Estudo sobre Jeremias 27
Jeremias 27
Tramando a rebelião
(27.1-11).
Os caps. 27—29 (com muitas variantes na LXX) ampliam o
cap. 23 e estão relacionados aos dias de Zedequias (i.e., depois de 597
a.C.). Algumas características literárias têm sido observadas: e.g.,
o acréscimo de profeta ao nome de Jeremias, talvez em contraste
com os muitos falsos profetas. Aqui ele tenta mostrar que tramar contra os
poderosos babilônios não teria nenhuma vantagem. A respeito disso, ele
fala aos embaixadores dos cinco vizinhos mais próximos de Judá que
estavam visitando a corte de Zedequias naqueles dias (v. 1-11), ao
próprio rei Zedequias (v. 12-15), aos sacerdotes (v. 16-22),
aos profetas (28.1-16) e aos judeus no exílio (29.1-32).
De acordo com a Crônica
Babilônica de 595 a.C., Nabucodonosor permaneceu na Babilônia em virtude
da deflagração de uma revolta local, embora a certa altura os
líderes desse movimento foram presos e executados. No Egito, Neco II havia
morrido em 594 a.C. e sido substituído por Psamético II, que por sua
vez estava engajado numa guerra contra a Etiópia. Ideias de uma
coalizão anti-Babilônia, semelhante à anteriormente centralizada em
Ezequias contra a Assíria, podem ter atraído Edom, Moabe, Amom, Tiro
e Sidom para se encontrarem com Zedequias no ano seguinte. Jeremias
aproveita a oportunidade para fazer uma demonstração, usando um jugo
típico da escravidão como era imposta pelos babilônios, e para se dirigir
aos embaixadores advertindo-os contra tais planos. Ele não
argumenta com base nas conveniências políticas, mas na palavra e no poder
soberanos do único Deus de Israel que já planejou entregar as suas nações
(v. 6; LXX: ”a terra”) nas mãos dos babilônios. Os detalhes são
apresentados nas diversas profecias dos caps. 47—49. Observe como em todo
o texto Nabucodonosor está sob o controle de Deus (v. 6, meu
servo; cf. 25.9), apesar do seu aparente poder não mediado — mas o
tempo do seu próprio castigo virá (v. 6,7). Os profetas pagãos, os adivinhos,
intérpretes de sonhos, astrólogos e feiticeiros (cujos
contemporâneos na Babilônia são bem atestados em diversos documentos; cf. 29.8)
consultaram os seus deuses locais, mas não são confiáveis. Isso está
em concordância com a posição do AT em geral segundo a qual eles
produzem ”mentiras”. Esses métodos são proibidos pela lei e são
distorções dos verdadeiros meios de se conhecer a vontade de Deus. v.
1. ”Jeoiaquim” (ACF) não se encaixa no contexto; assim, em vista de 28.1 e
outros manuscritos hebraicos, da Versão Siríaca e de Aquila, parece que Zedequias
é a melhor leitura (como na NVI).
Uma
palavra para Zedequias (27.12-15). A mensagem ao rei é
semelhante, mas deve ter exigido coragem estimular a contínua subordinação de
Judá à Babilônia em vista da política real da época e da linha
mais popular adotada pelos muitos falsos profetas. Mais uma vez,
estes são marcados pela falta de comissionamento divino, pela reação
à situação predominante semelhante às reações dos pagãos, pelo
encorajamento à resistência às fases da história estabelecidas por Deus e
pelos seus resultados. Eles serão atingidos pela condenação de que queriam
fugir por meio das suas mentiras.
Uma palavra aos sacerdotes e ao povo (27.16-22). Um dito
corrente entre esses mesmos falsos profetas era que os utensílios do templo
levados com Joaquim (Jeconias) para a Babilônia em 597 a.C. logo
seriam devolvidos, e isso significaria a rápida restauração dos exilados e
do templo. Prova-se que isso é mais uma mentira. Jeremias reforça a sua
mensagem anterior e afirma que a preocupação deveria ser com os fatos
imediatos, e que uma revolta causaria mais uma invasão babilônica e a
remoção do restante dos utensílios do templo. Os objetos maiores e menos
móveis haviam sido deixados quando os utensílios menores tinham
sido pilhados no primeiro ataque. De fato, todos os tesouros do
templo foram retirados em 587 a.C. (v. 22; 52.27; cf. 2Rs 25.13-17),
mas depois trazidos de volta como havia sido predito (Ed 1.7,8). Essa
profecia específica é combinada com mais uma palavra de esperança em uma
restauração futura (v. 19-23). v. 18,19 não são contraditórios ou
irônicos, porque o arrependimento ainda pode impedir a expressão da ira
divina. Observe como um verdadeiro profeta como Jeremias
estava preparado para encarar o veredicto da história.Índice: Jeremias 1 Jeremias 2 Jeremias 3 Jeremias 4 Jeremias 5 Jeremias 6 Jeremias 7 Jeremias 8 Jeremias 9 Jeremias 10 Jeremias 11 Jeremias 12 Jeremias 13 Jeremias 14 Jeremias 15 Jeremias 16 Jeremias 17 Jeremias 18 Jeremias 19 Jeremias 20 Jeremias 21 Jeremias 22 Jeremias 23 Jeremias 24 Jeremias 25 Jeremias 26 Jeremias 27 Jeremias 28 Jeremias 29 Jeremias 30 Jeremias 31 Jeremias 32 Jeremias 33 Jeremias 34 Jeremias 35 Jeremias 36 Jeremias 37 Jeremias 38 Jeremias 39 Jeremias 40 Jeremias 41 Jeremias 42 Jeremias 43 Jeremias 44 Jeremias 45 Jeremias 46 Jeremias 47 Jeremias 48 Jeremias 49 Jeremias 50 Jeremias 51 Jeremias 52