Panorama do Livro de 1 Reis
Panorama do Livro de 1 Reis
Salomão torna-se rei (1:1–2:46)
Primeiro Reis começa na ocasião em que Davi está à beira da morte, perto do fim de seu reinado de 40 anos. Seu filho Adonias, ajudado por Joabe, chefe do exército, e por Abiatar, o sacerdote, conspira apoderar-se do trono. O profeta Natã informa Davi a respeito disto e lembra ao rei indiretamente que este já nomeara Salomão para ser rei após sua morte. Em resultado disso, enquanto os conspiradores celebram a sucessão de Adonias, Davi dá ordens a Zadoque, o sacerdote, para ungir a Salomão como rei. Davi passa então a aconselhar Salomão a ser forte e mostrar-se homem, e a andar nos caminhos de Yahweh, seu Deus, após o que Davi morre e é enterrado “na Cidade de Davi”. (2:10) Com o tempo, Salomão bane a Abiatar e executa os perturbadores, a saber, Adonias e Joabe. Mais tarde, Simei é executado porque não respeita a misericordiosa provisão feita de se lhe poupar a vida. O reino fica agora firmemente estabelecido nas mãos de Salomão.
Salomão reina com sabedoria (3:1–4:34)
Salomão faz uma aliança matrimonial com o Egito, casando-se com a filha de Faraó. Ele ora a Yahweh para que lhe dê um coração obediente, a fim de julgar com discernimento o povo de Yahweh. Em virtude de não solicitar vida longa ou riquezas, Yahweh promete dar-lhe um coração sábio e discernidor, bem como riquezas e glória. Logo no início de seu reinado, Salomão revela sua sabedoria, quando duas mulheres se apresentam diante dele, ambas sustentando ser seu o mesmo filho. Salomão ordena a seus homens que ‘cortem o menino vivo em dois’ e dêem metade para cada uma delas. (3:25) Nisto, a mãe verdadeira pleiteia pela vida do bebê, dizendo que a outra mulher pode ficar com ele. Assim, Salomão identifica a mãe verdadeira, e ela recebe o filho. Graças à sabedoria de Salomão, dada por Deus, todo o Israel prospera, é feliz e goza de segurança. Pessoas de muitos países vêm ouvir a sua sabedoria.
O templo de Salomão (5:1–10:29)
Salomão relembra as palavras de Yahweh a Davi, seu pai: “Teu filho, a quem porei sobre o teu trono em teu lugar, ele é quem construirá uma casa ao meu nome.” (5:5) Por conseguinte, Salomão faz preparativos para isso. Hirão, rei de Tiro, presta ajuda, enviando madeira de cedro e de junípero do Líbano, bem como trabalhadores qualificados. Estes, juntamente com os trabalhadores contratados por Salomão, começam a trabalhar na construção da casa de Yahweh, no quarto ano do reinado de Salomão, isto é, no 480.° ano depois que os israelitas saíram do Egito. (6:1) Não se usam martelos, machados nem ferramenta alguma de ferro no local da construção, pois todas as pedras são preparadas e talhadas na pedreira antes de serem levadas ao local do templo para serem assentadas. As paredes internas do templo são primeiro cobertas de cedro e o chão, de junípero, a seguir, todo o interior é belamente revestido de ouro. Fazem-se dois querubins de oleastro, tendo cada um dez côvados (4,5 m) de altura e dez côvados da ponta de uma asa à outra, e estes são colocados no compartimento mais recôndito. São entalhadas nas paredes do templo figuras de outros querubins, de palmeiras e de flores. Finalmente, depois de mais de sete anos de trabalho, o magnífico templo é terminado. Salomão continua o seu programa de construção: uma casa para si mesmo, a Casa da Floresta do Líbano, o Pórtico das Colunas, o Pórtico do Trono e uma casa para a filha de Faraó. Faz também duas grandes colunas de cobre para o pórtico da casa de Yahweh, o mar de fundição para o pátio, carrocins de cobre, bacias de cobre e utensílios de ouro.
Chega então o tempo para os sacerdotes transportarem a arca do pacto de Yahweh e a colocarem no compartimento mais recôndito, o Santíssimo, debaixo das asas dos querubins. Quando os sacerdotes saem, ‘a glória de Yahweh enche a casa de Yahweh’, não mais podendo os sacerdotes ficar de pé para ministrar. (8:11) Salomão abençoa a congregação de Israel, bendiz e louva a Yahweh. Ajoelhado e com as mãos estendidas para os céus, ele reconhece em sua oração que nem o céu dos céus pode conter a Yahweh, muito menos a casa terrestre que construiu. Em sua oração, pede que Yahweh ouça a todos os que temem a Ele, quando orarem voltados para essa casa, sim, até mesmo ao estrangeiro vindo de uma terra distante, “para que todos os povos da terra conheçam o teu nome para te temer assim como teu povo Israel”. — 8:43.
Durante a festa de 14 dias que se segue, Salomão sacrifica 22.000 bovinos e 120.000 ovelhas. Yahweh diz a Salomão que ouviu a sua oração e que santificou o templo, colocando ali o Seu “nome por tempo indefinido”. Agora, se Salomão andar em retidão diante de Yahweh, o trono de seu reino continuará. Contudo, se Salomão e seus filhos depois dele abandonarem a adoração de Yahweh e servirem a outros deuses, nesse caso, Yahweh diz: “Eu vou decepar Israel da superfície do solo que lhes dei; e a casa que santifiquei ao meu nome lançarei para longe de mim, e Israel deveras se tornará uma expressão proverbial e um escárnio entre todos os povos. E esta mesma casa se tornará montões de ruínas.” — 9:3, 7, 8.
Levou 20 anos para Salomão terminar as duas casas, a casa de Yahweh e a casa do rei. Daí, ele passa a construir muitas cidades em todo o seu domínio, bem como uma frota de navios para comércio com países distantes. A rainha de Sabá ouve falar da grande sabedoria que Yahweh deu a Salomão, e ela vem prová-lo com perguntas difíceis. Depois de ouvi-lo e ver a prosperidade e a felicidade de seu povo, ela exclama: “Não se me contou nem a metade.” (10:7) Visto que Yahweh continua a mostrar amor por Israel, Salomão chega a ser “maior em riquezas e em sabedoria do que todos os outros reis da terra”. — 10:23.
Infidelidade e morte de Salomão (11:1-43)
Desobedecendo ao mandamento de Yahweh, Salomão toma muitas esposas de outras nações — 700 esposas e 300 concubinas. (Deut. 17:17) Seu coração é desviado para servir outros deuses. Yahweh lhe diz que o reino lhe será arrancado, não nos seus dias, mas nos dias de seu filho. Entretanto, parte do reino, uma tribo, além da tribo de Judá, será governada pelos filhos de Salomão. Deus começa a suscitar inimigos a Salomão dentre as nações vizinhas, e Jeroboão, da tribo de Efraim, também se levanta contra o rei. O profeta Aijá diz a Jeroboão que ele reinará sobre dez tribos de Israel, mas Jeroboão foge para o Egito, temendo pela sua vida. Salomão morre depois de reinar 40 anos, e seu filho Roboão torna-se rei no ano 997 AEC.
O reino é dividido (12:1–14:20)
Jeroboão volta do Egito e junto com o povo vai pedir a Roboão que os alivie de todas as cargas que Salomão colocou sobre eles. Em vez de escutar o conselho sábio dos anciãos de Israel, Roboão escuta os jovens e aumenta o jugo que pesa sobre o povo. Israel se revolta e faz de Jeroboão rei sobre as dez tribos do norte. Roboão, ficando com apenas Judá e Benjamim, reúne um exército para combater os rebeldes, mas, às ordens de Yahweh, ele recua. Jeroboão edifica Siquém como sua capital, mas ainda assim se sente inseguro. Teme que o povo retorne a Jerusalém para adorar a Yahweh e se submeta novamente a Roboão. A fim de impedir isto, faz dois bezerros de ouro, que coloca um em Dã e o outro em Betel, e designa sacerdotes, não dentre a tribo de Levi, mas dentre todo o povo, para presidirem à adoração.
Enquanto Jeroboão oferece sacrifício no altar de Betel, Yahweh envia um profeta para avisá-lo de que Ele suscitará um rei da linhagem de Davi, de nome Josias, e que este tomará ação enérgica contra o altar de adoração falsa. Como um portento, o altar é então imediatamente fendido em dois. Mais tarde, o próprio profeta é morto por um leão, pois desobedeceu à ordem de Yahweh de não comer nem beber durante a sua missão. A adversidade começa então a vir sobre a casa de Jerobõao. Seu filho morre, conforme o julgamento da parte de Yahweh, e Aijá, profeta de Deus, prediz que a casa de Jeroboão será completamente exterminada, porque ele cometeu o grande pecado de colocar falsos deuses em Israel. Depois de reinar 22 anos, Jeroboão morre e seu filho Nadabe torna-se rei em seu lugar.
Roboão, Abijão e Asa, reis de Judá (14:21–15:24)
No ínterim, sob Roboão, Judá faz também o que é mau aos olhos de Yahweh, praticando a adoração de ídolos. O rei do Egito invade e leva muitos dos tesouros do templo. Depois de 17 anos de reinado, Roboão morre, e seu filho Abijão torna-se rei. Ele também continua a pecar contra Yahweh e morre depois de três anos de reinado. Asa, seu filho, o sucede, e, ao contrário dele, serve a Yahweh de todo o coração e retira do país os ídolos detestáveis. Há guerra constante entre Israel e Judá. Asa recebe ajuda da Síria, e Israel vê-se forçado a retirar-se. Asa reina 41 anos e é sucedido pelo seu filho Jeosafá.
Nadabe, Baasa, Elá, Zinri, Tibni, Onri e Acabe, reis em Israel (15:25–16:34)
Que bando de malfeitores! Baasa assassina a Nadabe depois de este ter reinado apenas dois anos, e passa a exterminar a inteira casa de Jeroboão. Continua na adoração falsa e a lutar contra Judá. Yahweh prediz que eliminará a casa de Baasa como fez com a de Jeroboão. Depois de 24 anos de reinado, Baasa é sucedido pelo seu filho Elá, que é assassinado dois anos depois pelo seu servo Zinri. Logo que se apodera do trono, Zinri destrói a todos os da casa de Baasa. Ouvindo isto, o povo estabelece como rei a Onri, o chefe do exército, e investe contra Tirza, a capital do Rei Zinri. Vendo que tudo está perdido, Zinri queima a casa do rei sobre si mesmo, de modo que morre. Daí, Tibni tenta governar como rei rival, mas, algum tempo depois, os seguidores de Onri apanham a Tibni e o matam.
Onri compra o monte de Samaria sobre o qual edifica a cidade de Samaria. Segue os mesmos caminhos de Jeroboão, ofendendo a Yahweh com a adoração de ídolos. Com efeito, ele é pior do que os demais que o precederam. Depois de reinar durante 12 anos, ele morre, e Acabe, seu filho, torna-se rei. Acabe se casa com Jezabel, filha do rei de Sídon, daí ele edifica um altar a Baal em Samaria. Excede em iniqüidade a todos os que o precederam. É nessa época que Hiel, o betelita, reconstrói a cidade de Jericó, pagando com a vida de seu filho primogênito e de seu caçula. A verdadeira adoração está em total declínio.
A obra profética de Elias em Israel (17:1–22:40)
Subitamente, entra em cena um mensageiro de Yahweh. Trata-se de Elias, o tisbita. É realmente impressionante a sua primeira mensagem ao Rei Acabe: “Assim como vive Yahweh, o Deus de Israel, perante quem deveras estou de pé, não ocorrerá durante estes anos nem orvalho nem chuva, a não ser à ordem da minha palavra!” (17:1) De modo igualmente súbito, Elias se retira, sob a ordem de Yahweh, para um vale ao leste do Jordão. A seca castiga Israel, mas os corvos trazem alimento para Elias. Quando a torrente seca, Yahweh envia seu profeta a Sarefá, em Sídon, para residir ali. Em razão da bondade que uma viúva demonstra para com Elias, Yahweh lhe mantém miraculosamente a pequena reserva de farinha e de azeite, assim nem ela nem seu filho morrem de fome. Depois de algum tempo, o filho adoece e morre, mas Elias implora a Yahweh, e Yahweh restitui a vida ao menino. Daí, no terceiro ano da seca, Yahweh envia de novo Elias a Acabe. Este acusa Elias de ter trazido ostracismo sobre Israel, mas Elias responde com firmeza a Acabe: “Foste tu e a casa de teu pai” que o trouxeram, seguindo aos Baalins. — 18:18.
Elias vai ter com Acabe para ajuntar todos os profetas de Baal no monte Carmelo. Não mais poderão mancar em duas opiniões. Apresenta-se a questão: Yahweh contra Baal! Perante todo o povo, os 450 sacerdotes de Baal preparam um novilho, colocam-no sobre a lenha em cima do altar e oram para que desça fogo para consumir a oferta. Desde a manhã até o meio-dia, em vão invocam a Baal, em meio às zombarias de Elias. Gritam e fazem cortes em si mesmos, mas não recebem nenhuma resposta! Daí, o profeta Elias, sozinho, edifica um altar em nome de Yahweh, prepara a lenha e o novilho para o sacrifício. Manda o povo encharcar a oferta e a lenha três vezes com água, e em seguida ora a Yahweh: “Responde-me, ó Yahweh, responde-me, para que este povo saiba que tu, Yahweh, és o verdadeiro Deus!” Nisto, desce subitamente fogo do céu, consumindo a oferta, a lenha, as pedras do altar, o pó e a água. Quando todo o povo vê isto, prostra-se imediatamente com o rosto em terra e diz: “Yahweh é o verdadeiro Deus! Yahweh é o verdadeiro Deus!” (18:37, 39) Morte aos profetas de Baal! Elias cuida pessoalmente da matança de modo a não deixar escapar nenhum. Daí, Yahweh faz chover, acabando assim a seca em Israel.
Quando as notícias sobre a humilhação de Baal chegam a Jezabel, ela procura um meio de mandar matar Elias. Temendo, ele foge com seu ajudante para o ermo, e Yahweh o conduz a Horebe. Yahweh lhe aparece ali — não de modo espetacular no meio dum vento, num tremor ou num fogo, mas com “uma voz calma, baixa”. (19:11, 12) Yahweh ordena-lhe que vá ungir a Hazael para ser rei da Síria, a Jeú para ser rei em Israel e a Eliseu como profeta em seu lugar. Ele consola a Elias com a informação de que 7.000 pessoas em Israel não se encurvaram diante de Baal. Elias vai imediatamente ungir Eliseu, lançando sobre ele o seu manto oficial. Acabe ganha agora duas vitórias sobre os sírios, mas é repreendido por Yahweh por ter feito um pacto com o rei deles, em vez de matá-lo. Daí, vem o caso de Nabote, cujo vinhedo Acabe cobiça. Jezabel trama uma acusação falsa contra Nabote por meio de testemunhas falsas, e faz que ele seja morto de modo a Acabe poder tomar o vinhedo. Que crime imperdoável!
De novo Elias aparece. Diz a Acabe que, no próprio lugar onde Nabote morreu, os cães lamberão igualmente seu sangue, e que sua casa será exterminada tão completamente quanto a de Jeroboão e de Baasa. Os cães comerão a Jezabel no terreno de Jezreel. “Sem exceção, ninguém se mostrou igual a Acabe, que se vendeu para fazer o que é mau aos olhos de Yahweh, instigando-o Jezabel, sua esposa.” (21:25) Entretanto, visto que Acabe se humilha ao ouvir as palavras de Elias, Yahweh diz que a calamidade não virá nos seus dias, mas nos dias de seu filho. Acabe se junta agora a Jeosafá, rei de Judá, e eles lutam contra a Síria, contrário ao conselho de Micaías, o profeta de Yahweh. Acabe morre dos ferimentos que recebe na batalha. Enquanto seu carro é lavado junto ao reservatório de Samaria, os cães lambem seu sangue, assim como Elias profetizara. Acazias, seu filho, torna-se rei em Israel em seu lugar.
Jeosafá reina em Judá (22:41-53)
Jeosafá, que acompanhara a Acabe na batalha contra a Síria, permanece fiel a Yahweh, semelhante a Asa, seu pai, mas não extermina por completo os altos da adoração falsa. Depois de reinar por 25 anos, ele morre, e Jeorão, seu filho, torna-se rei. Ao norte, em Israel, Acazias segue as pisadas de seu pai, ofendendo a Yahweh com a adoração que presta a Baal.