Teísmo — Estudos Bíblicos

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TEÍSMO

Tem sido provida uma descrição geral das muitas idéias sobre a pessoa de Deus e sobre como os homens chegam a saber algo acerca dEle. Ver o artigo intitulado Deus, em sua terceira seção, Conceitos de Deus, onde apresento as dezesseis idéias principais. Entre elas, aparece o teísmo.
Esboço:
I. A Palavra e Suas Definições
II. Contrastes com Outras Idéias
III. Idéias dos Filósofos
IV. Argumentos Teístas e a Existência de Deus
V. O Teísmo Cristão

I. A Palavra e suas Definições
Esse vocábulo vem da palavra grega theós, “deus”. Assim sendo, teísmo é a “crença em Deus, em algum deus, ou em deuses”, fazendo contraste com o ateísmo. Visto que essa não é uma palavra técnica, pode ser usada de várias maneiras. Porém, quase sempre entende a existência de algum poaer supremo, ou poderes supremos, usualmente concebidos(s) como uma(s) pessoa(s) que se revela(m) a Si mesma (s). O teísmo pode defender o monoteísmo (um só Deus), o politeísmo (muitos deuses), ou pode ser bastante vago, indicando “um deus ou deuses em algum lugar”.
Quase sempre a idéia envolve a crença de que os poderes divinos interessam-se pelas vidas humanas, com o intuito de recompensar ou punir, exercendo certas influências sobre o mundo dos homens. A idéia de uma divindade criadora, com freqüência, faz parte do teísmo, mas não necessariamente. Quase todos os conceitos teístas arrastam após si a idéia de obrigação moral diante do Poder Divino ou de poderes divinos.
Esse termo (juntamente com o adjetivo “teísta”) surgiu na Inglaterra, no século XVII, quando foi usado em contraste com “ateísmo” e “ateu”. Sem o termo, o conceito é tão antigo quanto as religiões humanas, as quais, por sua vez, são tão antigas quanto o próprio homem.

II. Contrastes com Outras Idéias
Podemos aquilatar melhor a força do teísmo contrastando-o com outros conceitos:
1. O teísmo indica a crença em poderes divinos; o ateísmo, por sua vez, nega a realidade desses poderes.
2. O teísmo ensina que os poderes divinos nutrem interesse pelos homens, intervindo na história humana, responsabilizando os homens por seus atos, recompensando-os ou castigando-os; mas o deísmo ensina que Deus divorciou-se de sua criação, deixando-a ao encargo das forças naturais, pelo que não se interessaria pelos homens e nem entraria em contato com eles, não os recompensando e nem os punindo, exceto indiretamente, através de leis naturais que continuam atuantes.
3. O teísmo pode incorporar o henoteísmo, pelo que podería haver muitos deuses, embora somente um deles entre em contato conosco, ao passo que os demais manter-se-iam indiferentes. O henoteísmo, pois, é uma forma de teismo.
4. O politeísmo, que assevera a existência de muitos deuses, também é uma forma de teísmo.
5. O teísmo usualmente ensina que existem evidências adequadas, de natureza prática, mística e racional, para provar a existência de Deus ou de deuses. Fazendo contraste com isso, o agnosticismo crê que apesar da existência dessas evidências, elas são inconclusivas, havendo contra-evidências (principalmente o Problema do Mal: vide), que deixam em dúvida qualquer pessoa que pensa.
6. O teísmo assevera que podemos e devemos falar sobre Deus e investigar a sua pessoa, pois tal investigação pode ser frutífera e é legítima. O positivismo, por sua vez, afirma que toda investigação metafísica é fútil e sem sentido, porquanto não disporíamos de meios ou de evidências para fazer tal investigação, já que dispomos somente de sentidos físicos que podem sondar coisas materiais, mesmo com a ajuda de máquinas e aparelhos.
7. O teísmo promove o dualismo, de acordo com o qual Deus e sua criação são diferentes: Deus pertencería a uma classe toda sua, e a criação não pertencería a essa classe. Em contraste, o panteísmo promove um monismo, de acordo com o qual Deus e o mundo seriam de uma mesma substância: Deus seria o cabeça de toda existência, e a existência seria o corpo de Deus.

III. Idéias dos Filósofos
1. Os termos “teísmo” e “teísta” apareceram no século XVII, o que também se deu com os vocábulos “deísmo” e “deísta”. Por algum tempo, o teísmo e o deísmo foram usados como sinônimos, o que continua sendo verdade no vocabulário de algumas pessoas. Porém, nesse mesmo século ou no século XVIII, foi estabelecida a distinção mencionada entre teísmo e deísmo. Ver também o artigo separado sobre o Deísmo.
2. O teísmo promove a idéia de um Deus ou de deuses, e essa divindade aparece, ao mesmo tempo, como imanente no mundo e transcendental ao mundo. Deus atua entre os homens. Usualmente, embora não necessariamente, o teísmo aparece associado a um Deus ou a deuses dotados de poderes criativos; a criação aparece como distinta de Deus, quanto à sua natureza.
3. No teísmo clássico, Deus aparece como Ser absoluto, possuidor de diversos ominis, como onipotência, onipresença, etc. No teísmo dipolar, Deus aparece como Ser absoluto, ao mesmo tempo imanente e transcendental. No teismo relativo, Deus não figura como um Ser absoluto, apesar de ser possuidor de grande poder. Segundo esse ponto de vista, Deus é finito, e não infinito. Poucos teólogos cristãos têm aceitado esse ponto de vista.
4. No teísmo evolucionário (John Fiske), o poder divino aparece por detrás do processo de evolução no mundo, por ser a sua causa.
5. No teísmo especulativo (Christian Weisse), faz-se a tentativa de ver Deus como um Ser absoluto, identificado como o Absoluto dos filósofos. Deus, de acordo com essa concepção, é uma Pessoa infinita; o homem aparece como uma pessoa finita e livre, que encontra o centro e a razão de sua existência na Pessoa infinita.
6. No teísmo ético (Sorley), um Deus finito é a origem de todos os valores humanos.
7. No teísmo moral (A.E. Taylor), acha-se uma prova da existência de Deus nas experiências morais. Ali, esse tipo de experiência faz parte essencial da existência humana.

IV. Argumentos Teístas e a Existência de Deus
Quase todos os teístas — embora não todos — escudam-se nos argumentos tradicionais em prol da existência de Deus. A idéia de que Deus está interessado no homem e manifesta-se na natureza e nas experiências místicas (algo comum ao teísmo) promove o meio ambiente intelectual, de acordo com o que os homens pensam ser capazes de dizer coisas significativas a respeito de Deus e asseverar a sua existência. No artigo intitulado Deus, apresentei grande número de argumentos em favor da existência de Deus. Ver sua quinta seção, onde apresentei vinte desses argumentos. A bem da verdade, o teísmo só pode aceitar a idéia da existência de Deus mediante a fé, usualmente com base nos Livros Sagrados e suas afirmações. Nem por isso o teísmo condena os argumentos teológicos, místicos, racionais, naturais e sobrenaturais em favor da existência de Deus.

V. O Teísmo Cristão
A fé cristã, em seu aspecto tradicional e conservador, oferece uma versão especial do teísmo, segundo se vê nos pontos abaixo:
1. Rejeita o politeísmo e o henoteísmo como variedades legítimas do verdadeiro teísmo.
2. Rejeita o politeísmo, o agnosticismo, o ateísmo e o positivismo.
3. Aceita a mensagem essencial dos Livros Sagrados cristãos, o Antigo e o Novo Testamentos.
4. Aceita a natureza (teologia natural) como uma abordagem válida, embora parcial, da teologia.
5. Ensina estar devidamente fundamentado sobre a ciência, a filosofia, a revelação (os Livros Sagrados), a natureza e, por que não, sobre a consciência e a intuição humanas, sempre sob a orientação da revelação divina.
6. Assevera que a existência de Deus pode ser aceita com base na revelação, ainda que também respeite os argumentos filosóficos tradicionais, bem como as evidências colhidas na natureza criada.
7. Sua ética alicerça-se sobre a idéia de que Deus revelou a sua vontade aos homens, e que eles são responsáveis diante dele por sua conduta. A aprovação ou desaprovação divina aquilatarão todas as prestações de contas morais. Deus é o autor da ética, e não o homem.
8. O cristianismo ortodoxo aceita a visão trinitariana da deidade. Porém, é mister reconhecer que as explicações trinitarianas populares equivalem ao triteísmo, o que é apenas uma forma de politeísmo. Ver os artigos Trindade; Tríades e Triteísmo.
9. Ao rejeitar o deismo (vide), o teísmo cristão promove o conceito de um Deus imanente, interessado nos homens, que intervém na história humana, que garante a imortalidade das almas e que julga ou recompensa as almas, após a morte biológica.
10. O teísmo cristão assevera a validade da missão salvaticia de Cristo, como realização especial de Deus entre os homens.
11. O conceito de um Deus pessoal é importante para essa forma de teísmo, onde figuram os atributos tradicionais de Deus como um Ser onipotente, onipresente, onisciente, que tudo sabe, que é completamente santo, etc. 0 amor de Deus é enfatizado; o termo “amor” é o único dos atributos divinos que pode servir como um dos nomes de Deus. Foi o amor de Deus que inspirou e orientou a missão terrena do Filho.