Interpretação de Jó 42
Jó 42
42:1-6. Esta confissão é o contrapeso da lamentação de Jó
(cap. 3). Reconhece a rebeldia pecadora que deu origem a essa lamentação. Não é
uma admissão de pecados anteriores aos seus sofrimentos como sustentavam as
acusações de seus amigos. Por meio desta entrega sem reservas ao seu Senhor,
uma entrega feita enquanto ele ainda se encontrava em seus sofrimentos, não
tendo recebido nenhuma explicação sobre o mistério do passado ou alguma
promessa para o futuro, Jó prova ser um verdadeiro servo da aliança. pronto a servir
o seu Deus por nada. A confissão portanto indica que Jó finalmente “esmagou” a
Satanás, vindicação final do poder redentor de Deus.
2b. Nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Isto não é resignação vazia sob pressão
onipotente, mas louvor ao Deus vivo e uma aquiescência confiante em seus sábios
propósitos. Em 42:3a, 4 Jó cita as palavras divinas (cons. 38:2, 3b; 40:7),
dirigindo sua luz convincente para si mesmo, e então responde: “Eu sou o homem”
(42:3b, 5, 6). Coisas maravilhosas demais para mim (v. 3c). O homem
finito não pode se apresentar como árbitro final, pois em Deus e Seus caminhos
há um mistério além da compreensão humana.
5b. Mas agora os meus olhos te vêem. Quanto ao contraste entre o ouvir e o ver
em relação ao conhecimento veja 26:14; 28:21-27. Nenhuma forma divina apareceu
no redemoinho mas a revelação da voz foi uma experiência transformadora,
iluminando todas as outras revelações divinas, quer generalizadamente quer
alguma revelação especial anterior que fora transmitida a Jó. Por meio dessa
nova luz Jó encontra novamente o caminho da sabedoria.
6. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na
cinza. Ódio santo contra sua própria corrupção é
a consequência natural da confrontação do crente com o seu santo Senhor (cons.
Is 6:5). O filosófico “Por quê?” não fora respondido, mas Deus, pela
condescendência de Sua vinda, assegurou a Jó a Sua preocupação benévola. Isto
bastou para Jó.
V.
Restauração : O Triunfo da Sabedoria de Jó. 42:7-17.
A. Vindicação da Sabedoria de Jó. 42:7-9.
O Senhor opera o livramento dos males que assolam Jó
na ordem inversa de sua ocorrência e na ordem inversa de sua gravidade. O falso
senso de alienação divina que havia em Jó foi o primeiro mal corrigido. Agora,
trata-se da difamação do nome de Jó entre os homens e, depois, a fama e a
riqueza são restauradas.
7c. Não dissestes de mim o que era reto, como o meu
servo Jó. Se ‘elay fosse
traduzido para a mim, haveria uma referência explícita à confissão de
Jó. Mas mesmo tendo sido traduzido para de mim, parece necessário pensar
primeiramente na confissão de Jó e na falta de tal arrependimento por parte dos
amigos em resposta à teofania. Pois em termos da teologia expressa no debate
deles, a diferença entre eles consistia simplesmente em uma questão de grau. As
palavras de todos eles foram parcialmente censuráveis. Convenientemente, o
remédio consistia em que Jó fosse seu mediador oferecendo sacrifício, que era
uma maneira de expressar arrependimento público no V.T. (v. 8 ). A proporção
das ofertas era de acordo com o status dos ofensores e a solenidade da ocasião
(cons. Núm. 23 e segs.). Jó está vingado, e os amigos, repelidos, mas de tal
maneira que os amigos são perdoados por Jó e também por Deus. Pois a própria
forma da dedicação de Jó é o privilégio de orar pur aqueles que o usaram
maldosamente (cons. Ez. 14:14-20). O reconhecimento vindicatório de Jó da parte
de Deus, como meu servo, veio ao encontro da fé de Jó em seu Remidor celestial
e antecipou o escatológico, “Muito bem, servo bom e fiel” (Mt. 25:21 e segs.).
Mais ainda, foi a confirmação do original motivo do orgulho de Deus diante de
Satanás (Jó 1:8; 2:3) que assim coroa o Seu triunfo sobre o mal.
B. A Sabedoria de Jó é Abençoada. 42:10-17.
A religião não é o caminho da prosperidade. Mas a
criação de Deus é boa e a herança da terra prometida aos mansos é uma parte
integral da beatitude total do homem como um todo. Conforme o próprio livro de
Jó ensina, neste mundo a piedade e a prosperidade nem sempre são companheiras
inseparáveis. Mas sob o governo do Criador que é justo, os homens justos devem
em última análise receber beleza em lugar de cinzas. A vida de Jó foi moldada
por Deus para ser um sinal profético do “fim do Senhor” (cons. Tg. 5:11) para
maior encorajamento dos justos naquele período precoce da revelação redentora
quando o fim ainda estava muito distante (cons. arrebatamento de Enoque, Gn.
5:24).
De modo significativo, o momento crítico das
circunstâncias externas de Jó, seu livramento das mãos de Satanás, foi marcado
pelo ato no qual ele espiritualmente ilustrou a justiça do reino de Deus (cons.
Mt. 6:33 ) e cerimonialmente tipificou o sacrifício messiânico que estabelece
aquela justiça (Jó 42:10). A bênção dupla (v. 10b; cons. Is. 61:7; Zc. 9:12 )
estende-se à propriedade de Jó (Jó 42:12), sua família (vs. 13-15), pois os
filhos mortos de Jó continuavam sendo de Jó na esperança da imortalidade (cons.
também v. 16b). Possivelmente o prolongamento de sua vida até à plenitude
patriarcal (vs. 16, 17; cons. Gn. 25:7, 8; 35: 28, 29) é uma duplicação dos
setenta anos prévios (cons. Sl. 90:10). Certamente sugere a restauração da
saúde, como a herança das filhas entre seus irmãos (Jó 42:15b) e sugere a
restauração da antiga felicidade familiar de Jó.
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