Espécies de Aves na Bíblia
Espécies de Aves na Bíblia
Há muitas espécies de
aves nas terras bíblicas. Os nomes que lhes são dados na Bíblia, visto não terem
sido conferidos cientificamente, com frequência são inexatos e confusos.
Portanto, nem sempre há certeza quanto às espécies indicadas pelos termos em
pregados.
As condições
geográficas e climáticas da Palestina, que variam desde o semitropical ao
desértico, e o fato de que a Palestina está situada em uma das principais rotas
migratórias de aves entre a África, a Europa e a Ásia Ocidental, contribuem
para a existência de larga variedade de pássaros, residentes ou vistos ali
apenas ocasionalmente. Só no século XIX foi iniciado o estudo mais preciso dos
animais, e mesmo assim, só as espécies mais com uns têm sido estudadas. Os animais,
ou mesmo as aves que se parecem umas com as outras, não foram distinguidas.
Documentos antiquíssimos como os livros de Levítico e Deuteronômio jamais serão
plenamente iluminados no tocante as alusões a animais que ali se acham.
Os tradutores nunca saberão
como manusear com certeza as listas de aves que ali aparecem, que incluem a
gaivota (shap), o gavião (nes), a coruja (tahmas), o pelicano (salak),
o açor (ra’a), a poupa (dukipet), a águia marinha (ozniyya) e o cisne (tinsemet). Em face
da incerteza e confusão existentes, podem os apenas discutir e identificar
tentativamente as aves mais comuns. O termo hebraico raham (ver Lev. 11:18 e Deu. 14:17) pode ser o abutre, embora isso
dependa da tradução que alguém estiver seguindo. Provavelmente é o abutre egípcio,
um a ave p reta e branca que se alimenta de lixo e de cadáveres de animais. Operes
(Lev. 11:13) é o quebrantosso (literalmente, o quebra-ossos) que costuma deixar
cair ossos de grandes alturas, a fim de quebrá-los p ara poder consumi-los mais
facilmente.
Águias verdadeiras, no
hebraico neser, podem ser encontradas na Palestina. É provável que essa palavra hebraica indique genericamente as águias. Porém, o trecho
de Miq. 1:16 diz: “...alarga a tua calva como a águia...” E essa descrição
sugere o abutre grifo, que tem uma cabeça pálida e esbranquiçada, em contraste com
o resto bem colorido do corpo. O termo grego aetós, usado em Mat. 24:28,
provavelmente também aponta para a mesma ave. Ali encontramos menção à comum
revoada de aves de rapina, que se juntam para o repasto de carne podre. O ayya (Jó 28:7), o daa (Lev. 11:14) e o dayya
(Deu. 14:13) provavelmente são nomes que se referem ao milhano. Há espécies
negras e vermelhas. As corujas são referidas por dezesseis vezes no Antigo Testamento,
mas mediante o uso de cinco palavras hebraicas diferentes. Provavelmente várias
espécies de corujas são assim distinguidas. Aparentemente a hasida de Jer. 8:7 é a cegonha, uma das
aves migratórias mais notáveis que passam pelo vale do Jordão, ao norte, em
março e abril. O agur, também chamado
sus, igualmente é uma ave migratória
(ver Isa. 38:14 e Jer. 8:7). Provavelmente trata-se da andorinha. Várias
espécies podem ser encontradas na Palestina, em certos períodos do ano.
O
pardal (no hebraico, sippor) é uma
ave comum na Palestina, idêntica à que aparece na Europa ocidental. O termo
grego struthion provavelmente alude a
certa variedade de aves pequenas, incluindo o pardal. Jesus, em Mat. 10:29,
referiu-se a essa ave por ser considerada de pequeno valor pelos homens, mas que
atrai a atenção favorável de nosso Pai celeste. Nos selos do Egito e da
Assíria, desde 1500 A.C., há gravuras com galos (no grego, alektor). E a menção à galinha,
por Jesus, em Mat. 23:37 e em Luc. 13:34 (no grego, ornis), mostra que a ave era natural das terras bíblicas. O galo
servia de despertador natural, posto que inexato. (Ver Mat. 26:74,75). É
provável que a galinha fosse domesticada. O pavão (no hebraico, talvez, tukkiyyim) era importado por Salomão (ver I Reis 10:22),
sendo contado entre os animais exóticos que Salomão queria ter ao seu redor,
para aumentar a beleza e o interesse de seu reino. O pavão é nativo das
florestas da região indo-malaia, embora chegue a outras regiões, por meios
naturais ou mediante importação.
Em 450 A.C. chegou em Atenas, Grécia. A
codorniz (no hebraico, selaw) era uma
ave caçada, limpa segundo os preceitos levíticos (ver Êxo. 16:13). É ave migratória,
seguindo uma rota semelhante à rota seguida pelos israelitas no êxodo. Serviu
de alimento porque essa ave voa apenas cerca de um metro acima da superfície do
solo, e em grandes revoadas. A perdiz (no hebraico, gore; ver I Sam. 26:20),
era caçada para servir de alimento, no Oriente Médio e no suleste da Europa. A
espécie envolvida é similar à perdiz de pernas vermelhas (A. rufa). Dois
membros da família do corvo são nativos da Palestina, o corvo, propriamente
dito, e a gralha (no heb. oreb; no
grego, koraks). Essas aves
alimentam-se de carne apodrecida e eram imundas, segundo a lei levítica. A
avestruz (no hebraico, bat yaana), em Jó 39:13-18, em algum tempo foi ave nativa
do Oriente Médio. Alguns tradutores dizem “coruja”, nesse trecho; mas a maioria
dos estudiosos pensa que está mesmo em vista a avestruz. Em algumas versões, o termo
hebraico hasida é traduzido por
avestruz ou por cegonha, ao passo que ayeenim, em Lam. 4:3, é traduzida pela avestruz
(conforme faz nossa versão portuguesa).
O pelicano dificilmente viveria no
deserto, mas o “deserto” referido em Sal. 102:6, associado a esse pássaro, não
precisa indicar um deserto de areia, mas apenas um lugar ermo. O termo hebraico
ali usado tem sentido incerto. Por isso, alguns estudiosos preferem o abutre. O
pelicano branco passava pelo norte do vale do Jordão, pelo que ocasionalmente podia
ser visto na Palestina. Os pelicanos são aves aquáticas que, em seu voo de
migração, fazem pausas para descansar em lugares com lagos e alagadiços. Existem
várias espécies de pombas e rolas na Palestina. O termo hebraico yona é usado
para indicar tanto uma quanto outra dessas aves, que eram usadas nos
sacrifícios (ver Gên. 15:9 e Lev. 12:6). As aves cevadas (no hebraico, barburim), referidas em I Reis 4:23,
eram acepipes servidos na mesa de Salomão. Isso talvez indique a domesticação
de certas aves, pelos povos do Oriente Médio e pelos israelitas.
§ 2 Divisão Geral
No Antigo Testamento,
as aves são classificadas como “limpas” e “imundas”, isto é, aquelas que podiam
ser consumidas pelos israelitas, e aquelas que não o podiam, de acordo com os
preceitos constantes no décimo terceiro capítulo de Levítico.
§3 Ninhos
São frequentes as
alusões a ninhos de aves, na Bíblia. Lemos sobre ninhos no santuário (ver Sal.
84:3), nas rochas (Jó 39:27), nas árvores (Sal. 104:17; Jer. 22:23), nas ruínas
(Isa. 34:15), em buracos (Jer. 47:28). E, no Novo Testam ento, há alusões a
ninhos em Mat. 8:20 e Luc. 9:58. D. Ovos. Ver Deu. 22:6 e Jó 39:14. Lucas 11:13
acrescenta que ovos eram usados na alimentação humana. E. Migração. As
referências a respeito são Can. 2:11,12; Jer. 8:7 e Êxo. 19:4.
§4 Usos Metafóricos
a. As aves usadas nos sacrifícios
levíticos simbolizavam o perdão dos pecados por meio de Cristo, b. O humilde
pardal não é tão pequeno que Deus não o note; e muito mais cuida Ele dos homens
(ver M at. 10:29-31). c. Os pássaros imundos eram abomináveis a Deus, e vedados
aos homens como alimento. Há coisas que os crentes precisam evitar, a fim de
agradarem a Deus (ver Lev. 13). d. Certas aves de rapina habitam em lugares
desolados pela destruição, e assim retratam o vazio que predomina onde Deus
julga ou onde a Sua presença não é sentida (ver Isa. 13:21). e. A pomba simboliza
a beleza (ver Can. 1:15 e 5:12), ou então, a tristeza (ver Isa. 59:11). Além
disso, sua humildade e mansidão simbolizam a humildade e o caráter inofensivo
dos servos de Cristo, em contraste com aqueles que são cheios de engano e
malignidade (ver Mat. 10:16). f. As aves de rapina podem simbolizar os severos
julgamentos divinos (ver Mat. 24:28 e Apo. 19:17,18). g. Em todas as culturas
humanas, as aves têm sido associadas a presságios, seus voos e atos são ligados
à boa sorte, ao infortúnio e às vicissitudes do destino. Alguns pensam que as
aves que se aninharam nos ramos da mostarda representam os demônios, ou, pelo
menos, as influências demoníacas, sob a forma de mestres falsos e suas
doutrinas distorcidas, que enfeiam a árvore do reino de Deus (ver Mat. 13:31,32).