Vento — Estudos Bíblicos

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VENTO

Temos a considerar uma palavra hebraica e três palavras gregas, quanto a este verbete, isto é:
1. Ruach, “vento”. Esse vocábulo hebraico aparece por um total de trezentas e setenta vezes, com o seu sentido principal de “espírito”, além do outros. Com o sentido de “vento”, aparece por noventa e uma vezes, desde Gên. 8:1-Zac. 5:9.
2. Ánernos, “vento”. Essa palavra grega ocorre por trinta vezes no Novo Testamento: Mat. 7:25,27; 8:26,27; 11:7; 14:24, 30,32; 24:31, Mar. 4:37, 39,41; 6:48,51; 13:17; Luc. 7:24; 8:23,25; João 6:18; Atos 27:4,7,14,15; Efé. 4:14; Tia. 3:4; Jud. 12 e Apo. 6:13; 7:1.
3. Pneuma, “espírito”, “vento”. Com o sentido de vento, figura apenas por uma vez, em João 3:8, nas famosas palavras de Jesus a Nicodemos, pois, cortamente, o trecho emprega um jogo de palavras: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”.
4. Pnoé, “vento”. Palavra grega usada somente por duas vezes, em todo o Novo Testamento: Atos 2:2 e 17:25.
O termo hebraico ruach é cognato do ugarítico rh, que algumas autoridades pensam ser oriunda da raiz rwh, embora isso seja duvidoso, pois o cognato fenicio é apenas rh. O sentido dessa raiz é difícil de determinar, embora muitos estudiosos aceitem “sopro” ou ”brisa”. É uma palavra usada para indicar qualquer agitação ou movimento do ar, seja pela força de alguma tempestade, como em Osé. 13:15, seja pela respiração do homem, como em Jó 9:18. A distribuição dialética de vocábulos para indicar “sopro”, nos idiomas semíticos, exibe um padrão bastante confuso, com muitas expressões idiomáticas. No tocante ao volume do Antigo Testamento, é interessante observar que essa palavra hebraica, ruach, fez-se totalmente ausente, ao passo que é muito freqüente, em outros livros daquela coletânea. Em um sentido derivado, esse termo hebraico também indica ”vaidade”, em um sentido metafórico, algo tão sem substância quanto o ar, conforme se vê em Jer. 5:13.
A mais difícil ocorrência do termo hebraico ruach encontra-se em Gênesis 1:2. Tradicionalmente, essa passagem tem sido vinculada ao trecho de Gênesis 8:1, mas, sem qualquer razão verdadeira. Em nossa versão portuguesa, essas passagens dizem, respectivamente: ...o Espirito de Deus pairava por sobre as águas”, e: “...Deus fez soprar um vento sobre a terra, e baixaram as águas”. E claro que as duas passagens não estão falando sobre uma mesma coisa. Antes, a ligação de Gênesis 1:2 é com Jó 33:4, onde lemos: “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-poderoso me dá vida”. Gênesis 1:2 e Jó 33:4 indicam atividades divinas, pelo Santo Espírito.
No Novo Testamento, o termo principal é ánemos, termo grego que corresponde à palavra portuguesa “vento”. Essa é a palavra que a Septuaginta usa para traduzir o termo hebraico ruach, em cerca de cinqüenta ocorrências, quase exclusivamente quando descreve fenômenos naturais. Pneuma, outra palavra grega, entretanto, também foi empregada como tradução de ruach, em duzentas e setenta e quatro citações. Explica-se isso facilmente, dizendo que ruach encerra os dois sentidos, que o grego desdobra em pneuma e em ánemos. Pneuma aponta muito mais para o “espírito”, ao passo que ánemos indica muito mais o “vento”.
Usos Simbólicos. É fácil compreender como o vento é usado ilustrativamente para muitas idéias de cunho espiritual, visto que, embora invisível diretamente para o olho humano, seus efeitos são perfeitamente perceptíveis. Podemos perceber treze desses usos ilustrativos do vento.
As operações do Espirito de Deus (Eze. 37:9; João 3:8; Atos 2:2).
A vida humana (Jó 7:7).
Os discursos dos desesperados (Jó 6:26).
Os terrores que perseguem a alma humana (Jó 30:15).
As imagens de escultura (Isa. 41:29).
A iniquidade, que conduz à destruição (Isa. 64:6).
As falsas doutrinas (Efé. 4:14).
Os ímpios, sob a forma de palha tangida polo vento (Jó 21:18, Sal. 1:4).
Os que se jactam de dons falsos, sob a forma de vento sem chuva (Pro. 25:14).
Os juízos de Deus (sob a forma de vento destruidor) (Isa. 27:8; 29:6; 41:16).
A maldição do pecado (sob a forma de ventos semeados) (Osé. 8:7).
As vãs esperanças (sob a forma de vento como alimento) (Osé. 12:1).
Ás expectações que não se cumprem (Isa. 26:18).
Ver também o artigo Clima. E também outros vinculados a este, como Tempestade, Tufão, Pé-de-Vento, Redemoinho, etc.