Estudo sobre Jeremias 23

Estudo sobre Jeremias 23

Estudo sobre Jeremias 23



Jeremias 23

Uma palavra aos líderes do Estado (23.1-8). 
Embora em geral dirigido a todos os governantes (22.22), esse trecho pode muito bem conter uma mensagem específica para Zedequias (cf. 22.1-9), cujo nome “O Senhor é minha justiça/vindicação” tem semelhança (mas na pessoa dele não há o mesmo caráter) com o futuro Rei-Messias (v. 6, Yhwh sidqêntio Senhor ê a Nossa Justiça). Aqui Jeremias enxerga claramente o que está além da história imediata na época em que o Rei Ideal — o Verdadeiro Pastor — iria revogar todas as ações que marcam todos os falsos pastores (v. 2), destroem [...] dispersaram [...] expulsaram [...] não cuidaram dele (cf. 2.8; 10.21), e o que aconteceria depois é expresso pelos verbos: reunirei [...] trarei de volta [...] cuidarão deles para providenciar segurança e bem-estar para o seu povo (v. 3,4). Assim é prefigurada a obra do Bom Pastor pelo seu povo (Jo 10.1-18). Ao contrário do fraco Zedequias, o rei fantoche estabelecido por Na-bucodonosor da Babilônia, Jesus Cristo é um rei verdadeiro que governa de acordo com a escolha de Deus e da lei divina e que é ele mesmo considerado a nossa justiça (ICo 1.30, 31), e que também concede essa justiça (Ef 2.8) e o Espírito, que é o único a capacitar os homens a viverem de forma justa.
v. 5-8. A profecia messiânica começa com “Vejam, o tempo está chegando”, que Jeremias usa 16 vezes para introduzir a mensagem que promete esperança para o futuro. O Renovo é o título do Messias como o Rei final da linhagem davídica (33.15) que será um com o próprio Deus (Is 4.2); Homem e Servo (Zc 3.8; 6.12). Descreve o novo rebento que surge num tronco de árvore cortada (Is 11.1,5). Ele vai reunir o povo (v. 8) como somente Cristo pode fazer por meio do sangue da sua nova aliança que faz do ideal do Sinai uma realidade. A partir daí, o Senhor seria lembrado mais pela sua obra de conduzir o novo “êxodo” (cf. Lc 9.13) que vai ofuscar o êxodo anterior do Egito. A restauração do exílio na Babilônia é pequena em comparação com a restauração maior do exílio do pecado.
Uma palavra para os líderes religiosos (23.9-40). 
A queixa de Jeremias (v. 9,10) é fundamentada legitimamente na concepção correta tanto da santidade de Deus quanto da falha dos falsos profetas. Esta é explanada como (1) a corrupção de vida com a sua conse-quente anarquia afetando a lei e a terra (v. 9, 15); (2) a corrupção da palavra e da mensagem; quando comparada com a palavra de Deus, isso conduz ao (3) juízo inevitável dos falsos profetas (v. 16-22) por falsamente afirmarem ser o porta-voz da palavra de Deus (v. 23-40).
v. 9-15. lanrtbinn pode ser traduzido por Acerca dos, “a respeito dos” ou “contra os” profetas, mas pode também ser um título curto (cf. 48.1; 49.1). A queixa é apoiada por Deus, que fala a Jeremias e a todo o povo. Os profetas de Judá que se consideravam tão justos e corretos condenaram os profetas de Israel por causa de suas orgias pagãs dedicadas a Baal e que haviam sido castigadas pela pilhagem de Samaria. Esses profetas parecem não ter percebido que até no templo de Jerusalém (v. 11) rituais pagãos estavam sendo praticados e a idolatria (adultério, v. 14) era tolerada, e práticas ilegais eram seguidas, e que essas práticas já os tornavam condenados e preparados para a destruição repentina que viria sobre eles, semelhante à que sobreveio a Sodoma e Gomorra.
v. 16-40. Esse é um trecho crucial por nos dar a compreensão da natureza da verdadeira e da falsa profecia. Exteriormente, pouco as distingue. Mas o falso profeta (1) torce a sua mensagem para amoldá-la ao que as pessoas querem ouvir e não faz exigência moral alguma; com otimismo infundado, ele promete paz àqueles que desprezam a palavra de Deus e livramento da ira divina àqueles que insistem em trilhar o seu próprio caminho e resistem à revelação de Deus (v. 17); (2) usa frases convencionais reivindicando autoridade divina (v. 21,31,34), mas não tem comissão ou experiência de primeira mão para compartilhar (v. 22,30) e não tem um estilo de vida que se harmonize com sua mensagem (v. 22); (3) é aquele cuja inspiração é dele mesmo e não vem de Deus (v. 16,21,27,32). corações é o heb. lêb, “mente” (v. 17,26). Observe que os sonhos (v. 25) não são condenados em Sl mesmos como meio de revelação e eram usados também por Deus (e.g., Gn 37.5ss; Dn 2.3ss). Ideias que têm origem na própria pessoa são condenadas. O falso profeta não esteve presente no conselho de Deus (v. 18,22, a assembleia consultiva de lRs 22.19ss) sendo essa palavra usada com referência à conversa íntima e à comunhão (SL 55.14). Esses profetas podem ser testados pelos resultados, as mentiras fazem os homens esquecer o nome de Deus (v. 27, natureza, fama) e os homens, como resultado desse ato, sem benefício algum (v. 32). Esses homens não foram comissionados (v. 21-32) e não podem ser ouvidos, eles são profanos (v. 11).
Em contraste com isso, o verdadeiro profeta é descrito da seguinte forma: (1) ele aprende diretamente do conselho íntimo de Deus (v. 18); (2) a sua mensagem é fielmente comunicada (v. 28) e sempre leva os homens a se arrependerem do mal (v. 22); (3) ele não evita a verdade da ira de Deus contra o pecado (v. 19-22). A palavra de Deus sempre é eficaz, sendo nutritiva como o trigo, purificadora como o fogo e poderosa como um martelo (v. 29). v. 30-32. O Deus onipotente e onisciente (v. 23,24) observa o abuso e a distorção do seu nome e faz uma declaração tríplice, bem fundamentada, da razão de ele se posicionar contra os falsos profetas (v. 30, 32). O julgamento que faz deles (v. 33-40) baseia-se no significado duplo de mensagem pesada (massã), que é tanto uma declaração solene quanto um peso literal, algo que é levantado (cf. v. 39) e carregado. A “declaração solene” especial é reservada para os homens a quem Deus confia a sua mensagem. Caso contrário, vai tornar sem sentido as palavras do Deus vivo (v. 36). O abuso do termo “oráculo” desvalorizou tanto o seu significado que deve ser evitado.

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