Estudo sobre Jeremias 25
Jeremias 25
O fim próximo (25.1-14).
A data dessa profecia tão importante que prediz o cativeiro de setenta
anos é dada com precisão. O vigésimo terceiro ano do ministério de
Jeremias, em que ele foi abertamente reconhecido como o profeta (v. 2;
cf. v. 1-5), coincidiu com a batalha decisiva de Carquemis em 605 a.C.,
quando Nabucodonosor II derrotou Neco II do Egito (46.2).
Embora ainda ignorada (v. 4), a mensagem do profeta é a mesma (v.
5-7). As consequências de os ouvintes rejeitarem a voz de Deus são
agora apresentadas como a falta de alegria, falta de provisão e de
inspiração (luz, v. 8-10). Tudo isso vai ser causado pelos
invasores babilônios (o “mal do norte”) e por suas tribos vassalas
conduzidas por Nabucodonosor, meu servo, usado pelo Senhor como seu
agente de juízo (v. 8; cf. 4.5ss). Contudo, com a advertência do
julgamento vem uma nota de esperança no limite do tempo
estabelecido para o cativeiro (v. 11), embora setenta anos já
indicasse que poucos (se é que haveria alguns) voltariam. O período se
encerrou c. 536 a.C. com o retorno dos exilados após o decreto de
Ciro ordenando a volta algum tempo depois de ele derrotar a Babilônia
em outubro de 539 a.C.
Esse capítulo ilustra ainda
mais a forma em que Deus fala a seu povo. Em primeiro lugar, por meio da
palavra dos seus porta-vozes (v. 1-7), correspondente à revelação
na Bíblia e à proclamação por meio da pregação. Depois por meio da
história contemporânea. Com frequência, ideias infundadas e imaginárias de
segurança são lançadas por terra com a lição do julgamento. No final,
os pecados de agentes pagãos usados na época por Deus (v. 12-14)
precisam ser julgados de acordo com os padrões de Deus na sua revelação
escrita (v. 15-38). v. 3. eu a tenho anunciado [...] dia após dia\
isso talvez explique o caráter repetitivo das palavras de
Jeremias, v. 7. Idolatria é confiar nas “obras de vossas mãos” (ARA)
(cf. v. 14). v. 13. A LXX insere modificações dos caps. 46—51 após a
primeira parte desse versículo e faz do v. 13b o título das profecias às
nações (i.e., omite o v. 14; v. Introdução).
O cálice da ira
(25.15-29).
Essa seção introduz as profecias contra as nações citadas
(25.15-38). O escopo da ira do Senhor inclui todas as nações, começando
com Jerusalém e Judá e alcançando depois todos os reinos da face da
terra (v. 18-26). O cálice inebriante como símbolo da ira divina é
usado por Jeremias (13.12,13; 49.12), Isaías (51.17,22), Zacarias (12.2) e
pelo salmista (75.8) e tem sido comparado com o antigo julgamento por
ordálio (cf. Nm 5.19-27; Is 51.17). Todos os lugares e pessoas mencionados
(omitindo Damasco, 49.23,24) são objeto de profecias especiais nos caps.
46 —51. Depois de Judá, a lista agrupa lugares afetados diretamente
pelas campanhas babilónicas (e.g., Egito em 601 a.C. e Dedã, Temá e Buz na
Arábia Central — todos mencionados em inscrições contemporâneas). o
povo que restou em Asdode (v. 20) é assim denominado porque a cidade
havia sido saqueada por Psamético I do Egito uma década antes. O julgamento
vindouro é inevitável para todos (v. 27-30). v. 15. Vinho e embriaguez são
com frequência usados como ilustração de cambaleio quando sob
julgamento, v. 20-26. todos os reis dos...: essa frase
repetida fez alguns comentaristas rejeitarem esses versículos como
acréscimos posteriores, mas esse tipo de frase ocorre em textos
históricos contemporâneos, v. 26. Sesaque (TM: sesak) em
geral é considerado um criptograma invertido em hebraico equivalente a
Babel (usando A=Z, B=X etc.); pode também ser um nome mais antigo da
própria Babilônia.
Destruição
universal (25.30-38). Em trechos poéticos distintos que reiteram as advertências (v. 30-32) e descrevem os horrores inescapáveis da destruição por vir (v. 34-38), Jeremias ressalta com ousadia tanto a acusação do Senhor, o Juiz de toda a terra, contra todas as nações e indivíduos em virtude de sua iniquidade (v. 31), quanto a fúria da ira divina (v. 37,38). O barulho de tudo isso é associado aos gritos de guerra dos guerreiros, mesclados aos gritos de homens pisando uvas cor de sangue (cf. Is 63.1). Os corpos das vítimas serão espalhados no chão como esterco (v. 33). Os líderes {pastores) serão como “carneiros selecionados” (nota de rodapé da NVI; heb. ke’êlê), que talvez seja melhor no contexto do que como vasos finos (TM: kit lí). Tudo isso acontece em virtude da espada devoradora (que tudo consome) do Senhor e do fogo da sua ira (v. 37,38).
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