidade de pelo
menos três formas de energia distintas. 1. O corpo, uma energia física. 2. A
vitalidade, uma energia semifísica. 3. A alma ou espírito, uma energia
espiritual, supostamente fora do campo atômico. Assim sendo, o fantasma pode
ser a vitalidade, que antes fazia p arte do complexo humano. Essa vitalidade é
capaz de certos atos que exigem uma baixa inteligência e sejam de natureza
mecânica. Uma vez que as energias de um indivíduo se separem por meio da morte,
essa energia vital retém a capacidade de realizar certas coisas, demonstrando
um tipo baixo e mecânico de inteligência. Sua tarefa, na pessoa viva,
aparentemente é mediar entre as energias física e espiritual. Uma vez livre,
ela torna-se um a espécie de espírito elementar, que pode persistir por algum
tempo. Mas, com a passagem do tempo, a energia dissipa-se e o fenômeno cessa.
Provavelmente, essa forma de energia (que não é um espírito humano, nem um demônio,
e nem qualquer coisa similar) é responsável por muitas estórias de casas
mal-assombradas, da atividade dos poltergeists e dos fenômenos ligados ao
espiritismo. Porém, de outras vezes, o fantasma é um espírito humano
desencarnado. As evidências mostram que tais espíritos não são necessariamente demoníacos
no seu sentido verdadeiro; mas sempre são espíritos perturbados, de pequeno
desenvolvimento espiritual, pelo que não são apropriados como companhia para os
homens, podendo causar dificuldades, embora de tipo menos daninho do que no
caso de demônios autênticos (sem importar qual natureza metafísica eles
tenham). Todavia, cumpre-nos manter distância dos mesmos, porque já tem os muitas
dificuldades e perturbações próprias, sem termos de tomar por empréstimo mais
dificuldades provenientes do mundo espiritual, sobre o qual tão pouco sabemos.
A
crença antiga sobre os danos que os espíritos desencarnados podem produzir sem
dúvida estava baseada na observação e na experiência, e não na superstição
criada em um vácuo. Quase sempre os mitos e lendas têm um cerne de verdade,
rodeado por muita fantasia. Uma quarta energia no homem. Podemos talvez encontrar
ai o verdadeiro ser humano, um elevado poder espiritual, semelhante a um anjo.
Seria similar ao conceito judaico-cristão do anjo guardião. O anjo guardião
pode ser o verdadeiro ser do homem, e a alma pode ser o seu instrumento, da
mesma maneira que o corpo é o instrumento da alma. Nas religiões orientais,
essa entidade é chamada — superego. Imaginemos uma mão humana com seus cinco
dedos. Um dedo é algo real, mas sua realidade é dependente. Um dedo não pode
existir sem a palma da mão, sem a estrutura essencial da mão. A palma poderia representar
o «superego», a verdadeira entidade de um homem. Trata-se de um poder elevado e
inteligente. O dedo, pois, representa a alma.
Quando as formas tomam-se
visíveis. Um corpo é uma forma de
energia que nossos olhos físicos são capazes de ver. O fantasma é a vitalidade
que, quando vista, aparece em preto e branco, sendo vista na forma de um corpo
humano, embora não tenha natureza física. A alma é vista em cores, e usualmente
aparece em forma humana, embora assuma essa forma por conveniência, e não por
necessidade. A alma pode assumir muitas formas. Além disso, o "superego", é
visto apenas como um campo de luz. Na verdade, ignoram os quase totalmente
esses grandes mistérios, e o que sabemos meramente sonda a realidade humana. A
realidade do superego, não exclui a
realidade dos anjos guardiães independentes, que são seres separados do homem.
M as julgo, juntamente com Orígenes, que esse ser, o homem essencial, é um
irmão para os anjos, sendo inferior a eles som ente por causa dos efeitos da
queda no pecado. Na redenção, porém, esse ser (nosso ser real e essencial) está
destinado a compartilhar da natureza divina (ver II Ped. 1:4), de acordo com a
imagem e a natureza do Filho de Deus (ver I João 3:3; Rom. 8:29; II Cor. 3:18 e
Col. 2:10), sendo esse ponto o mistério e a doutrina mais profundos de todos. Contudo,
retornando às aparições, elas existem, algumas vezes são espíritos humanos
desincorporados; entretanto, usualmente, são apenas a vitalidade.