Interpretação de Jó 6
Jó 6
A Resposta de Jó a Elifaz. 6:1 - 7:21.
A presença dos filósofos fez Jó especular sobre o seu
destino e isto o levou a duvidar da sabedoria divina (cap. 3). Os
pronunciamentos de Elifaz relativos ao relacionamento entre o pecado e o
sofrimento introduziu um tema que levaria Jó a duvidar da justiça de
Deus; pois Jó sabia que seus próprios sofrimentos extraordinários não podiam
ser levados em conta de pecados extraordinários. Nesta primeira réplica,
contudo, o patriarca não se ocupa de discussões teológicas sobre a justiça de
Deus, mas expressa novamente seu tumulto interior, consequência de seus
sentimentos de alienação do Deus que o afligia. Essa foi a tendência oculta da
lamentação original de Jó, e os esforços de Elifaz somente agravaram-na. A
presente preleção é uma continuação da lamentação com certos aspectos novos.
Começando pela defensiva, Jó justifica sua explosão original (6:1-13). Então,
tomando a ofensiva, ele reprova seus amigos por sua atitude impiedosa (6:14
30). Finalmente, afastando-se dos seus amigos e dirigindo-se a Deus, ele renova
o seu lamento (7:1-21).
Jó 6
6:1-13. Como indica a forma do plural, neste capítulo
dirige-se a todos os antigos. Pois todos eles concordavam com as opiniões de
Elifaz, e com olhares e gestos sem dúvida expressaram seus “améns”, os quais
viriam,a ser vocalmente expressos em seus próprios discursos.
2a. Oh! se a minha queixa de fato se pesasse. Jó ignora as insinuações de Elifaz quanto
à causa de sua desolação, e defende a irritação expressa em seu lamento. Para
Elifaz o lamento soara ominoso (5:2). Mas, diz Jó, se as palavras precipitadas
(v. 6:3b) que subitamente brotaram de seus lábios, por causa da angústia,
fossem pesadas, facilmente seriam ultrapassadas por suas calamidades, que eram
mais pesadas do que a areia do mar.
4. As flechas do Todo-poderoso . . . os terrores de
Deus. Uma indiferença, um ressentimento quase
taciturno, ficou aparente na lamentação de Jó, em sua relutância de mencionar
Deus até mesmo como autor de seus sofrimentos. A vigorosa interpretação teísta
de Elifaz operou pelo menos uma mudança sadia quanto a isto. Agora Jó expressa
francamente seus sentimentos de que Deus o está tratando como a um inimigo,
dispondo contra ele exércitos terroristas.
5. Defendendo mais seus lamentos, Jó observa que até os animais não se
queixam sem motivos. E é natural que um homem rejeite alimento insípido e
repugnante (vs. 6, 7). Então, recordando a descrição que Elifaz fez da morte
dos frágeis mortais (4:19-21), Jó declara que a morte é precisamente o que ele
anseia (vs. 8, 9).
10b. Saltaria de contente, na minha dor que ele não
poupa. Ainda que ele morresse da morte que
Elifaz diz ser reservada aos incrédulos, seria bem-vinda. E nem seria, no seu
caso, morte de incrédulo; pois, contrariando as insinuações de Elifaz, ele não
era culpado de ter negado as palavras do Santo (v. 10c).
11b. Por que prolongar a vida se o meu fim é certo. Os recursos da paciência de Jó tinham se
esgotado. Apesar das predições de Elifaz, o futuro neste mundo era sem
esperanças.
14-30. Elifaz atacara os lamentos de Jó; agora Jó ataca a “consolação” de
Elifaz.
15a. Meus irmãos aleivosamente me trataram. Ele não implorara favores, tais como um
grande resgate (vs. 22, 23) – só a piedade que um homem espera naturalmente dos
amigos. Contudo fora amargamente desapontado com os seus “consoladores” tal
como uma sedenta caravana no deserto quando alcança um wadi – um curso de água
rápido e escuro – mas não encontra nem sequer um filete entre as rochas (vs.
15-21).
21b. Vedes os meus males e vos espantais ... e
especularíeis com o vosso amigo (v. 27b). Seu procedimento desapiedado, diz Jó, foi ditado pelo
temor de que males como os seus pudessem sobrevir-lhes. Se eles simpatizassem
com ele, Deus poderia interpretar mal sua preocupação como crítica à Sua
providência, e poderia castigá-los da mesma forma. Para comprar o favor divino,
eles insinuavam que Jó devia ter pecado em proporção aos seus sofrimentos. Como
evidência eles apontavam para o aspecto rebelde de seu lamento. Mas suas
palavras desesperadas pronunciadas sob extrema provocação não consistiam como
provas de sua atitude e conduta normais (v. 26).
29a.
Tornai a julgar, vos peço. Isto é, “Parem de incorrer
em petição de princípio teológico, considerando que tenho culpa, pois sou
inocente” (v. 30).
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