Estudo sobre Jeremias 50
Jeremias 50
Babilônia (50.1—51.64)
A longa profecia final é
relativa ao principal oponente do povo de Deus, a Babilônia — que representa o
sistema mundial que, por um lado, atrai e, por outro, persegue o
povo de Deus. Os caps. 17 e 18 de Apocalipse (paralelos aos caps. 50 e 51)
mostram que o espírito da Babilônia continua vivo. Alguns estudiosos têm
feito objeções à autoria de Jeremias dessas profecias com base em alguns
aspectos: (a) na época em que foram escritas (593 a.G., cf. 51.59,60), não
expressam o ponto de vista conhecido do profeta. Na época, ele estava
encorajando a submissão à Babilônia (caps. 27—29), enquanto aqui há
esperança de um final iminente da cidade e de um livramento repentino; (b)
a situação histórica considera o templo profanado (50.28; 51.11) e descreve os judeus
como estando no exílio (59.4,17; 51.34). Com base nesses e outros
aspectos, a maioria dos estudiosos data a profecia de c. 538 a.C. Contra
esses argumentos, precisamos reconhecer que
(1) esses
fatos são previstos e previsíveis; (2) embora repetidos (talvez, por questão de ênfase, a queda
do império da Babilônia é mencionada 11 vezes, a da cidade da Babilônia, 9
vezes, e o retorno de Israel, 9 vezes), o estilo e as citações são de
Jeremias. Os ditados também se assemelham bastante com as profecias
mais antigas de Isaías (caps. 13 e 14) e com partes de Ezequiel; (3) o
propósito da profecia é descrito expressamente como sendo de conforto para
aqueles que já estão no exílio em 593 a.C. ou que logo vão segui-los
(51.62); (4) o texto afirma que Jeremias é o autor (51.60).
a) A Babilônia vai cair
(50.1-20). A Babilônia é caracterizada por sua principal deidade (v.
2) Bei, “Senhor”, agora um título do deus Marduque, que,
junto com os seus meros “blocos de ídolos”, vai ser envergonhado. v. 1. Os
caldeus eram a tribo nativa que em 627 a.C., sob o comando de
Nabo-polassar, conquistaram a independência do jugo assírio e iniciaram a
famosa dinastia neo-babilônica (dos caldeus), que, sob o comando de seu
filho Nabucodonosor II (605—562 a.C.), dominou o Antigo Oriente até que a
Babilônia caísse diante da federação dos medos sob Ciro em outubro de 539
a.C. Esses são os inimigos do norte (v. 3,9) que são convocados a atacar a
Babilônia (v. 14-16) agora condenada (v. 11-13). A Babilônia
vai sofrer como sofreu Judá (1.13). Em meio a esses eventos, os exilados
vão mostrar os primeiros estágios de um coração penitente ao retornarem à
aliança do Senhor (cf. 32.40), e assim o Senhor vai conseguir trazê-los de
volta para Jerusalém, v. 6,7. Acerca do símile das ovelhas perdidas,
desviadas da verdade e da esperança pelos seus líderes (pastores), cf.
23.1; Mc 6.34; Jo 10.12. v. 8-13. Os habitantes e estrangeiros
recebem a ordem de fugir. Isso pode ser um conselho aos judeus, visto que
o símile de bodes conduzindo o rebanho é comparado com Israel indo
primeiro para o exílio (v. 17). Essa seção é também a primeira
con-clamação às poderosas nações do norte (v. 9), citadas em 51.27-29, e
que incluíam poderosos arqueiros (cf. 49.35) para agirem em favor do
Senhor contra o próprio povo que havia escravizado os seus. O terrível
castigo que a Babilônia tinha imposto aos outros — Judá e Jerusalém
(18.16; 19.8) e Edom (49.17) — vai cair sobre ela. Observe como o seu status
internacional é revertido (v. 12) e a perspectiva que isso apresenta da
liberdade iminente.
Os v. 17-20 descrevem a
reação do povo de Deus diante da queda da Babilônia. Assim como a Assíria caiu
diante da Babilônia (e a sua confederação dos medos) em 612 a.C. como
castigo por terem deportado as tribos do norte de Israel de Samaria em 722
a.C., agora a Babilônia vai cair diante de Ciro, o rei dos medos e
persas. Os efeitos do exílio vão ser a purificação e a restauração do
remanescente. Tudo isso é retratado como bênção futura na época do Messias (v.
20, Naqueles dias, naquela época).
Chamado para derrotar a
Babilônia (50.21-32).
Exércitos nacionais devem
agir consciente ou inconscientemente como armas da vingança divina (cf. v. 28)
contra a Babilônia (v. 25), e a razão, como sempre, é dada (v. 24, 29). A inversão de papéis é
destacada. A Babilônia, o martelo (v. 23), que uma vez foi ferramenta de
Deus (25.9), deve ser ela mesma malhada (v. 21-27). Merataim (v. 21), “duas rebeliões”,
pode ser uma alusão à deportação dos judeus sob Joaquim e Zedequias, como
também ao sul da Babilônia (babil. mãt mãrratu — “a terra do mar de
sal”), e Pecode, ”castigo” (cf. v. 27), uma alusão à
principal tribo a leste da Babilônia (Ez 23.23; babil. pukudu).
O desenvolvimento do trilho de destruição é traçado com precisão (v.
26-32). Os orgulhosos e os auto-suficientes vão cair (v. 29-32). Os
jovens guerreiros (“touros”, ARA, símbolo também do deus babilônico
Mardu-que) serão mortos (v. 27,30), mas os povos, antes oprimidos,
mantidos ali serão libertos para a adoração (v. 28). v. 21 .persigam-nos
[a eles] [...] -nos [...] -nos: alguns
comentaristas entendem “o remanescente deles”, lendo ’aharítãm
no lugar de ' ah”rêhem (TM), lit. ”após eles” (cf. RSV). O v. 30 é
repetido de 49.20.
A Babilônia é devastada
(50.33-46). Por contraste, os que
dependem de Deus vão ser libertos por ação dos novos conquistadores. O Senhor
dos Exércitos é sempre mais forte do que aqueles que prendem nas
suas garras o seu povo (v. 33). E responsabilidade do parente mais
próximo vingar o que foi prejudicado (v. 34). O Senhor faz isso
pelo seu povo (Is 47.4; 48.20). A Babilônia vai cair pela espada
(v. 35-37) e em virtude da seca (v. 38). Esta pode ser uma referência ao
desvio do rio Eufrates, secando então suprimentos de água essenciais para a
cidade e as suas defesas contra enchentes, que permitiram que os
persas entrassem na cidade sem oposição em 539 a.C. Os invasores são
famosos por causa de sua cavalaria (v. 42) e dos arqueiros elamitas (v.
29; cf. 49.35). Assim, tudo de que a Babilônia dependia (v. 35-38) é removido,
e não fica nada (cf. Ap 18.16-20). Todos descem para a destruição final
(v. 3943). v. 41-43. Cf. 6.22-24. v. 44-46. Embora isso possa parecer uma
nação prevalecendo contra outra, é obra do Senhor. Esses versículos foram
adaptados de 49.19-21, em que ”Edom” é substituído por Babilônia-, “Temã”, por
babilônios; e o “mar Vermelho”, por nações. O leão que antes
representava Nabucodonosor agora tipifica Ciro (Is 44.24—45.6).
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