Interpretação de Jonas 1
I. Fugindo. 1:1-17.
A. A Ordem do Senhor. 1:1, 2.
1. Veio a palavra do SENHOR. Não há nenhuma indicação de como Deus
falou a Jonas. Para os verdadeiros profetas do V.T., o modo pelo qual
Deus lhes falava não era tão importante quanto ao fato dEle ter falado. Jonas.
Veja Introdução com referência ao profeta.
2. A grande cidade de Nínive. Localizada na margem leste do Rio Tigre
na Mesopotâmia, foi uma cidade-estado influente desde a antiguidade. Uma
cidade-estado compreendia a área ocupada por ela e o território à volta,
inclusive as vilas vizinhas sob o seu controle. Em Gn. 10:11, 12, Reobote-Ir,
Calá e Resém são mencionadas junto com Nínive fazendo parte da "grande
cidade". Senaqueribe tornou a cidade em capital do seu império em cerca de
700 A.C., que foi algum tempo depois de Jonas. Ficava a mais de 800 quilômetros
da Palestina – um longo caminho a ser percorrido a pé. Sua malícia. Os
pecados de Nínive não foram descritos, mas a cidade era grandemente conhecida
como o centro do culto à fertilidade, e por sua crueldade para com as vítimas
da guerra.
B. Um Navio para Társis. 1:3.
3. Társis. Talvez deva Ser identificada com uma colônia de
mineração semita localizada exatamente a oeste de Gibraltar na foz do Rio
Guadalquiver (cons. Gn. 10:4; Is. 23:1, 6, 10; Ez. 27:12). Na mente de Jonas,
fugir para Társis era fugir o mais longe possível de casa. Jope. O porto
mais próximo da parte central da Palestina e, na antiguidade, um dos poucos
lugares ao longo da costa oriental do Mar Mediterrâneo onde se podia estabelecer
um porto (cons. I. Rs. 5:9 ; II Cr. 2:16). Da presença do SENHOR. Esta
frase que foi repetida duas vezes deve-se relacionar à vinda da palavra do
Senhor a Jonas. Jonas pensava erradamente que afastando-se o mais possível de
Nínive, podia anular a ordem do Senhor.
C. Uma Tempestade no Mar. 1:4-14.
Considerando que no Mar Mediterrâneo oriental as
tempestades só costumam ocorrer no fim do outono, os marinheiros deviam estar
pensando que tinham tempo suficiente para alcançar Társis sem perigo (cons, viagem
de Paulo a Roma séculos mas tarde, Atos 27). Esta tempestade foi fora de época,
enviada pelo Senhor com propósito especial.
1) Dormindo na Tempestade. 1:4-6.
4. O SENHOR lançou. Literalmente, jogou sobre o mar. Um forte
vento. A expressão vem da palavra hebraica como significado de "enraivecer". Naquele tempo os nados eram pequenos e não eram
suficientemente forres para enfrentarem fortes tempestades.
5. Marinheiros. Esses marinheiros eram mais provavelmente homens
vindos das cidades da Fenícia, pois aquele país era o maior poder marítimo dos
séculos nono e oitavo A.C., e Társis era uma colônia da Fenícia. Eram
remanescentes da antiga cultura cananita que se espalhou pela Palestina antes
do tempo de Josué. Sendo pagãos, crendo em muitos deuses e atravessando essa
crise, os homens começaram a orar cada um ao seu próprio deus predileto. Lançavam
ao mar a carga. Um navio com carga pesada facilmente emborca num mar
agitado. Um navio aliviado poderia enfrentar melhor as ondas. Dormia
profundamente. Jonas evidentemente se sentia tão aliviado por estar no
navio que imediatamente achou um lugar para descansar o seu corpo fatigado pela
viagem. Ele se retirou para a parte mais afastada do convés inferior e,
deitando-se rapidamente caiu em profundo sono. (Este é o único lugar no V.T.
onde um navio é descrito tendo um convés inferior e outro superior coberto,
fatos que estão claros no texto hebraico.)
6. Chegou-se a ele o mestre do navio. O capitão, fazendo cuidadosa inspeção do
seu navio, encontrou Jonas. Surpreso pela despreocupação deste. homem,
exortou-o a orar. O teu deus. Literalmente, o Deus, um termo
freqüentemente usado no V.T. em relação ao verdadeiro Deus de Israel. O capitão
estava tão desesperado que sentiu-se pronto a experimentar qualquer deus a fim
de se livrar dos perigos da tempestade.
2) Achado o Criminoso. 1:7-10.
7. E a sorte caiu sobre Jonas. Lançar sortes era uma forma popular de
adivinhação entre as nações pagas, e ainda é. Os hebreus às vezes usavam as
sortes, sob a orientação de Deus, a fim de selecionar pessoas para alguma
posição ou tarefa (veja Js. 7:14; I Sm. 10:20, 21) e até mesmo os apóstolos
usaram as sortes uma vez (At. 1:26). Provavelmente usavam-se pedras especiais.
8. Declara-nos. Uma vez separado, Jonas veio a ser o centro das
atenções. Foi minuciosamente interrogado.
9. Sou hebreu. Francamente Jonas contou toda a história aos
marinheiros. Ele deu testemunho do fato de que era um devoto do grande Deus
universal de todo o mundo e que o desobedecera.
10. Então os homens ficaram possuídos de grande
temor. Como a maioria dos pagãos, esses homens
eram supersticiosos e temiam grandemente que a ira de Deus recaísse sobre eles
por deixar de adorá-lo devidamente.
3) Marinheiros Desesperados. 1:11-14.
11. Que te faremos? Os marinheiros ficaram perplexos sobre como resolver
o problema. Eles tinham a bordo um homem com o qual Deus estava zangado, e
estavam afastados de qualquer lugar onde o pudessem desembarcar.
12. Tomai-me, e lançai-me ao mar. Jonas finalmente viu que grande calamidade
ele desencadeara sobre os marinheiros através de sua desobediência, e,
condenando-se, mandou que o lançassem ao mar.
13. Os homens remavam, esforçando-se. Os marinheiros, não querendo tratar uma
vida humana com tanta leviandade, puseram-se a remar em um último e desesperado
esforço de alcançar a praia através da tempestade. Sua preocupação com uma
única vida destaca-se em contraste notável da atitude de Jonas, que mais tarde
admitiu que tinha fugido do Senhor para não ver os ninivitas salvos da destruição
(4:2).
14. Não faças cair sobre nós este sangue...
inocente. Esses homens
não eram monstros cruéis, mas homens suficientemente religiosos para orar com
sinceridade diante do perigo. Os marinheiros finalmente chegaram à conclusão
que, tendo Deus enviado a tempestade para castigar Jonas, Ele não tinha a
intenção de puni-los. Portanto, decidiram que só Jonas devia sofrer pelo seu
pecado e, seguindo seu conselho, jogaram-no ao mar.
D. Lançado ao Mar. 1:15-17.
15. Cessou o mar da sua fúria. O cessar da tempestade parecia confirmar
sua decisão e sentiram-se sacudidos no íntimo dos seus corações quando
perceberam como tinham escapado por pouco da ira do grande Deus.
16. Ofereceram sacrifícios... fizeram votos. Os pagãos foram imediatamente convencidos
de que o Senhor de Israel era o Deus verdadeiro. Abandonando os seus ídolos,
ofereceram um sacrifício de ação de graças e consagraram-se ao Deus de Israel.
17. Deparou... um grande peixe. Mesmo sendo castigado, Jonas não foi
esquecido por seu Deus. Ser engolido por um grande peixe pode não parecer à
vítima um ato da bondade divina. Mas o peixe era o meio que Deus usou para
levar Jonas à praia em segurança. A criatura que engoliu Jonas não foi uma
baleia. "Baleia" é um erro de tradução do grego em Mt. 12:40. Não
sabemos que tipo de peixe é o animal mencionado em Jonas 1:17. Alguns acham que
o tubarão é suficientemente grande para se encaixar na situação; há exemplos de
ter engolido homens. O texto é claro em dizer que o peixe foi especialmente preparado
pelo Senhor. Três dias e três noites. Isto não significa setenta e duas
horas, uma vez que parte de um dia ou de uma noite pode ser considerada um todo
de acordo com a maneira do V.T. contar o tempo. Um total de quarenta e nove
horas seria adequado para uma interpretação literal da expressão. Ainda seria
muito tempo para um homem permanecer dentro de um peixe. Jesus aplicou o
incidente ao Seu próprio sepultamento. Se Cristo foi sepultado antes do
pôr-do-sol de sexta-feira (como se crê tradicionalmente) e ressuscitou antes do
nascer-do-sol de domingo, então uma tradução literal de "três dias e três
noites" (isto é, setenta e duas horas) não é o que se pretende.