Estudo sobre Rute 4
Rute 4
IV BOAZ CASA COM RUTE (4.1-22)
1) Boaz assume o direito de
resgatador (4.1-12)
v. 1. Boaz ocupou um
lugar na porta da cidade, onde encontrou o parente mais próximo e o
chamou para conversar. A porta da cidade era o centro da vida da cidade,
onde eram feitas as transações legais (v. 2Sm 15.2). É significativo
que o gõ’êl que se negou a perpetuar o nome de Elimeleque para preservar
o seu próprio não é mencionado, v. 2. Boaz chamou dez lideres como
testemunhas, v. 3. Boaz informou que o parente mais próximo estava vendendo
o pedaço de terra que pertencia ao nosso irmão Elimeleque, mas
agora parecia ter sido guardado por Noemi para os seus herdeiros. O
verbo no hebraico está no perfeito e normalmente seria traduzido por ”vendeu”,
mas o v. 5 mostra que a venda está no futuro, e o v. 9 indica que ela
aconteceu naquele dia. As vezes, o perfeito é usado para denotar uma
ação iminente (cf. Gn 23.11). Noemi estava oferecendo a terra ao gõ’êl
antes de oferecê-la a qualquer outra pessoa, v. 4. Boaz lhe dá a
oportunidade de resgatar a terra, deixando claro que, se ele desistisse,
o próprio Boaz a resgataria. O homem escolheu resgatá-la. v. 5. Então Boaz
lhe informou que, ao fazê-lo, ele estaria adquirindo (i.e., casando
com) Rute para manter o nome dele [do falecido] em sua herança,
v. 6. Isso de fato mudou toda a situação. Acrescentar um pedaço de
terra à sua propriedade era uma coisa; assumir a responsabilidade por
uma (segunda) esposa, com a possibilidade de ter um filho que
herdaria a propriedade, era outra. Ele transferiu o direito e a
responsabilidade a Boaz. v. 7,8. A transferência desse direito era
atestada por meio do ato de se tirar e se oferecer uma sandália — um
costume que o narrador nos conta que já não existia na época em que ele
escreveu a história. v. 9,10. Boaz declara que os líderes e todo o povo
presente são testemunhas de que ele estava adquirindo a
herança de Elimeleque e seus filhos e também o direito de ter Rute, a
moabita, como mulher. O propósito é formulado em detalhes, e a
declaração termina como começou: Vocês hoje são testemunhas. Na ausência
de evidências escritas da transação, um bom número de testemunhas de confiança
era suficiente, v. 11,12. O povo e os líderes confirmaram que eram
testemunhas e acrescentaram a bênção tradicional: como fez com
Raquel e Lia... (as duas mulheres de Jacó, a quem foram creditados os
filhos de suas servas), uma comparação para realçar a fertilidade. Um
paralelismo poético conclui o v. 11 (v. 1.2). Mais uma símile de
fertilidade é apresentado — como a de Perez, que Tamar deu a Judá
—, embora a similaridade aqui esteja nas circunstâncias semelhantes e
na associação de Perez com Belém (lCr 2.5, 18,50,51). O ponto é
tornado bem explícito: com os filhos (lit. “semente”) que o
SENHOR lhe (a Boaz) conceder dessa jovem: isso sugere que
Boaz talvez não tivesse filhos até então (v. H. H. Rowley, The Servant
of the Lord, p. 192-3).
2) Rute tem um filho
(4.13-17)
v. 13. Sem detalhes da
cerimônia de casamento, lemos que Rute se tornou a esposa de Boaz. O narrador,
assim como o povo, reconhece a concepção e o nascimento de um filho
como dádiva do Senhor, v. 14. Da mesma forma, as mulheres louvam ao
Senhor ao compartilharem do prazer de Noemi na redenção e oram para que
o menino que agora é tratado como resgatador se torne famoso em
todo o Israel, v. 15. A oração transforma-se em profecia: O menino lhe dará
nova vida e a sustentará na velhice. O reconhecimento da lealdade de
Rute é feito de forma apropriada assim que a história chega ao final, e a
homenagem melhor que sete filhos é de grande impacto, pois sete
filhos era proverbialmente o número da família perfeita (cf. ISm 1.8; 2.5).
v. 16. Noemi considerou o filho como seu próprio e passou a cuidar
dele. Em termos legais, ela até poderia ter reivindicado o direito
sobre ele, mas é evidente que o relacionamento entre eles era de amor
e alegria, v. 17. As mulheres da cidade reconheceram o relacionamento
especial entre Noemi e a criança e, talvez em seu entusiasmo, até deram um
nome ao bebê: Obede, ”servo” ou “adorador” (v. Introdução).
3) Observação genealógica
(4.18-22) Perez foi o fundador da família de Judá à qual
pertenciam Elimeleque e Boaz (Gn 38.29). Evidentemente vários elos
intermediários foram omitidos porque as dez gerações mencionadas se
estenderam por mais de sete séculos, de aproximadamente 1700 a 970 a.C. Os
nomes mencionados nesses versículos aparecem palavra por palavra na
genealogia de Jesus Cristo em Mateus. Rute mostra que Deus é soberano
nas questões do dia-a-dia de homens e mulheres comuns à medida
que ele realiza os seus propósitos eternos na redenção da humanidade.