Interpretação de Rute 4

Rute 4 marca o ponto culminante da narrativa, pois Boaz assegura estrategicamente seu papel como parente redentor de Rute por meio de uma transação legal. Ele se casa com Rute, cumprindo seu dever de manter sua linhagem familiar e sustentar ela e Noemi. O casamento deles leva ao nascimento de Obede, que se torna o avô do rei Davi, ilustrando o profundo impacto das escolhas individuais no curso mais amplo da história. Este capítulo ressoa com temas de redenção, lealdade e providência divina, mostrando como o plano de Deus se desenrola por meio da fidelidade de Seu povo e da interconexão de suas vidas.

Boaz Casa-se com Rute. 4:1-17.
4:2.
Então Boaz tomou dez homens dos anciãos da cidade. Mais tarde o judaísmo passou a considerar dez homens o quórum necessário para a constituição de uma sinagoga. Dez também eram necessários entre os judeus para concederem a bênção matrimonial.

3. Aquela parte da terra que foi de Elimeleque... Noemi... a tem para venda. Era do interesse da comunidade que a família fosse preservada de extinção. Por causa disso os problemas de Noemi e Rute eram assuntos que interessavam à comunidade.

4. Resolvi, pois, informar-te disso. Literalmente, descobrir teu ouvido, RSV, achei que deveria te contá-lo. Se queres resgatá-la, resgata-a. O parente mais próximo foi legalmente informado do seu direito de remissão. Eu a resgatarei. Ele pensava que a propriedade pertencia apenas a Noemi, e que a sua obrigação terminasse com a compra do campo dela.

5. No dia em que tomares a terra... também a tomarás da mão de Rute, a moabita... para suscitar o nome do esposo falecido, sobre a herança dele. Tanto a alienação da terra como a extinção da família deviam ser evitadas por meio da lei do go’el. O go’el não viria com a terra propriamente dita, mas seria mantido em confiança para o seu filho através de Rute, o qual herdaria o nome e o patrimônio de Malom (seu primeiro marido).

6. Não a poderei resgatar. Isto envolveria em prejuízo financeiro para o comprador. O presumível go'el prejudicaria sua própria herança gastando dinheiro com terras que não lhe pertenceriam, mas a um filho de Rute. O Targum dá a entender que o parente já era casado, frias isto não o livraria da obrigação.

7. Este era outrora o costume em Israel. A explicação dá a entender que na ocasião em que o livro foi escrito este costume já não estava mais em uso. Tirava o calçado e o dava ao seu parceiro. Era um ato simbólico de transferência. O homem que tirava o seu sapato renunciava quaisquer direitos legais que tinha na questão. O costume também é mencionado nas tabuinhas de Nuzu (Ernest R. Lacheman, “Notes on Ruth 4:7, 8”, JBL, LVI, 1937, 53-56).

8. Compra-a tu. Boaz já tinha esclarecido antes que o faria se o parente mais próximo preferisse não aceitar a responsabilidade do go'el.

9. Comprei da mão de Noemi tudo o que pertencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom. Boaz declarou publicamente que tomava posse da propriedade e assumia a responsabilidade por Noemi e Rute.

10. Também tomo por mulher a Rute, a moabita. Boaz tomou Rute em casamento de levirato para que este nome não seja exterminado dentre seus irmãos, isto é, para perpetuar a família de Malom. Da porta da sua cidade. A porta de uma cidade oriental era a prefeitura da cidade, o lugar do governo e autoridade.

11. O senhor faça a esta mulher... como a Raquel e como a Lia ... e tu... há-te valorosamente em Efrata, e faze-te nome afamado em Belém. Raquel e Lia eram esposas de Jacó. As testemunhas expressaram seus votos para que Boaz fosse recompensado com uma família comparável a de Jacó (ou Israel ). Efrata é u nome dado à região em que Belém está localizada. Faze-te nome afamado. Literalmente, Recebe um nome. Os anciãos e o povo expressaram seu desejo de que houvessem filhos que fossem reconhecidos como descendentes de Boaz.

12. Seja a tua cosa como a casa de Perez. Perez foi descendente de uma cananita (Gn. 38:2, 29 ). A jovem Tamar resolveu ela mesma tratar da questão do go'el depois da morte de dois maridos. Disfarçada em prostituta ela iludiu Judá forçando-o a manter um relacionamento pecaminoso com ela, o qual produziu os gêmeos – Perez e Zerá.

13. Assim tomou Boaz a Rute... e teve um filho. O casamento foi abençoado por Deus. Em característico ensinamento bíblico, o Senhor lhe concedeu que concebesse. Os filhos eram considerados como sagrada responsabilidade concedida pelo Senhor.

15. Ele será restaurador da tua vida. Estando os filhos de Noemi mortos, ela não tinha mais esperanças de continuar a linhagem familiar. O casamento de Rute e o filho que ela teve trouxe a esperança de uma nova família em Israel. Tua nora... é melhor do que sete filhos. Sete filhos eram indicação da bênção de Deus (cons. I Sm. 2:5; Jó 1:2). Noemi, contudo, tinha uma nora em cujo filho ela encontrou consolação pela perda de seus próprios filhos.

16. Noemi tomou o menino... e entrou a cuidar dele. Isto costuma ser interpretado como cerimônia de adoção.

VII. Rute Toma-se Antepassada de Davi. 4:18-22.
17. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi. Obede significa “adorador”, “servo” ou “escravo”. Costumava ser combinado com os nomes do Deus de Israel ou com os nomes dos deuses pagãos, como em Obadias, Obede-Edom, Abednego e Abdula.

18. As gerações de Perez. Perez foi um filho de Judá (Gn. 46:12).

20. No tempo de Moisés, Naassom foi o cabeça da casa de Judá (Nm, 1:7; 7:12, 17; 10:14). Salmom na forma de “Salma” (conforme usado no hebraico de Rute 4:20) aparece em I Cr. 2:51, 54 como “o pai de Belém”, sem dúvida uma alusão ao povo que se estabeleceu ali, incluindo Boaz.

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