Targum — Estudos Bíblicos

Targum — Estudos Bíblicos

Targum — Estudos Bíblicos




TARGUM

I. Nome
II. Caracterização Geral
III. Targuns de Várias Porções das Escrituras
IV. Usos dos Targuns

I. Nome
Targum é a palavra hebraica que significa “tradução”, mas na prática traduções, paráfrases e comentários do Antigo Testamento têm sido assim chamados. Aplicando o sentido amplo do termo, o mais importante dos Targuns foi a Septuaginta ou a versão grega da Bíblia hebraica.

II. Caracterização Geral
Os Targuns tinham o objetivo de beneficiar no exílio os judeus que haviam esquecido o hebraico ou que tinham pouca habilidade com ele. Este foi certamente o caso da Septuaginta que serviu aos judeus da Diáspora. Mas essas traduções também eram muitas vezes paráfrases e comentários daquele texto iluminado, não meramente traduções. Os primeiros Targuns estavam em aramaico. Então veio a poderosa Septuaginta, o Targum (tradução dos Setenta que era assim chamada, pois, presumivelmente, era o trabalho de setenta estudiosos judeus da Alexandria). Outro Targum grego foi o de Áquila do segundo século A.
C. Ele foi um prosélito da fé hebraica que nutria grande interesse na Bíblia hebraica e queria compartilhar dela com o dovo que faiava greto. Em um momento posterior, sua tradução foi vertida para o aramaico e tomou-se, por um período, o texto oficial na Babilônia. Mais tarde o trabalho dele também foi empregado na Palestina nara ajudar aqueles que conheciam pouco hebraico clássico para compreender sua própria Bíblia. Essa tradução foi o Targum Onkelos.
O uso mais restrito deste termo se refere a um grupo de traduções aramaicas do Antigo Testamento Na prática, essa definição mais restrita passou a dominar os estudos da Bíblia e é aquela que é empregada no restante deste artigo. O fenômeno do Targum ilustra uma verdade óbvia a qualquer um que lida com literatura: trabalhos importantes apenas podem cumprir com seu potencial quando são traduzidos e disponibilizados a outros povos.

III. Targuns e Várias Porções das Escrituras
Antes da época de Cristo, o aramaico passou a ser a língua comum da comunidade judaica e assim tomou-se necessário primeiro ler o hebraico (pois teria sido impossível para o povo abandonar sua Bíblia histórica) e então fazer com que uma segunda pessoa lesse o aramaico da mesma passagem que havia sido lida. Também eram fornecidas explicações, que incluíam paráfrases e comentários, e parte disso começou a integrar o Targum e a tradição. Até o final do segundo século
D. C., ou no início do terceiro, em muitas sinagogas, foi abandonado o serviço duplo, que consumia muito tempo, usava-se apenas a versão em aramaico, sendo esse o idioma que o povo compreendia. Esse foi o equivalente ao abandono, por parte da Igreja Católica Romana, da missa em latim. Em locais fora da Palestina, onde outros idiomas eram falados, os Targuns deixaram de ser usados nos cultos, e outros idiomas eram usados para explicar as Escrituras por homens que, em particular, continuavam a usar os Targuns. Esse “modernismo” horrorizou muitos rabinos que continuavam a estudar o Antigo Testamento em seu idioma original e as traduções e paráfrases em aramaico.
1. Do Pentateuco. O Targum de Onkelos era o mais conhecido dos Targuns daquela parte das Escrituras. Originário da Palestina, cópias dele foram levadas à Babilônia. É mais literal (mais próximo ao hebraico) do que os Targuns que o seguiram. O trabalho contém, contudo, algumas idéias distintas e comentários que promovem a interpretação messiânica de Gên. 49.10 e Núm. 24.17 e existe em número relativamente grande de cópias.
2. Dos Profetas. O melhor desses é aquele atribuído a Jônatas Ben Uziel, estudante do famoso rabino Hilel. Depois houve aquele chamado de Pseudo-Jônatas, que também continha o Pentateuco. Esse trabalho posterior fornece uma interpretação messiânica das passagens do Servo do Senhor de Isa. 52.13 - 53.12, mas declarações que se referem a seu sofrimento são excluídas, ou se faz com que elas se relacionem a Israel, não a seu Messias (o próprio Servo).
3. Da Hagiografia. O termo Hagiografia (do grego, para escritos sagrados) aplica-se à terceira seção do Antigo Testamento, sendo a primeira a lei, e a segunda os profetas. A terceira seção inclui o seguinte: Salmos, Provérbios, Jó, Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e I e II Crônicas, totalizando 13 livros. Os Targuns que tratam desses livros são um tanto recentes, mas alguns deles, ou partes deles, podem remeter a outros mais antigos que agora estão perdidos. O Talmude refere-se a um Targum sobre Jó que não existe hoje. Parece ter surgido durante o primeiro século A. C. Um fragmento de tal Targum (não necessariamente aquele mencionado pelo Talmude) estava entre os manuscritos descobertos em Qumran. Ver os artigos Mar Morto, Manuscritos (Rolos) de na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia e neste Dicionário.

IV. Usos dos Targuns
1. Os textos dos Targuns muitas vezes são livres demais para ser de uso para crítica textual. Isto é, eles não podem ser usados com muita freqüência para ajudar a determinar as leituras originais da Bíblia hebraica.
2. São úteis, contudo, para compreender a interpretação da Bíblia hebraica pelos rabinos que, através do século, ensinavam isso.
3. Embora contenham alguns erros históricos e anacronismos, às vezes os Targuns dão informações valiosas sobre os significados de antigas palavras hebraicas que de outra forma poderiam ter continuado desconhecidas a nós.
4. O maior serviço dos Targuns foi o de trazer o significado da Bíblia hebraica a povos que não mais falavam ou conseguiam ler c hebraico clássico (bíblico).
5. Os Targuns abriram ainda outra janela ao estudo do Antigo Testamento.