Tabernáculo — Estudos Bíblicos

Tabernáculo — Estudos Bíblicos

Tabernáculo — Estudos Bíblicos




TABERNÁCULO

I. Termos
II. Caracterização Geral
III. Fontes de Informação
IV. História
V. Estrutura dos Móveis
VI. Tipos e Usos Figurados
VII. Visão Crítica

I. Termos
No latim. A palavra tabernáculo deriva da palavra latina tabernaculum, que é diminutivo de taberna, um barraco, e refere-se a uma moradia transitória, como uma barraca.
No hebraico:
1. Ohel (dez), cerca de 200 vezes no Antigo Testamento, desde Êxo. 26 a Mal. 2.12.
2. Mishkan (uma residência, local de moradia), usado cerca de 140 vezes no Antigo Testamento. Exemplos: Êxo. 25.9; 27.19; 40.38; Lev. 8.10; Jos. 22.19, 29.
3. Sok (cobertura, tenda): Sal. 10.9; 27.5; 76.2; Lam. 2.6; Jer. 25.38.
4. Sukkah (enrolar, cobertura, tenda, cabana): usado cerca de 30 vezes. Exemplos: Lev. 23.34, 43.43; Deu. 16.13, 16; 31.10; II Crô. 8.13; I Reis 20.12, 16; Sal. 18.11; 31.20.
5. Bayith (uma casa), aplicado ao tabemáculo em Êxo. 23.19; 34.26; Jos. 6.24; 9.23; Juí. 18.31; 20.18.
6. Miqdash (um local sagrado). O tabemáculo era um local consagrado para o culto a Yahweh (“yahwismo”), isto é, um santuário-, Lev. 12.4; Núm. 3.38; 4.12. Às vezes a palavra é usada para a parte mais interna do santuário chamado de Lugar Mais Santo (Santo dos Santos): Lev. 16.2.
7. Hekal (templo), palavra que às vezes se refere ao tabemáculo antes de ser usada para o Templo de Salomão: I Crô. 29.1, 19: II Reis 24.13, respectivamente. A palavra também se aplica ao tabemáculo em Sdo: I Sam. 1.9; 3.3.
8. Ohel moed (a forma composta significa tenda de reunião): Êxo. 29.42, 44.
9. Ohelhaeduth (a tenda de testemunho): Núm. 9.15; 17.7; 18.2.
No grego:
1. Skene (tenda), usado 27 vezes no Novo Testamento. Exemplos: Mat. 17.4; Mar. 9.5; Luc. 9.33; Heb. 8.2, 5; 9.2, 3, 6, 8, 11, 21;
11.9; 13.10; Apo. 13.6; 15.5; 21.3.
2. Kenos (tenda): II Cor. 5.1, 4.
3. Skeenoma (tenaa, local de habitação): Atos 7.46; II Ped. 1.13,14.
4. Skenopegia (festa dos tabemáculos): João 7.2.

II. Caracterização Geral
O tabemáculo (no hebraico, Mishkan), “local de moradia”, é local onde Yahweh torna conhecida Sua presença, por assim dizer, seu ”lar longe de seujar”, onde ele trata com Seu povo e faz conhecido Seu desejo. Ver Êxo. 25.8. O tabemáculo era uma tenda portátil que os israelitas carregaram nos 40 anos de vagueações no deserto e durante seus anos na Terra Prometida até que Salomão construiu o Primeiro Templo. A época era por volta de 1450 a 950 A. C., o que significa que o tabemáculo teve uma “carreira” de cerca de 500 anos! O livro de Êxodo representa Yahweh como dando a Moisés todas as ordens necessárias para a construção e os_ cultos do Tabemáculo, incluindo suas medições e especificações (Êxo. Caps. 25-27) e um diminuto relato de sua execução (Êxo. 36.8-38.1). Os críticos atribuem todo esse material à fonte P (de sacerdote) do Pentateuco e pensam que sua composição ocorreu muito depois da época em que Moisés esteve vivo. Ver sobre J.E.D.P.(S.) neste Dicionário e na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Ver os comentários sobre as visão dos críticos na seção VIII deste artigo. O relato no Êxodo informa-nos que, apos a entrega da Lei no Sinai, Yahweh ordenou que artesãos especiais construíssem a tenda e seus móveis de materiais doados pelo povo (Êxo. 31.11; 35.36.7). O local onde Yahweh manifestou Sua presença também era chamado de “Tenda da Reunião” (Êxo. 29.42-45).
Propósitos do Tabemáculo. O principal propósito desta estrutura é explicado em Êxo. 25.8, 21, 22:    para que eu (Yahweh) possa
habitar no meio deles”; “... dentro dela porás o Testemunho...”; “... ali virei a ti... falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”. O tabemáculo, como o templo posterior, tinha o objetivo de centralizar o louvor de Israel, evitando que muitos “oráculos” lá fora, que poderiam corromper os cultos a Yahweh ou permitir alguma espécie de sincretismo, se misturassem com influências pa-gãs. Altares isolados (ver Gên. 12.7, 8) onde render sua autoridade àquela investida no tabemáculo. Isto não aconteceu de uma forma absoluta. Os oráculos persistiram.

III. Fontes de Informação
Quatro passagens principais no livro de Êxodo nos dão informações especiais sobre o tabemáculo; a. caps. 25-29; b. caps. 30-31; c. caps. 35-40 junto com Núm. 3.25 ss.; d. 4.4 ss. e 7.1 ss. As narrativas afirmam a inspiração divina, de modo que dizem que Yahweh é a verdadeira fonte da informação e Moisés é o mediador. JUm modelo do tabemáculo foi mostrado a Moisés de acordo com Êxo. 25.9 e 26.30.

IV.  História
Estritamente falando, houve três tabemáculos históricos, cada qual tomando o lugar de seu predecessor, na maioria dos aspectos.
1. Um tabemáculo provisional foi erigido após o incidente do louvor ao bezerro de ouro. Essa “barraca de reunião” não tinha nenhum ritual e nenhum sacerdócio, mas era tratada como um oráculo (Êxo. 33.7). Moisés, é claro, estava encarregado de todos os procedimentos.
2. O tabemáculo sinaitico, cuja construção e equipamento foram instruídos por Yahweh.
3. O tabemáculo provisional de Davi, erigido em Jerusalém como o predecessor do Templo de Salomão (II Sam. 6.12). O antigo tabemáculo (sinaitico) permaneceu em Gibeão com o altar insolente, e sacrifícios continuaram sendo feitos ali (I Crô. 16.39; II Crô. 1.3).
O tabemáculo de Moisés passou os seguintes processos históricos:
1. Depois do incidente ao bezerro de ouro, devido à intercessão de Moisés, outra cópia da lei foi fornecida, o pacto foi renovado e foram coletados materiais para a construção do tabemáculo (Êxo. 36. 5,6). O povo colaborou com grande generosidade, até c conto de excesso.
2. O tabemáculo foi terminado em um curto período de tempo, no primeiro dia de nisã, do segundo ano após o Êxodo. O ritual complexo foi inic.ado (Êxo. 40.2).
3. O tabemáculo provisional estava fora do campo, mas se tornou o centro com as várias tribos estacionadas em uma ordem específica estendendo-se para fora (Núm. cap. 2). Uma observação histórica curiosa, em tempos modernos, é o fato de que Salt Lake City, em Utah, EUA, o Sião norte-americano, quartei-general da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, tem todas suas ruas chamadas por nomes e numeradas em relação à posição da Praça do Templo, onde estão localizados o tabemáculo e o templo. Assim, a cidade toca está centralizada ao redor dessa praça, a partir da qual qualquer endereço pode ser determinaco, e qualquer distância pode ser calculada usando essa referência. Um exemplo: 668 Oeste Segundo Norte significa cerca de sete quadras ao oeste e duas quadras ao norte da Praça do Templo.
4. O tabemáculo continuou em Silo durante o período dos juizes Na época de Eli, o sumo sacerdote (I Sam. 4.4), a arca foi removida desse local e o próprio tabemáculo foi destruído pelos filisteus. A época era cerca de 1050 A. C.
5. Quando Samuel era um juiz, os cultos de louvor central foram movidos a Mispa (I Sam. 7.6) e então a outros lugares (I Sam. 9.12; 10.3; 20.6).
6. Nos primeiros anos de Davi, o pão da proposição era mantiao em Nobe, o que implica que pelo menos parte dos móveis do tabemáculo de Moisés era mantida ali (I Sam. 21.1-6). O lugar alto em Gibeão reteve o altar de ofertas queimadas e talvez alguns outros remanescentes do tabemáculo de Moisés (I Crô. 16.39; 21.39).
7. Depois de capturar Jerusalém e tomar essa cidade sua capital, Davi levou a arca da aliança àquele lugar e montou um tabemáculo provisional, no aguardo da construção do templo por seu filho Salomão. Isto foi feito no monte Sião (I Crô. 15.1; 61.1; II Sam. 6.17). Ver o verbete Sião. Esse local também era chamado de “Cidade de Davi”, pois esse rei tomou ela sua capital. A época era em tomo de 1000 A. C.
8. Quando o templo foi construído, os móveis do antigo tabemáculo que restavam foram ali colocados, e o local sagrado e o local mais sagrado foram incorporados na estrutura do prédio novo. Assim, o tabemáculo tornou-se o centro do templo. Ver o verbete Templo de Jerusalém.

V.  Estrutura dos Móveis
1. O tabernáculo foi dividido em três seções distintas que representavam três estágios de santidade crescente: a. o pátio que cercava a tenda. Esse pátio estava dividido em dois quadrados de 50 cúbitos (o cúbito medindo cerca de 45 cm). O quadrado ao leste continha o altar das ofertas queimadas (5x5x3 cúbitos). O Altar ficava no centro do quadrado. A oeste do altar estava a bacia para as lavagens rituais das mãos e dos pés. O quadrado ao oeste do próprio do tabernáculo era dividido no local sagrado (ou santuário), que media 20 x 10 x 10 cúbitos, e no local mais sagrado, que media 10x10 x 10 cúbitos. Assim, toda a estrutura era de 30 x 10 x 10 cúbitos.
2. A leste do pátio ficava o portão; no lado oeste estava o Santo dos Santos. A estrutura, portanto, como um todo, ficava de frente para o sol nascente, a leste, o que não era por acaso,
3. No local sagrado ficava a mesa na qual o pão ba proposição era colocado. Isso ficava no lado norte e media 2x1 x 1,5 cúbitos. O pão era renovado todo sábado. No lado sul ficava o candeeiro de ouro (ver a respeito). Ainda no local sagrado, mas próximo a cortina que o dividia do Santo dos Santos, no centro da estrutura, havia o altar de incenso (ver a respeito). Quando digo ver a respeito, quero dizer o Dicionário do Antigo Testamento Interpretado ou a Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Ver sobre Mesa. II. Mesas Rituais,
1. Mesa dos Pães da Proposição.
4. O Santo dos Santos, que era separado do local sagrado por uma cortina bordada (Êxo. 26.31-33). Nele estava a arca da aliança (ver a respeito) que era uma caixa que media 2,5 x 2,5 x 1,6 cúbitos. Dentro da caixa ficava o testemunho, isto é, as tábuas da lei (Êxo. 25.21; 40.20). A tampa da caixa era chamada de assento de misericórdia ou propiciatório (ver a respeito). Ela era ornamentada pelas imagens de dois querubins (ver a respeito) com asas esticadas que se estendiam por toda a tampa e se tocavam umas às outras (Êxo. 25.17-20; 26.34; 37.6-9). Ali Yahweh se manifestava e se comunicava com o povo (Êxo. 25.22). Apenas o sumo sacerdote podia entrar no Santo dos Santos e ainda assim apenas uma vez por ano (Êxo. 30.10; Lev. 16.29-34). Ver a respeito de Lugar Mais Santo no Dicionário. Ver também o Lugar Santo (Santuário).
Materiais e Posições. Gradações de materiais e de posição falam de santidade maior. No local menos sagrado, o pátio externo onde os leigos podiam circular, era usado o bronze. Passando a ficar mais sagrado, os sacerdotes e os levitas podiam circular no lugar sagrado; o ouro era usado como um material ali junto com madeiras nobres. Então, nesse local onde Yahweh podia manifestar-se, talvez, ocasionalmente, na teofania (ver o verbete).
Forneço detalhes sobre os móveis em outros artigos, o que me permite apresentar uma descrição um tanto breve neste artigo. O leitor diligente não ficará contente em ler apenas o esboço. O livro de Hebreus simplifica a complexidade do tabernáculo e do templo ao fazer com que os próprios prédios, seus conteúdos e suas funções tipificassem a Cristo, Sua pessoa e Suas funções. Ver a seção VII, a seguir.

VI.  Tipos e Usos Figurados
As coisas que os intérpretes dizem aqui são experimentais e não dogmáticas e, sem dúvida, imaginam-se muitos tipos que não eram pretendidos por nenhum escritor sagrado. Mas, seguindo a liderança do livro de Hebreus, muitas coisas válidas podem ser ditas.
1. De modo geral, o tabemáculo falava da Presença de Yahweh com seu povo e fornecia um local físico onde as manifestações divinas podiam ocorrer. Ver Propósitos do Tabemáculo, o último parágrafo da seção II, Caracterização Geral. A pessoa humana, nos tempos do Novo Testamento, tomou-se o tabernáculo ou o templo do Espírito, substituindo a edificação (ou prédio) material (I Cor. 3.16; Efé. 2.21). A igreja, o corpo dos crentes, é uma habitação de Deus e o meio através do qual ele se manifesta a outros.
2. O tabernáculo, com suas muitas partes e funções, fala de uma realidade celeste (Heb. 9.23,24). Essa idéia era exagerada pelos rabinos e pela doutrina deles de que de fato havia céu e uma contraparte do tabemáculo terreno o “copiava” em suas partes essenciais, na versão terrena por Moisés, segundo as instruções de Yahweh.
3. Tipos e Figuras de Cristo. Sem dúvida, os intérpretes exageraram aqui, mas ofereço o que é dito: o altar de bronze (Êxo. 27.1-8) tipifica a cruz de Cristo. O próprio Senhor tornou-se uma oferta queimada, sem marcas, por parte de seu povo. O lavatório ou bacia para lavagem ritual fala sobre como Cristo santifica seu povo (Efé. 5.2527). O candeeiro de ouro tipifica Cristo como a Luz do mundo (João 1.9). Como o tabemáculo não tinha fonte externa de luz, o crente também não tem luz exceto por Cristo. O pão da proposição tipifica Cristo como o Pão da Vida, sustento espiritual (João 6.33-58). O altar de incenso tipifica Cristo como o Intercessor por todos os pecadores, em todos os lugares (João 17.1-26; Heb. 7.25). A cortina ou véu que dividia o local sagrado do lugar mais sagrado foi aberta a todos os crentes, não meramente à elite, como o sumo sacerdote (Mat. 27 51). A arca da aliança, feita de madeira e ouro, tipifica o corpo material de Cristo unido com sua divindade. O testemunho (tábuas da lei) na arca tipificavam Cristo como tendo a lei em seu coração de modo especial para que pudesse ser o Mestre de outros. A vara de Arão, que floresceu, tipifica os poderes de dar vida que Cristo tem em relação ao Seu povo. A tampa da arca, feita de ouro puro. o propiciatório, que recebeu o sangue da oferta do Dia do Arrebata-mento, tipifica Cristo como o sacrifício para toda a humanidade, idéia que a lei condena. Ao mesmo tempo, esse item era o trono de Deus, o local de sua manifestação. Portanto, a manifestação de Deus é tanto de julgamento como de misericórdia, tanto de perseguição como de provisão de vida. O trono do julgamento foi transformado no trono da misericórdia pela missão de Cristo. Os querubins que estendiam suas asas sobre a área simbolizam como Deus usa seus agentes para guardar, proteger e glorificar o ministério de Cristo por parte da humanidade. A orientação e a proteção divina estão disponíveis àqueles que as buscam.
VII. Visão Crítica
Os críticos acreditam que Israel, ao fugir do Egito, e não sendo povo sofisticado em nenhum empreendimento científico, não teria tido o conhecimento nem os materiais necessários para construir uma estrutura religiosa como o tabernáculo mencionado em Êxodo. Até mesmo Salomão, na era dourada de Israel, dependeu de habilidades e materiais estrangeiros para construir seu templo (I Reis 5.1-6). As estatísticas enfatizam os argumentos. Ao avaliar aquilo que é dito no relato, estima-se que Israel precisaria ter disposto de
1.000 quilos de ouro; 3.000 quilos de prata e 2.500 quilos de bronze. O problema de transporte teria sido enorme. Ao responder a tais argumentos, os conservadores supõem que o desagrupamento dos egípcios poderia ter fornecido tal riqueza de materiais (ver Gên. 15.13-14; Êxo. 11.2; 12.35-36). Oráculos móveis impressionantes também foram relatados no tangente a certas tribos arábicas que vagueavam pelo deserto. Acredita-se que o tabernáculo ”idealista” dos críticos é o “histórico” dos conservadores. Quanto à mão de obra, é lógico supor que poucos israelitas que haviam passado toda a vida no Egito tivessem sido treinados naquele local como artesãos, portanto haveria conhecimento suficiente para fazer o trabalho do tabernáculo.