Estudo sobre Apocalipse 1
PRÓLOGO (1.1-8)
1) Preâmbulo (1.1-3)
v. 1. Revelação de Jesus
Cristo, que Deus lhe deu. A palavra grega aqui traduzida por “revelação” — apokalypsis
— emprestou o seu nome a todo esse gênero de literatura, chamado
“apocalíptica”. A característica comum da literatura apocalíptica é a
exposição de questões em geral desconhecidas, assim como as regiões
celestiais ou os eventos do futuro, feita por alguém que recebeu uma
revelação especial sobre essas coisas da parte de Deus, seja
diretamente, seja por um intermediário, como por exemplo de um anjo
intérprete. O exemplo mais marcante desse tipo de literatura, além do
presente livro, é o livro veterotestamentário de Daniel. Mas Apocalipse é
singular pelo fato de a revelação ser transmitida por Deus, não a nenhum ser
mortal, mas a Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos e exaltado
na glória. Em muitos apocalipses, a revelação está contida num
livro celestial — o rolo do destino já escrito nas alturas, ou, como
é chamado em Dn 10.21, o Livro da Verdade. Que isso é verdade
acerca da presente revelação fica claro em 5.1ss, em que Jesus pega o
livro ou rolo da mão direita de Deus. para mostrar aos seus servos o
que em breve há de acontecer. O tópico dessa revelação inclui os
eventos do futuro — do futuro próximo. O argumento de que o grego en
tachei implica que os eventos não ocorrerão “logo”, mas vão ser
concluídos rapidamente depois de terem tido início, não pode ser
defendido; não é o que os primeiros leitores do livro teriam entendido
naturalmente. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu
servo João: O anjo intérprete aparece de tempos em tempos no
livro (cf. 17.1,7; 19.9,10; 21.9ss; 22.6ss,16), mas muito da revelação
registrada assume a forma de visões tidas por João. v. 2. que dá
testemunho'. Uma afirmação solene da confiabilidade do registro de
João de tudo que ele viu. a palavra de Deus e o testemunho de
Jesus Cristo'. Aqui essas palavras resumem o tópico da revelação; elas
recorrem com significado ligeiramente diferente no v. 9. v. 3. Feliz
aquele que lê as palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e
guardam o que nela está escrito. Essa dupla bem-aventurança transmite
a orientação de que o livro deveria ser lido publicamente nos encontros da
igreja — primeiramente, mas não exclusivamente, nas sete igrejas da
Ásia citadas a seguir — e que o seu conteúdo deveria receber
atenção cuidadosa por parte dos leitores e exercer uma influência decisiva
sobre o seu modo de vida. o tempo está próximo'. Reforçando
o “breve” do v. 1.
2) Saudações e doxologia
(1.4-7)
v. 4. João às sete
igrejas da província da Asia: Esse apocalipse não é pseudônimo. Não
podemos ter certeza de quem era esse “João”; ele era evidentemente profeta
(cf. 19.10; 22.9) e apresenta suas credenciais no v. 9. Ele não
reivindica ser apóstolo; Justino Mártir, perto da metade do século II,
afirma isso acerca dele (Diálogo com Trifo, 81), e isso pode
bem estar correto. As “sete igrejas” são identificadas no v. 11. A
província da Ásia foi evangelizada durante o ministério de Paulo em
Éfeso, 52-55 d.C. (At 19.10), e todas as sete igrejas de João podem ter
sido organizadas nessa época. Embora as razões para a escolha dessas
sete sejam as condições locais descritas nas sete cartas (2.1—3.22), o uso
simbólico do número sete em todo o livro sugere um significado
simbólico aqui; mesmo que as mensagens sejam primeiramente para as sete
igrejas citadas, são relevantes também para as igrejas em todos os
lugares. A vocês, graça e paz. Uma saudação epistolar comum no NT
combinando a saudação grega com a hebraica. Os termos que seguem são
trinitários em essência, embora não em forma, da parte daquele que é,
que era e que há de vir. Isto é, o Deus Eterno; a designação é usada
por João como um nominativo indeclinável, não importa a construção
em que apareça. Podemos considerá-la a versão que João dá do nome
inefável de Javé, ou da expressão completa em Êx 3.14: Eu Sou o
que Sou. dos sete espíritos que estão diante do seu trono'.
Formalmente essa expressão (cf. 4.5; 5.6) lembra: “os sete anjos que se
acham em pé diante de Deus” (8.2), mas na verdade se refere ao Espírito
Santo na plenitude da sua graça e poder. Num estágio primitivo da exegese
desse livro, a expressão foi associada às sete designações do Espírito do
Senhor em Is. 11.2, LXX: “o espírito de sabedoria e entendimento, o
espírito de conselho e poder, o espírito de conhecimento e de
piedade, o espírito do temor do Senhor” (assim Vito-rino de Pettau, ad
loc.). Cf. as linhas em Veni Creator.
Tu és o
Espírito que unge
Que concedes
teu sétuplo dom.
“Diante do seu trono” ou
“diante do trono” ocorrem repetidamente em Apocalipse como expressões da
presença de Deus no seu templo celestial (cf. 4.5,6,10; 7.9 etc.), v.
5. e de Jesus Cristo, que é a testemunha fiel. Esse arranjo de
palavras em que Cristo está combinado com o Eterno e o sétuplo Espírito é
notável, e coerente com o retrato dele em todo o livro. Numa época em que
tantos do seu povo, como o próprio João, estavam sofrendo “por causa
do testemunho de Jesus” (1.9; cf. 12.11), seria encorajador para a
sua fidelidade serem lembrados de que Jesus Cristo foi a “testemunha
fiel” por excelência. A mesma expressão é usada em relação a Antipas
(2.13). o primogênito dentre os mortos e o soberano dos reis da terra. Um eco de SI 89.27, em que Deus aponta Davi (e, por dedução, o filho
de Davi) como “o meu primogênito, o mais exaltado dos reis da terra”. Aqui
o título de “primogênito” está associado à posição de Cristo na ressurreição,
como em Cl 1.18 (cf. ICo 15.20; tb. Rm 8.29). Os “direitos régios” do
Redentor na terra são dois: Aquele que é “cabeça de todas as coisas
para a igreja, que é o seu corpo” (Ef 1.22,23), também é o soberano dos
reis da terra\ era bom que os leitores de João fossem
lembrados de que o seu Senhor, por quem estavam sendo perseguidos,
também era Senhor sobre César, seu perseguidor, mesmo que César não o
reconhecesse. Ele nos ama e nos libertou dos nossos pecados por meio do
seu sangue: A leitura “libertou” (gr. lysanti) é mais bem
documentada do que a posterior “lavou” (gr. lousanti). “Lavar no
sangue” não é uma figura de linguagem bíblica (7.14 é uma exceção, mas o que é
lavado aí são vestes), v. 6. e nos constituiu reino e sacerdotes para
servir a seu Deus: Israel no deserto, após a experiência
da redenção do Egito, foi chamado para ser um “reino de sacerdotes”
para Deus (Ex 19.6; a expressão reino e sacerdotes evidentemente
é uma tradução literal da expressão hebraica em Êxodo). (Cf. Is 61.6,
em que são chamados “sacerdotes do Senhor” após uma redenção posterior.) Assim,
o povo de Deus do NT, tendo sido liberto de seus pecados, é designado
semelhantemente “reino e sacerdotes” (cf. 5.10; 20.6; 22.5; tb. IPe 2.9).
A incorporação dessas palavras numa doxologia sem explicação sugere que o
sacerdócio real dos cristãos já era um conceito plenamente familiar. Os
que compartilhavam o sofrimento do seu Sacerdote-Rei foram chamados a
compartilhar sua intercessão e soberania (cf. o v. 9; tb. Lc 22.28-30; Rm
8.17; 2Tm 2.12).
v. 7. Eis que ele vem
com as nuvens. As nuvens, associadas a uma teofania ou simbolizando
a presença divina são extraídas de Dn 7.13, em que “alguém semelhante
a um filho de homem” (cf. v. 13 a seguir; tb. 14.14) vem “com as nuvens do
céu” (cf. Mc 13.26; 14.62 e paralelos; lTs 4.17). e todo olho o verá, até
mesmo aqueles que o traspassaram: Cf.: “Então se verá...” em Mc
13.26 e paralelos, e: “vereis...” em Mc 26.64 paralelo com Mc 14.62; mas
mais especificamente a linguagem faz eco de Zc 12.10, aplicado a
Cristo em Jo 19.37: “Olharão para aquele que traspassaram”, e todos
os povos da terra se lamentarão por causa dele. Em Zc 12.10ss,
todas as famílias de Israel se lamentam pelo que foi traspassado, mas
aqui (como em Mt 24.30), todas as famílias da humanidade se lamentam.
A lamentação repetida anualmente por Hadade-Rimom na planície de Megido
(com a qual o profeta do AT compara o lamento pelo traspassado),
nunca concluída e sempre inútil, agora foi engolida pelas lágrimas
penitentes por uma vítima que foi traspassada de uma vez por todas, para nunca
mais ser golpeada de novo.
3) A autenticação divina
(1.8) v. 8. Eu sou o Alfa e o Omega (cf. 21.6): Isto é, o
início e o fim, ou o primeiro e o último, “alfa” e “ômega” sendo a
primeira e a última das 24 letras do alfabeto grego. Essa afirmação feita
pelo Deus Eterno acerca dos seus nomes e títulos, autenticando a revelação
seguinte como sendo sua, é ainda mais notável em vista da liberdade com
que na sequência os títulos são aplicados a Cristo (cf. o v. 17; 22.13). Nesse título,
também pode haver a sugestão do princípio de que “o final será como o
início”, que é amplamente ilustrado em Apocalipse (cf., e.g., 2.7; 22.1-4
com Gn 2.8ss). o Todo-poderoso. Das dez ocorrências desse
título divino no NT (gr. pantokratõr), nove estão em Apocalipse (a
outra está em 2Co 6.18). Na LXX, geralmente representa o hebraico tseba'oth
no título Yahweh felohej tseba'oth\ “Senhor (Deus) dos
exércitos”, exceto em Jó, em que representa shaddai.
Primeira
divisão: Visões de conflito e triunfo
(1.9—11.19)
I. A PRIMEIRA VISÃO
(1.9-20)
v. 9. Eu, João, irmão
[...] de vocês: Se o autor tinha status apostólico ou não, não
reivindica isso aqui, mas se coloca no mesmo nível dos leitores, companheiro
de vocês no sofrimento, no Reino e na perseverança em Jesus: O fato de
“Reino” ser inserido entre “sofrimento” e “perseverança” evidencia a certeza
da esperança cristã (v. comentário do v. 6 anteriormente) e também da
insistência geral do NT de que “E necessário que passemos por muitas
tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14.22; cf. v. 6
anteriormente). na ilha de Patmos: Uma pequena ilha no
mar Egeu, a aproximadamente 60 quilômetros a sudoeste de Mileto. por
causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus: Isso poderia significar
que ele havia ido a Patmos para receber a revelação (cf. v. 2), ou para
pregar o evangelho, mas o seu significado tradicional e muito mais
provável é que ele foi banido para Patmos por causa do seu
testemunho cristão — talvez sob o processo chamado na lei romana de relegatio,
aprovado pelo procônsul da Ásia. Eusébio (HE iii.20.9) afirma,
com base na autoridade do “relato dado por homens antigos entre nós”, que
ele foi liberto do exílio por Nerva (imperador em 96-98 d.G.) e fixou
residência em Éfeso. v. 10. achei-me no Espírito: Lit. “eu me
tornei em espírito”, i.e., fui tomado de um êxtase profético —
a mesma experiência que Ezequiel descreve quando diz: “A mão do
Senhor esteve ali sobre mim” (Ez 3.22 etc.). No dia do Senhor. No kyriakê
hêmera, i.e., no dia pertencente ao Senhor (latinizado como dies
dominica, e daí passou para as línguas românicas). Esse nome foi
dado de forma adequada ao primeiro dia da semana como o dia do triunfo de
Cristo, quando ele “foi declarado Filho de Deus com poder, pela sua
ressurreição dentre os mortos” (Rm 1.4). A expressão também é semelhante ao
“dia do Senhor” do AT — o dia da vindicação da causa de Javé e da sua
vitória sobre todas as forças que se lhe opõem; o dia da ressurreição de
Cristo (e o primeiro dia de cada semana no qual é comemorada) pode ser
adequadamente chamado de “dia do Senhor”. Era o “dia D” — a ação decisiva
— que garante o futuro “dia V”, a celebração da vitória final. E a ceia
do Senhor, especialmente associada ao primeiro dia da semana (tanto
que é denotado pelo mesmo adjetivo, kyriakos, em ICo
11.20), combina e atualiza o dia passado e o dia futuro do Senhor, uma
voz forte, como de trombeta: Um prelúdio adequado à aparição do
conquistador exaltado (cf. SI 47.5). Não é a própria voz do Filho do homem que
é assim descrita; a sua voz era “como o som de muitas águas” (v. 15). v.
11. Escreva num livro o que você vê: Provavelmente indicando um
rolo de papiro, envie a estas sete igrejas: A ordem em que
aparecem as sete cidades é a que um mensageiro seguiria para visitá-las
uma a uma, começando em Éfeso, indo ao norte via Es-mirna para Pérgamo, e
então voltando-se na direção sudeste para visitar Tiatira,
Sardes, Filadélfia e Laodiceia. v. 12. sete candelabros de ouro:
Como mostra o v. 20, esses candelabros simbolizam as sete igrejas
mencionadas. Há uma distinção intencional aqui da figura mais
conhecida do candelabro de sete braços do santuário de Israel, com o fim de
destacar a responsabilidade de cada igreja local para dar o seu próprio
testemunho do Senhor. A lâmpada é um símbolo natural do ato de dar
testemunho (cf. Jo 5.35; Fp 2.15,16). v. 13. entre os candelabros
alguém “semelhante a um filho de homem'’: O aspecto de os
candelabros estarem separados é destacado pelo fato de que se pode ver o
Senhor caminhando entre eles (cf. 2.1). A expressão “alguém ‘semelhante a um
filho de homem’” está baseada em Dn 7.13, em que significa “alguém
como um ser humano” (cf. Dn 8.15; 10.18; Ez 1.26) em contraste com os
animais vistos por Daniel anteriormente em sua visão. O uso que o nosso
Senhor faz do título “Filho do homem” também remonta seguramente a
Dn 7.13. Aqui o que é “semelhante a um filho de homem” é identificado
plenamente com o Jesus ressurreto e glorificado, que usava uma
veste que chegava aos seus pês e um cinturão de ouro ao redor do peito:
Em outras palavras, ele usa o manto do sumo sacerdote de comprimento
completo, para o qual a mesma palavra grega poderes (lit. “que chega até
os pés”) é usada na LXX em Êx 28.4; 29.5, junto com a cinta, ou
cinturão, para a qual é usada o grego zõnê, como aqui, utilizado
na LXX em relação a Ex 28.4,39. Aqui o cinturão é de ouro, como é
adequado a um sacerdote real. Nesses versículos iniciais de Apocalipse,
então, Jesus é retratado no seu ofício tríplice de profeta, rei e sacerdote
— como o receptor da revelação de Deus (v. 1), como “soberano dos
reis da terra” (v. 5) e como o que veste o manto do sumo sacerdote (v.
13). v. 14. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como a lã, tão
brancos quanto a neve: Isso também lembra Dn 7, mas ali é o “ancião de dias”
que é assim descrito (v. 9), enquanto aqui é o Cristo ressurreto. Essa
transferência global dos atributos divinos a Jesus é característica de
Apocalipse, mas de forma nenhuma peculiar a ele no NT; ela atesta
o reconhecimento espontâneo por parte da igreja nos dias apostólicos
da divindade de Jesus. Pode ser um ponto relevante o fato de que a
versão grega mais antiga de Dn 7.13 diga que “o que é semelhante a um
homem” veio “como o ancião de dias”; isso por sua vez pode lançar luz
sobre a condenação imediata por blasfêmia que seguiu a aplicação que Jesus
fez da linguagem de Dn 7.13 a si mesmo, como resposta à pergunta do
sumo sacerdote no seu julgamento (Mc 14.61-64). seus olhos eram
como chama de fogo: Como o visitante celestial de Dn 10.6, cujos olhos eram
“como tochas acesas”. A figura ocorre novamente em um contexto semelhante
em
19.12. v. 15. seus pés
eram como o bronze numa fornalha ardente...'. Melhor seria “suas
pernas” (assim podes é corretamente traduzido em 1.1); cf. Dn
10.6: “os braços e pernas como o reflexo do bronze polido” (v. tb. Ez
1.7). sua voz como o som de muitas águas'. Essa figura
de linguagem, sugerindo o som de uma torrente impetuosa após uma
chuva pesada, ocorre novamente em 14.2 e 19.6, com referência às
hostes celestiais. Em Ez 43.2, o som da vinda da glória do Senhor é assim
descrita, v. 16. Tinha em sua mão direita sete estrelas'.
Sem interpretação, pensaríamos naturalmente nos sete planetas
conhecidos dos antigos (cf. a explanação de Fílon e Josefo do
candelabro de sete braços); segurá-los nas mãos seria um símbolo do
domínio sobre o céu e a terra. A luz de toda a tendência de Apocalipse,
essa interpretação geral é adequada no presente contexto, pois a
soberania universal certamente pertence a Cristo; mas as estrelas recebem uma
interpretação especial no v. 20. da sua boca saía uma espada afiada de
dois gumes-, Cf. 19.15. A espada é a palavra de Deus (cf. Hb
4.12; tb. Ef 6.17); acerca do aspecto de ela sair da boca do Filho do
homem, cf. Is. 11.4, em que o Messias “Com
suas palavras, como se fossem um cajado, ferirá a terra; com o sopro
de sua boca matará os ímpios”. Na aplicação do NT, a espada é o evangelho,
que proclama a graça aos que se arrependem e depositam a sua fé em Deus,
com a proposição adicional do julgamento sobre os impenitentes e
desobedientes (cf. Jo 3.36). Sua face era como o sol quando brilha em
todo o seu fulgor. Assim, no monte da transfiguração, “Sua
face brilhou como o sol” (Mt 17.2). v. 17. Quando o vi, caí aos
seus pés como morto-. Uma visão de glória divina pode ser transmitida,
mesmo que somente em simbolismo. O fato de que a linguagem da visão
que João tem de Cristo na glória é simbólica está bastante claro,
especialmente no detalhe da espada surgindo da sua boca. Um paralelo
notável do AT é a visão de Deus em Ez 1.4ss. João, como Eze-quiel, cai
sobre o seu rosto diante da glória, e como Ezequiel é posto de pé
novamente. E o homem que caiu prostrado diante de Deus, e foi
colocado sobre seus pés por Deus, que pode a partir daí encarar o mundo
inteiro como o destemido porta-voz de Deus. Cf. Dn 8.17; 10.9.15; eos
três discípulos no monte da transfiguração (Mt 17.6). ele colocou a sua mão
direita sobre mim: Cf. Dn 8.18; 10.10,18. Não tenha medo: Mais
um eco do relato da transfiguração em Mateus (17.7). Cf. tb. Lc 2.10; Mt
28.5; At 18.9; 27.24. Ru sou o Primeiro e o Último: Cf. 2.8; 22.13. Os títulos do Deus de Israel (cf. v.
8) também são portados por Cristo, que em exaltação recebeu de
Deus “o nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9). “Eu sou o primeiro e eu sou o último; além de mim
não há Deus”, diz Javé em Is 44.6 (cf. 41.4; 48.12); mas não há título que não compartilhe
livremente agora com o seu Filho crucificado e glorificado, v. 18. Sou Aquele
que Vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre!. Essa
pontuação é preferível à da ARA e ARC, que acrescentam a expressão “o que
vive” como terceira parte a “sou o primeiro e último”. Como aquele
que venceu a morte no próprio domínio da morte, ele é
proeminentemente “aquele que vive”; “tendo sido ressuscitado dentre
os mortos, Cristo não pode morrer outra vez; a morte não tem mais domínio
sobre ele” (Rm 6.9; cf. 2Tm 1.10). £ tenho as chaves da morte e do
Hades, Isto é, sua autoridade se estende por todo o domínio da morte.
Por isso, o seu povo, que foi ameaçado com a morte por sua lealdade a
ele, não precisa temer que a morte vá separá-lo do amor dele; aquele que
morreu e voltou a viver é Senhor dos mortos e dos vivos; “Assim, quer
vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14.8,9; cf. Hb 2.14,15).
v. 19. Escreva, pois, as coisas que você viu, tanto as presentes
como as que acontecerão-, O que João viu abarcou tanto as coisas
que já existiam quanto as que ainda estavam no futuro. A divisão é dupla,
e não tripla. Um dos principais problemas da exegese em Apocalipse é
distinguir os elementos nas visões que simbolizam “o que é” dos que
simbolizam “o que ainda há de vir”.
V. comentário de 4.1. v.
20. as sete estrelas são os anjos das sete igrejas-. Cristo, que
mantém essas sete estrelas na sua mão direita, é, portanto, Senhor de cada
igreja local. Os anjos das igrejas devem ser entendidos à luz da
angelologia de Apocalipse — não como mensageiros humanos ou ministros das
igrejas, mas como contrapartes celestiais das personificações de diversas
igrejas, cada um representando sua igreja a ponto de ser considerado
responsável por sua condição e comportamento. Podemos compará-los
com os anjos das nações (Dn 10.13,20; 12.1) e de indivíduos (Mt
18.10; At 12.15). os sete candelabros são as sete igrejas, V.
comentário do v. 12 anteriormente.
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