Interpretação de Josué 24
Josué 24
B. Renovação do Compromisso Assumido com a Aliança em
Siquém. 24:1-28. Como resultado direto de sua reunião com os lideres, Josué
convocou toda a nação a Siquém para restabelecer novamente a aliança como
fundamento do seu relacionamento com Jeová. Vinte anos ou mais se passaram – o
período momentoso da subjugação e colonização de Canaã, e a inclusão de novos
povos (os gibeonitas, por exemplo) na Comunidade Hebraica. Conforme Moisés fez
depois da peregrinação no deserto (Dt. 30:15-20), agora Josué pediu às tribos
solene e formalmente que declarassem novamente a fidelidade convencional ao seu
Deus - não em Silo mas em Siquém, pois perto deste último havia um antigo santuário
ou lugar sagrado dos hebreus (veja comentário sobre 24:26). Aqui Deus pela
primeira vez prometeu dar Canaã a Abraão; aqui o patriarca levantou seu
primeiro altar na terra (Gn. 12:6,7). Aqui também Jacó construiu um altar (Gn.
33:20) e exortou a sua casa a deixar os seus ídolos (Gn. 35 : 1-4 j. Perto
deste lugar o próprio Josué dirigiu, em ocasião anterior, uma cerimônia de
restabelecimento da aliança (Js. 8:30-35).
George E. Mendenhall lucidamente revelou a natureza
da aliança e da renovação da aliança em Israel no tempo de Moisés e Josué (Law
and Covenant in Israel and the Ancient Near East, págs. 24 -44 ). Na forma,
a aliança mosaica parece-se mais com os tratados de suserania através dos quais
um grande monarca obrigava seus vassalos a servi-lo com fidelidade e obediência.
Tais tratados encontram-se nas alianças internacionais do Império Heteu com
seus estados vassalos, entre 1450-1200 A.C., mas não depois do final do segundo
milênio A.C. Ambos, a aliança mosaica e os tratados de suserania, são
essencialmente unilaterais. “As estipulações do tratado implicam em
obrigatoriedade apenas da parte do vassalo e só o vassalo fazia um juramento de
obediência” (Mendenhall, pág. 30). Enquanto o vassalo era obrigado a confiar na
benevolência e ajuda protetora do monarca, este último mantinha “seu exclusivo
direito de autodeterminação e soberania” (ibid), não se obrigando a
compromissos específicos. No caso da aliança mosaica, os israelitas e a multidão
mista (cons. Nm. 11:4) estavam na posição dos povos vassalos, enquanto Jeová
era o seu divino soberano. Assim Deus empregou uma forma padrão de aliança
conhecida na Ásia ocidental daquele tempo.
A aliança da qual Moisés era o mediador não foi em
nenhum lugar proclamada como aliança eterna; por isso tinha de ser
periodicamente renovada - pelo menos em cada geração. Semelhantemente, desde
que os tratados heteus “não continham obrigatoriedade perpétua desde o
principio, uma renovação da aliança tornava-se necessária de tempos em tempos”
(ibid, págs. 40, 41), como quando o herdeiro tomava o poder após a morte do rei
vassalo. Do mesmo modo havia necessidade de uma leitura pública periódica da
aliança, tanto no Império Heteu como em Israel (veja observação sobre 8:
33-35). Exigia-se do vassalo que comparecesse diante do soberano uma vez por
ano a fim de pagar o tributo (cons. 24:1b; Dt. 16:16).
A maior parte dos elementos encontrados nos textos
dos tratados heteus podem ser averiguados nesta renovação da aliança em Siquém
conforme se constata no esboço abaixo:
1)
Preâmbulo.
24:2a. Assim diz o Senhor Deus de Israel. Esta declaração identifica o Autor da aliança
no seu relacionamento com o povo vassalo.
2)
Prólogo Histórico. 24:2b-13.
Esta seção descreve detalhadamente o relacionamento
anterior entre o soberano e os súditos. “Nos tratados de suserania dava-se
grande ênfase aos feitos benevolentes que o rei heteu tinha realizado em
beneficio do vassalo ... Não eram fórmulas enfaticamente estereotipadas . . .
mas antes descrições tão cuidadosas de acontecimentos reais, que constituem
fonte importantíssima para o historiador” (ibid, pág. 32). No prólogo
histórico o monarca sempre fala, usando a forma de tratamento “Eu-vós”,
diretamente com o vassalo. Assim nesta seção não é Josué mas Jeová que está
falando, esboçando Seu tratamento teocrático com Israel desde a chamada de Abraão
até a Conquista.
2b. Dalém do Eufrates. Literalmente, Dalém do Rio, o distrito ao
norte e leste do Rio Eufrates, incluindo Harã (cons. II Sm. 10:16; I Reis 14:15
; II Reis 17:6; Is. 7:20). Ur dos Caldeus poderia muito bem ter sido uma cidade
nas montanhas da Armênia ao norte de Harã e não a cidade sumeriana perto do
Golfo Pérsico (veja Cyrus Gordon, “Abraham and the Merchants of Ura”, JNES,
January, 1958). Tera ... Abraão ... Naor. Só dois dos três filhos de Terá
foram mencionados, aqueles que foram os ancestrais de Israel – Naor como o avô
de Rebeca e bisavô de Lia e Raquel.
7. Considerando que esta cerimônia foi obviamente uma renovação da aliança
original feita no Sinai, talvez a bem da brevidade. Mas aquela aliança foi
definidamente mencionada no contexto direto (23:16).
12. Vespões. Provavelmente uma expressão figurada do poder de Deus
que derramou o pânico sobre Siom e Ogue (veja Êx. 23:27-30; Dt. 7:20), mais do
que uma velada referência aos exércitos de Faraó (veja Garstang, Joshua-Judges,
pág. 259), que nunca pilharam o sul de Gileade e Moabe.
3) As Estipulações. 24:14 -24. Como nos tratados de
suserania dos heteus, a primeira proibição era de fazer alianças fora do Império
Heteu, assim também “a primeira obrigação da aliança (de Jeová) era rejeitar
todo relacionamento estrangeiro - isto é, com outros deuses, e por implicação,
com outros grupos políticos” (Mendenhall, op. cit., pág. 38). Esta obrigação
primária foi exigida de Israel por Josué, conforme vemos em 24:14,15, 23; e o
registro da aceitação desta obrigação convencional pelo povo, e não u texto
completo da renovação convencional formal, foi inserido a bem da brevidade.
Mais ainda, uma vez que foi uma renovação da aliança mosaica e não uma nova
aliança, nenhuma outra estipulação precisou ser acrescentada. Provavelmente tais
povos locais como os gibeonitas e os habitantes de Siquém (veja observações
sobre 8:30.35) também se tornaram “vassalos” de Jeová rejeitando aos deuses dos
amorreus (24:15; cons. I Reis 18:21).
4) O Depósito da Aliança. 24:25-28. Até mesmo entre
os heteus o tratado era considerado sob a proteção da divindade e “era
depositado como coisa sagrada no santuário do estado vassalo” (ibid, pág. 34).
Do mesmo modo, Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus (24:26;
cons. I Sm. 10:25), que foi deportado perto da arca da aliança (Dt. 31:24-27).
Ele também inscreveu os estatutos da renovação da aliança sobre uma grande
pedra, a qual colocou sob o carvalho ou terebinto que pertencia ao lugar
sagrado de Jeová perto de Siquém (veja observação sobre Js. 17:9). Esta árvore
foi mencionada em Gn. 12:6 (lit. o terebinto do mestre em vez de “a planície
de Maré”. cons. 35:4). No caso da cerimônia da aliança de Js. 8:30-35, a fórmula
das maldições e bênçãos foi declarada, outro aspecto regular dos tratados
heteus.
C. Apêndice: A Morte de Josué e Subseqüente Conduta
de Israel. 24:29-33.
Josué devia ser altamente estimado quando da sua
morte, por causa de sua influência piedosa conforme está declarado em 24:31 – Serviu,
pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que
ainda sobreviveram por muito tempo depois de Josué, os quais ele exortou tão
poderosamente, de acordo com o capítulo 23.
32. O Sepultamento dos restos mortais de José (cons. Gn. 50:25, 26; Êx.
13:19) deve ter sido feito muito tempo antes da morte de Josué, mas o autor
inspirado “colocou a narrativa dele aqui, simbolizado no final do livro toda a
mensagem contida nele – a fidelidade de Deus (Blair, em The New Bible
Commentary, pág. 235).
33. A morte do sumo sacerdote Eleazar, filho e
sucessor de Arão, ficou registrada junto com a morte de Josué, sucessor de Moisés,
para indicar o término de uma era (cons. 20: 6 e comentários sobre 20:1-9).
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