Estudo sobre Jeremias 31
Jeremias 31
A
restauração por meio da nova aliança (31.1-40). Todo esse capítulo pulsa fortemente
com a grande esperança da restauração de todo o povo de Deus. v. 1-6.
A aliança, resumida em 30.22 e esboçada em 31.31-34, é exposta de tal
forma que inclua todas as famílias de Israel (v. 1). Essa é a resposta à
proclamação real de 3.12; Israel será proeminente entre os que voltarem. O
cativeiro de Israel e as deportações de Samaria serão considerados passado
(exílio) e serão lembrados como mais uma experiência de deserto
(cf. Os 2.14-16; 11.4). A maldição será removida, e a terra será frutífera
como no início (contraste com Dt 28.30,39), e os indivíduos vão desfrutar dos
resultados do seu trabalho. O cisma entre Israel {Efraim) e
Judá (possivelmente também uma referência aos samaritanos e judeus,
v. 5,6) será curado. Aqueles virão a Jerusalém para se unir a Judá em
adoração no templo de Jerusalém. Alguns descendentes do Reino do Norte
podem bem ter retornado com o grupo da Babilônia; outros haviam
permanecido na terra (Ed 6.21). Não há fundamento para interpretarmos
essa restauração como somente dos descendentes da diáspora de Israel. Um
cumprimento final e mais amplo na nova Jerusalém (e portanto na igreja) é
prefigurado.
A nova aliança, como
a antiga, está fundamentada no favor divino (v. 2) e no amor (v.
3), como é detalhado nos v. 31-34. Ela vai capacitar os que são incapazes
de fazer progresso pelos seus próprios esforços a fazer isso por meio da
capacitação divina (v. 8). O caminho para casa é descrito como
arrependimento constante (v. 9). A nação restaurada será cuidada pelo bom
Pastor (v. 10; cf. Is 40.11), e provisão farta
estará disponível para os sacrifícios (v. 14). Esse amor leal de
Deus será testemunhado pelas nações mais distantes (v. 10-14) ao verem
como o mesmo Deus que espalhou agora está ajuntando, redimindo e
resgatando o seu povo (v. 11). v. 2, 3. O heb. é obscuro; cf. a
RV, que se queixa de que o amor de Deus estava confinado ao passado
distante. A resposta é que ele é eterno (v. 3).
Raquel, a mãe de Benjamim e
José (e assim Efraim), é retratada como a que chora pelos seus filhos e
pela tentativa de destruição da linhagem prometida (v. 15). Mas agora ela é
confortada pela promessa do seu retorno (v. 16-22). Ramá (v. 15) é ou o
lugar a 8 quilômetros ao norte de Jerusalém perto de Anatote (Jo
18.25), ou o lugar de nome semelhante perto de Belém associado com o
assassinato das crianças ordenado por He-rodes na tentativa de matar o Messias
prometido (Mt 2.17,18). Foi em Ramá que os exilados foram reunidos antes
da deportação (40.1). Deus vai enxugar
todas as lágrimas (Ap 7.17). A menção de Raquel introduz a ideia da virgem
Israel (v. 21) como ainda a noiva amada de Deus (v. 3) que suplica
para ser levada de volta (v. 18). O v. 22 tem sido muito debatido: uma
mulher abraça um guerreiro (heb. “vai rodear”) talvez signifique “cortejar”,
em vez de uma situação paradisíaca em que uma fêmea (ríqêbãli) pode
proteger um homem vigoroso (geber). Uma interpretação tradicional
cristã é que o útero de uma mulher vai gerar (miraculosamente) um filho:
isso seria uma predição da encarnação de Cristo (cf. Gn 3.15; Is 7.14; Mt
1.23).
v. 23-30. A profecia dos v.
21-25 foi revelada num sonho (v. 26; cf. Zc 4.1). A bênção do Senhor estará
sobre aqueles que ele restaurar, pois eles serão justos, santos, diligentes e
ficarão satisfeitos (v. 23-25). Após a sua volta, a perda será compensada
por um crescimento rápido (v. 27,28). v. 27,28. Esses versículos lembram o
chamado de Jeremias, pois o Senhor ainda está vigiando (sõqêd)
a sua palavra para cumpri-la (1.11,12). v. 2830. O destaque no novo estado
será dado à responsabilidade individual, v. 29. Esse
era provavelmente um provérbio bem conhecido expressando um ceticismo
fatalista (cf. Ez 18.2).
31.31-37. A ideia de uma nova
aliança é formulada como tal pela primeira vez aqui. Vai unir povos
divididos (v. 31) — assim como faz com o AT e o NT. A lei vai ser vista
como graça. A compulsão da lei vai ser substituída pelo consentimento
voluntário do coração (mente, v. 33), pois a nova aliança é uma aliança do
Espírito, e não da letra (2Co 3.6). O efeito vai ser a realização do ideal
e do plano imutáveis de um relacionamento íntimo entre o Senhor e o seu
povo (v. 33). “Conhecer ao Senhor” (yãdac) significa a união e
ligação por meio da aliança (Ex 6.7; 7.5,17; Dt 7.9). Um indivíduo,
sem mediação humana, vai conhecer a Deus pessoalmente por meio
da remoção, por iniciativa de Deus, da barreira do pecado que separou
os seres humanos dele (v. 34): este é o Novo Testamento (Nova Aliança) que
entrou em vigor com a expiação de Jesus Cristo. Esse texto é citado em Hb
8.613; 10.14-18 e é aplicado à igreja. A garantia da aliança é a
fidelidade do Criador, cujas misericórdias nunca falham (v. 35-37; cf.
33.1922). Esse é um trecho clássico para a compreensão da natureza imutável do
Senhor como o Deus da ordem (exércitos) no céu e na terra. Isso faz parte
da essência do seu Ser como o Deus da lei e do amor. A sua aliança e o seu amor
são compatíveis.
31.38-40. Os pontos
mencionados identificam a extensão da cidade futura restaurada por Neemias e da
cidade eterna de Deus, a nova Jerusalém (Ap 21.9ss). A medição é feita em
relação ao norte (nordeste — Hananeel, noroeste — porta da
Esquina), possivelmente em relação ao leste e oeste (Garebe
e Goa são lugares desconhecidos) e ao sul. O vale de Hinom
(v. 40; cf. 7.31) ficava ao sul, onde lixo e cinzas de sacrifícios pagãos
eram depositados.
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