Estudo sobre Jeremias 11
Jeremias 11
7) Quarta mensagem: a aliança (11.1 —12.17)
a) A aliança é anunciada
(11.1-8).
Judá recebe a advertência da necessidade de obedecer à aliança
que Deus deu a seus antepassados, senão as maldições de julgamento que a
aliança continha, prefigurando o castigo sobre os desobedientes, seriam
anunciadas e executadas. A expressão desta aliança (v. 2) pode
ser uma referência geral à aliança feita no Sinai (v. 4), embora a maioria
dos comentaristas argumente que seja ao livro da lei (geralmente, mas não
seguramente, identificado com Deuteronômio) descoberto por
Hilquias durante o reinado de Josias e transformado em base da sua
reforma, c. 621 a.C. (2Rs 22 e 23). Alguns datam essa profecia do
reinado de Jeoa-quim, antes da derrota dos egípcios diante dos babilônios
em Carquemis, em 605 a.C.
v. 2-5. A antiga aliança
sinaítica exigia renovação constante, como, e.g., no caso de Josias (2Rs
23.2,3). Como todas as alianças e tratados do Oriente Médio, ela
contém maldições para os desobedientes (v. 3) e promessas de bênçãos
para os obedientes (v. 5); surgiu de uma situação histórica específica (v.
4, eu os tirei do Egito)', o seu propósito principal foi um
relacionamento estável segundo a lei entre o suserano e o vassalo 0vocês
[...] meu povo, e eu [...] seu Deus). A ratificação era
feita por consentimento público, Amém, e por meio da ação
concordante com as estipulações alistadas na aliança (v. 5). v. 4. A fornalha
de fundir ferro se tornou símbolo do sofrimento na escravidão (Dt
4.20; lRs 8.51; Is 48.10). v. 5. uma terra onde manam...-,
parte da aliança original que é mencionada fora do Pen-tateuco somente aqui,
33.22 e em Ez 20.6,15. v. 6-8. A aliança exigia constante
proclamação das suas exigências de obediência e dos perigos da
deslealdade. Enquanto Deus sempre havia cumprido suas promessas dadas com
juramento (a terra que vocês hoje possuem), o povo tinha
negligenciado as suas (v. 5,6). v. 6. Nada consta em outros textos acerca
de uma missão de pregação de Jeremias fora de Jerusalém, v. 7,8.
Esses versículos são abreviados pela LXX para “e mesmo assim eles não
obedeceram”. Visto que as palavras (v. 6) foram violadas por meio de
apostasia, nada restou, a não ser a implementação da maldição anunciada
sobre o malfeitor.
b) A aliança é violada
(11.9-17).
Deus já está vendo que, apesar da recente cerimônia pública, e
apenas temporária, de renovação da aliança sob Josias, há uma conspiração para
se rebelar e voltar aos antigos caminhos da idolatria (v. 9,10). O povo
desprezou a sua história. O juízo é infligido tanto por Deus quanto
por eles mesmos, de modo que é um ato hipócrita orar a Deus por livramento
ou entrar no seu templo para adorar (v. 14,15; cf. 7.16). v. 12,13. Os que não
são deuses não poderão ajudá-los, apesar da sua grande quantidade e dos
santuários e altares nas ruas que você construiu para queimar incenso
àquela coisa vergonhosa chamada Baal. Mais de 880 altares desses
são atestados na Babilônia contemporânea, v. 15. O hebraico é obscuro: “O
que o meu amado vem fazer no meu templo quando realiza maquinações
abomináveis? [...] você vai se alegrar quando vier o desastre?” O ritual
não é proteção na época da catástrofe. O plano de Deus para o seu povo (oliveira
verdejante, v. 16) amado (v. 15) era muito diferente. A alusão aqui é
à queima intencional da oliveira quando se torna infrutífera (cf. Jo
15.2,6; Rm 11.17).
c) As tramas contra o
profeta (11.18—12.17).
Nesse antegosto da oposição, Jeremias teria de enfrentar
a linguagem que faz eco de Is 53. v. 18-23. Embora
estivesse involuntariamente em perigo, como um cor-duro errante,
Deus lhe diz o que está por vir (v. 19). Pode ser que o profeta fale primeiro (v.
18,19a), depois o povo (v. 19b), depois Deus (v. 21,22). Na trama
maquinada por parentes e vizinhos para matá-lo, Jeremias prefigura Cristo, que
disse que um profeta não tem honra na sua própria terra e que os inimigos
de um homem serão os de sua própria casa (Mt 10.36). Observe as
semelhanças: (1) o sofrimento como de um cordeiro (v. 19); (2) a sua vida
sendo perseguida por homens de sua própria cidade; e (3) a mensagem
rejeitada.
A oposição em
Anatote pode, em parte, ter um fundamento histórico. Os sacerdotes da casa
de Abiatar foram depostos e, em seu lugar, foram colocados e estabelecidos
ali os filhos de Zadoque sob o domínio de Jerusalém (lRs 2.26ss). Além
disso, o profeta deve ter apoiado a supressão do seu santuário local durante
as reformas de Josias. O apelo para uma vingança divina (v. 20) não
está baseado tanto em razões pessoais (cf. SL 139.19-22) quanto
numa vindicação da mensagem de Deus por meio do seu mensageiro (v. 21).
Isso foi prometido (v. 21-23) e se cumpriu no ataque posterior dos
babilônios, v. 19. a árvore e a sua seiva: ou alimento (algumas
versões trazem “e seu fruto”). O Targum interpreta isso como “coloquemos
veneno na sua comida”, v. 23. Cf. Ed 2.23, que mostra que 128
pessoas retornaram a Anatote após o exílio.Índice: Jeremias 1 Jeremias 2 Jeremias 3 Jeremias 4 Jeremias 5 Jeremias 6 Jeremias 7 Jeremias 8 Jeremias 9 Jeremias 10 Jeremias 11 Jeremias 12 Jeremias 13 Jeremias 14 Jeremias 15 Jeremias 16 Jeremias 17 Jeremias 18 Jeremias 19 Jeremias 20 Jeremias 21 Jeremias 22 Jeremias 23 Jeremias 24 Jeremias 25 Jeremias 26 Jeremias 27 Jeremias 28 Jeremias 29 Jeremias 30 Jeremias 31 Jeremias 32 Jeremias 33 Jeremias 34 Jeremias 35 Jeremias 36 Jeremias 37 Jeremias 38 Jeremias 39 Jeremias 40 Jeremias 41 Jeremias 42 Jeremias 43 Jeremias 44 Jeremias 45 Jeremias 46 Jeremias 47 Jeremias 48 Jeremias 49 Jeremias 50 Jeremias 51 Jeremias 52