Interpretação de Números 11

Números 11

Números 11 apresenta vários eventos e temas significativos na jornada dos israelitas pelo deserto. Aqui está uma interpretação de Números 11:

1. Reclamações e Insatisfação: O capítulo começa com o povo de Israel expressando seu descontentamento e reclamando das dificuldades que enfrenta no deserto. Eles anseiam pela abundância de alimentos que tinham no Egito e reclamam do maná fornecido por Deus. Esta queixa revela um padrão recorrente de dúvida e falta de confiança entre os israelitas.

2. A Resposta de Deus: Em resposta às reclamações do povo, Deus fica irado e envia um fogo que consome algumas partes externas do acampamento. Isto serve como um lembrete da seriedade de suas queixas e ingratidão. Enfatiza que Deus espera confiança e gratidão de Seu povo escolhido.

3. Maná do Céu: Deus responde às reclamações do povo fornecendo codornas em abundância à noite e um novo suprimento de maná pela manhã. Isto destaca a contínua provisão e cuidado de Deus para com o Seu povo, mesmo quando eles questionam a Sua sabedoria e graça.

4. O fardo de Moisés: Moisés, sobrecarregado pelas reclamações e demandas do povo, expressa sua própria frustração a Deus. Ele se sente sobrecarregado pela responsabilidade de liderar uma comunidade tão grande e reclamante. Isto mostra a imensa pressão e os desafios enfrentados pelos líderes em tempos de crise.

5. Nomeação de Setenta Anciãos: Deus instrui Moisés a selecionar setenta anciãos dentre os Israelitas para ajudar na liderança e governança da comunidade. Deus transmite-lhes o Seu espírito, capacitando-os a partilhar o fardo da liderança com Moisés. Isto demonstra o desejo de Deus por uma liderança partilhada e a importância da comunidade na tomada de decisões.

6. Profecia das Codornas: Em resposta à demanda do povo por carne, Deus promete fornecer codornizes em abundância. Esta abundância é um teste à fé e à moderação do povo. Infelizmente, o seu desejo insaciável por carne leva a uma praga, destacando as consequências da ganância e do excesso.

7. Provisão Milagrosa: Apesar das suas queixas, Deus continua a prover para os Israelitas, fornecendo-lhes codornizes e maná em abundância. Isto enfatiza o compromisso inabalável de Deus em sustentar o Seu povo, mesmo face às suas deficiências.

8. Lições de Contentamento e Gratidão: Números 11 serve como um conto de advertência sobre os perigos do descontentamento e da ingratidão. Ressalta a importância de confiar na provisão de Deus e de ser grato por Suas bênçãos. Também demonstra a disposição de Deus em ouvir as preocupações do Seu povo e responder às suas necessidades.

Números 11 retrata os desafios enfrentados pelos israelitas no deserto, as suas queixas e dúvidas, e a contínua provisão e orientação de Deus. Enfatiza a importância da confiança, da gratidão e da liderança compartilhada dentro da comunidade. O capítulo serve como um lembrete das complexidades e dos testes de fé que surgem durante a jornada de fé e obediência.

Interpretação

Taberá e Quibrote-Hataavá. 11:1-35.
Recusando-se a aprender a lição por meio de uru castigo em Taberá, n povo de Israel permitiu que o populacho o matasse a desejar desesperadamente a carne e os suculentos frutos e vegetais do Egito. A ira do Senhor se acendeu contra eles novamente, e até Moisés entregou-se a um sentimento de responsabilidade solitária por esses delinquentes espirituais. Moisés pediu ao Senhor que o matasse imediatamente e não o deixasse mais sozinho sob o peso da rebeldia de Israel. Então Deus escolheu setenta anciãos para ajudarem o profeta a levar o fardo e lhes concedeu o espírito de profecia. Quando dois anciãos, não dos setenta, foram encontrados exercendo o dom da profecia no acampamento, Josué pediu a Moisés que os impedisse. Isto provocou a magnânima resposta de Moisés: “Oxalá todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito”. O desejo irreprimível de carne que Israel sentia foi satisfeito quando Deus enviou bandos de codornizes. Aqueles que tinham com desejo, comeram até se satisfazerem e logo depois uma praga irrompeu entre eles.

11:1. Queixou-se o povo de sua sorte. Poderíamos traduzir assim: “E o povo se tomou murmurador contra a má sorte, aos ouvidos do Senhor”. A ideia é que Israel realmente não desfrutava de má sorte para que tivesse do que se queixar, mas murmurou assim mesmo como aqueles que são amaldiçoados com verdadeiros males. O fogo do Senhor ardeu entre eles. Ingratidão sem sentido diante de toda a bondade divina tornou necessário um castigo, ainda que não severo, nas extremidades do acampamento. Chamaram o lugar de Taberá, “fogueira”, cujo fogo poderia ter sido um fenômeno natural, ainda que fosse “o fogo do Senhor”. Enviado por Deus para o desempenho do Seu propósito.

11:2. O povo clamou a Moisés, e orando este... o fogo se apagou (extinguiu-se). Em forma comprimida temos aqui a história do povo de Deus através dos séculos vindouros (cons. Sl. 107). Israel deixou de aprender a lição da obediência disposta, e por isso passou por castigos mais severos conforme registrado neste e nos capítulos subsequentes.

11:4. O populacho. Uma ralé não especificada seguia Israel desde o Egito (Êx. 12:38).

11:5. Que no Egito comíamos de graça. A inundação anual do Nilo tornava o Egito parecido a um jardim para os beduínos que habitavam o deserto estéril. As frutas e os vegetais mencionados continuam sendo conhecidos no Egito atual e ainda são chamados pelos nomes semitas usados no texto.

11:6. Seca-se a nossa alma. Novamente a palavra usada para alma, nepesh, é a sede dos apetites animais; não designa o espírito (veja coment. sobre 9:6) Foi traduzida para apetite em Ec. 6:7. O povo estivera por tanto tempo com uma dieta leve que começou a ansiar (desejar ardentemente) por um alimento que estimulasse suas glândulas salivares. Nenhuma coisa vemos senão este maná. Este é um exagero comum às pessoas que se deixam levar pela auto-piedade e pelos apetites animais.

11:7. E a sua aparência semelhante à de bdélio. Os versículos 7-9 são uma digressão sobre o próprio maná. Comparação cuidadosa desta descrição com a de Êx. 16:31-36 mostra que a única diferença entre as duas narrativas refere-se à cor e ao sabor. Estas diferenças, longe de apontarem para fontes diferentes, mostram a espontaneidade e liberdade do autor, a qual um redator ocultada. A vista e o paladar são tão subjetivos que o maná podia ser chamado de branco e também de amarelado ou perolado (bdélio) e podia ter o sabor de mel para uns e de azeite fresco para outros.

11:12. Como a ama. O profeta usa uma figura aqui que não concorda bem com as ideias ocidentais sobre o papel de um grande líder nacional. Moisés não está sendo nem humorístico nem sarcástico com o Senhor, mas apenas O lembra de Sua soberania, pois Ele foi quem deu vida a essa nação e lhe prometeu uma terra. Portanto, só o Senhor podia amamentar essa criança e sustentá-la, como uma ama de leite carrega e alimenta uma criança que mama.

11:14. Eu sozinho não posso levar a todo este povo. A fragilidade humana de Moisés aparecem aqui e na linguagem do versículo 15. Suas palavras estão carregadas de intensa emoção, pois ele se encontra em situação angustiosa, sentindo que seria um ato de misericórdia se Deus lhe tirasse a vida.

11:16. Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel. Estes homens se tornaram os organizadores e secretários de Moisés, conforme indica a palavra superintendentes (shoter; cons. shataru assírio, “escrever”). Por isso a LXX traduz aqui para o conhecido termo “escribas” (grammateis). Eles eram realmente “oficiais”, mas podiam ter contribuído para a organização e preservação do registro sagrado. Devem ser distinguidos dos chefes dos milhares e centenas, etc., de Êx. 18:21-27; Nm. 10:4.

11:17. Tirarei do Espírito que está sobre ti. Por causa da depressão emocional de Moisés, Deus reservou algum dom de profecia para dar a estes anciãos.

11:18. Santificai-vos. Por quê? Porque Deus ia fazer uma obra milagrosa (cons. Js. 3:5). O correlativo no Novo Testamento é a certeza que Deus dá que Ele vai operar milagres nos corações. isto Ele faz, por exemplo, através da Sua palavra (e através de cada meio de graça). Mas corações que não estão preparados só podem zombar de tal promessa.

11:20. Porquanto rejeitastes ao Senhor, que está no meio de vós. Esta foi a razão básica para o castigo de Israel. O povo se arrependeu de ter deixado a escravidão pela liberdade com auto-renúncia. Isto mostra que rejeitava a promessa de Deus e portanto o próprio Deus.

11:22. Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelha e de gado, que lhes bastem? “Por que um povo rico de gado deveria chorar por carne?” (ICC, pág. 103). O problema de Moisés não consistia em crítica que desse a entender que havia inconsistência na economia divina. Os rebanhos que Israel possuía logo ficariam depauperados se fossem usados como alimento diário. Sem dúvida havia certa consumição de carne (cons. porções dos sacerdotes), mas só em ocasiões especiais (festivais), como continua sendo entre os beduínos criadores de gado.

11:25. Profetizaram; mas depois nunca mais. Isto significa que eles profetizaram apenas nesta ocasião e nunca mais, ou que eles profetizaram nesta ocasião apenas uma vez e não prosseguiram? O primeiro ponto de vista não parece provável à luz de 12:6. O último providencia a Moisés um grupo de inspirados secretários que também o ajudaram a registrar e editar os escritos sagrados (Pentateuco). Êxodo 4:16 tomado com 7:1 indica que uma parte da ideia hebraica de profeta (neibi’) era de “alguém que fala em nome de outro”. Talvez os anciãos tivessem uma experiência extática; neste caso, só porque receberam a Palavra de Deus.

11:26. Repousou sobre eles o espírito, porquanto estavam entre os inscritos. Não eram dois membros desobedientes do grupo dos setenta que não acompanharam os demais, mas, antes, dois dos muitos inscritos príncipes de milhares. Esse dom que receberam foi inteiramente inesperado.

11:29. Tens tu ciúmes por mim? Moisés demonstrou o verdadeiro espírito da liderança orientada por Deus. Ele não era um demagogo, mantendo sua posição por meios indignos. Verdadeiramente desejoso que outros partilhassem desse dom maravilhoso, ele se preocupava mais com o bem comum de Israel do que com a sua própria posição

11:31. Soprou um vento. O ICC (págs. 117-119), tem um interessantíssimo comentário muito construtivo sobre os versículos 31-34. Cerca de dois côvados sobre a terra. A frase tem mais sentido quando aceitarmos o 'al (“sobre”) como “acima” da superfície da terra, indicando que as codornizes estavam voando baixo.

11:32. E as estenderam para si ao redor do arraial. Uma maneira antiga de preservar a carne secando-a ao sol.

11:33. Estava ainda a carne entre os seus dentes. A palavra hebraica não significa “mastigar”; quer dizer “cortar” Traduz-se, antes de terminar as provisões. (O mesmo verbo foi traduzido para pararam-se em Js. 3:16 e em outras passagens.) Isto não significa que o castigo caiu sobre o povo antes que tivesse tempo de comer as codornizes, pois o Senhor predisse que comeriam carne durante um mês (Nm. 11, 19, 20). A ideia é que antes de terminarem de comer as codornizes, a praga irrompeu.

35. De Quibrote-Hataavá... para Hazerote. Estas paradas não podem ser identificadas. Tudo o que se pode dizer é que Israel prosseguia na direção norte partindo do Sinai.

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