Estudo sobre Jeremias 49

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Jeremias 49

Amom (49.1-6)
Amom (a leste do rio Jordão e ao norte de Moabe) é condenado por avareza, especialmente quanto ao acúmulo de terras (cf. Gl. 6.8; Mt. 6.9ss). A parte norte de Hesbom até o rio Jaboque era ocupada por Gadeiy. 1; cf. Js 13.14 28) até quando os gaditas foram desalojados pela invasão assíria de 733 a.C. (2Rs 15.29). Amom, aqui personificado pela sua deidade principal Moloque (v. 1; o TM aqui traz malkãm, ”o rei deles”), se apossou de Gade (cf. Am 1.13) de forma semelhante a quando tentou se apossar de Judá em 587 a.C. (cf. 40.13-16). Assim, se faz a pergunta (v. 1): “Será que Israel não tem seus próprios filhos para que os amonitas tenham de tomar posse de parte dos seus territórios?”. Os amonitas eram considerados produto de incesto (Gn 19.38).
v. 2. Rabã dos amonitas'. heb. Rabbath-bnê-‘Ammõn\ a capital atual é Amã, na Jordânia (gr. Filadélfia), às margens do rio Jaboque, a 22 quilômetros a nordeste de Hesbom e a 38 quilômetros a leste do rio Jordão, pilha de ruínas-, heb. tel., povoados: o termo hebraico ”filhas” denota os povoados vizinhos dependentes da cidade, v. 3. por onde der. TM: baggderõt, os apriscos característicos da região (ARA: “entre os muros”). Ai não é conhecido senão como um lugar na região do Jordão e aqui pode ser vocalizado de outra forma para resultar em ‘i, “ruínas”, i.e., Hesbom na divisa com Moabe (48.2) “está prostrada em ruínas”, v. 4. seus vales: o heb. ‘amãqím sugere “sua força”. De novo, uma profecia termina com uma promessa de restauração (45.5; 46.26,27; 48.47; 49.39). Amom floresceu até o século II a.C. sob a família dos tobíadas e por meio do comércio com os nabateus.
Edom (49.7-22)
Edom, antes denominado Seir (Gn 22.3), estava situado ao sul de Moabe e a sudeste de Judá. Foi ocupado no início por Esaú e seus descendentes (v. 10). A tribo do norte e a capital Temã (v. 7; cf. Jó 4.1) receberam o nome do neto de Esaú (Gn 36.1). Estendia-se ao sul até Acaba e incluía muitas regiões rochosas e fortalezas, e.g., Bozra (v. 13), a atual Busaira, escavada recentemente c. 30 quilômetros a sudeste do mar Morto, e as fendas das rochas (v. 16), Petra, com o seu desfiladeiro conduzindo a Umm el-Buyara, uma cidadela e fortaleza de quase 400 metros de altura. Dedã (v. 8), atual al-‘Ulã, fica ao sul de Edom e era um próspero centro de caravanas mencionado nos textos babilônicos.
Todo o povo de Edom deve compartilhar da ira de Deus contra Israel. Se Israel tinha de beber o cálice, Edom certamente não poderia escapar dele (v. 12; cf. 25.15). Isso também foi predito pelos profetas contemporâneos Ezequiel (25.13) e Obadias (v. 1-6; paralelo aqui dos v. 14-16, 9,10, mas não é possível determinar qual profeta tomou emprestado de qual, se é que isso aconteceu). Edom no AT é caracterizado como Esaú por uma sabedoria arrogante (v. 7; Jó 2.11; 15.18; lRs 5.10) que leva um povo a desprezar Deus. O castigo por tal procedimento é tornar-se tolo e ser expulso da fortaleza rochosa em que eles confiam. Nenhum lugar ficará intacto (v. 10); não sobrará esconderijo nem ponta de esperança (como foi oferecida, e.g., a Moabe, 48.47). Embora a experiência de sua justiça produza viúvas infelizes e órfãos indefesos (v. 11), Deus, na sua misericórdia, vai cuidar deles (SL 68.5). A profecia se cumpriu quando Edom foi conquistado pelos nabateus no século III a.C. Os que fugiram para o sul da Judeia (Idumeia — o lugar de nascimento de Herodes) foram subjugados por Judas Macabeu (IMacabeus 5.65). v. 12. O cálice da ira de Deus (25.15,28) é um retrato vívido do juízo (Is 51.17; Ap 14.10). Isso levou alguns eruditos a datar essa profecia após a catástrofe em Jerusalém em 587 a.C. Os v. 17-22 estão em prosa (contra RSV); cf. 19.8 e 50.40; caps. 44—46. v. 18. Sodoma e Gomorra são o exemplo clássico da destruição que Deus causa a um povo pecador (cf. Gn 10.19; 14.2-8; Dt 29.23; Is 13.19; Jr 23.14; 50.40; Lm 4.6; Mt 11.23; Jd 7). v. 19. Que governante pode defender o seu povo e me resistir? v. 21. mar Vermelho-, melhor, mar de juncos (heb. yam sup), i.e., os pântanos próximos dos lagos Amargos.
 Síria (49.23-27)
O juízo vai se estender até o norte, onde Damasco, a capital de Arã (Síria) e os seus antigos aliados, a cidade-Estado de Hamate (Hamã), a 170 quilómetros ao norte, e Arpade (Tel Erfâd), a 150 quilômetros ao norte, com os seus governantes e deuses locais (2Rs 18.34; Is 10.9; 36.17), serão derrotados. Os babilônios sob Nabucodonosor fizeram isso em 595 e 594 a.C. (Crônica Babilónica). Em outro lugar, citam esses Estados como vassalos pagadores de impostos, assim como os assírios haviam anteriormente incorporado Arpade (738 a.C.), Damasco (731 a.C.) e Hamate (720 a.C.) no seu altamente desenvolvido sistema de províncias. A Síria tradicionalmente se aliava a Israel quando lhe era conveniente, e agora precisava compartilhar do juízo que este tinha sofrido, v. 23. NEB: ”lançados para cima e para baixo como o mar agitado”, v. 25. Isso parece ter sido dito pelos habitantes de Damasco, que hoje descrevem a sua cidade como um “paraíso”. O TM está bem traduzido pela frase enfática na NVI: Como está abandonada a ádade famosa. Não há necessidade de identificar Ben-Hadade (v. 27), visto que esse nome dinástico foi usado por ao menos três reis, sendo o contemporâneo de Acabe o mais notório entre eles (lRs 15.18; 20.1; 2Rs 6.24; 8.7; 13.3). v. 27. Cf. Am 1.4.
Os árabes (49.28-33)
Quedar no seu sentido mais restrito é uma tribo nômade no deserto siro-árabe, mas usado com frequência como um termo coletivo para denotar os beduínos em geral. Eram criadores de ovelhas em grande escala (Is 60.7) e arqueiros muito hábeis (Is 21.16,17), e alguns estudiosos os descrevem como símbolos dos que criticam e zombam do povo de Deus. Hazor (v. 30) provavelmente não é a famosa cidade do norte, mas uma referência aos árabes que vivem em povoados abertos (cf. v. 31), como sugere a palavra hãsêr e a LXX, distantes (v. 30, em cavernas profundas) no deserto. Serão roubados e pilhados de suas riquezas — tendas, utensílios e camelos (29.32). Jeremias adverte acerca de ataques iminentes contra eles — se o v. 32 é um chamado para os babilônios — ou seus ataques frustrados. A profecia se cumpriu no sexto ano de Nabucodonosor (599/8 a.G.) quando a Crônica Babilónica relata que o rei da Babilônia na Síria “enviou companhias e, açoitando o deserto, eles tomaram grande despojo dos árabes, suas posses, animais domésticos e seus deuses”. Os babilônios fizeram o mesmo em 581 a.G. v. 29. Será que Há terror por todos os lados era um grito de guerra comum da época? (cf. 6.25; 20.3,4,10; 46.5). v. 32. Nota de rodapé: o costume de cortar os lados do cabelo, comum entre os árabes, era proibido entre os judeus (Lv 19.27) por causar associações com ideias pagãs (cf. 9.26; 25.13).
Elão (49.34-39)
Essa breve profecia talvez fizesse parte de uma advertência a Zedequias para que não tomasse partido nas rebeliões que estavam se espalhando pelo império babilônico. De acordo com a Crônica Babilônica, Elão, o reino antigo a leste da Babilônia, atacou Nabucodonosor; mas, quando este avançou contra eles, o rei de Elão fugiu apavorado em 596 a.C., e no ano seguinte uma revolta interna na própria Babilônia foi suprimida. Os elamitas foram famosos durante muito tempo como arqueiros (35; 50.9; 25.25; cf. Is 22.6) que agiam contra os reinos do oeste (e.g., Gn 14.1ss) e assim são chamados de “militantes anti-igreja”. Foram dispersos entre outras nações pelos persas e medos, como também pelos babilônios (v. 36), e faziam parte das forças que ocuparam a Babilônia em 539 a.C. Não há evidência de que o próprio Nabucodonosor tenha entrado em Susã (Sushan), capital dos elamitas, como havia feito o seu homônimo Nabucodonosor I, c. 1100 a.C., e as forças da Assíria em 640 a.C. O trono estabelecido em Elão (v. 38) ou é o do juízo (cf. 1.15; 43.10), ou o TM pode ser vocalizado de outra forma, para resultar em “Tornarei desolado o trono de Elão”. v. 39. A recuperação do Elão pode ser atestada por At 2.9.

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