Estudo sobre Ester 4
Ester 4
Ester concorda em
interceder (4.1-17)
Quando Mardoqueu recebe a
notícia do decreto, ele recruta a ajuda um tanto relutante de Ester. A rainha,
mesmo depois de cinco anos, ainda está muito insegura da sua posição
diante do rei e sente que qualquer aproximação dele está repleta de perigos. Mas
parece que ela aceita a sugestão de Mardoqueu de que é providencial que ela
seja rainha num tempo desses e concorda em interceder, com a condição
de que antes toda a comunidade judaica jejue por ela.
a) Mardoqueu inicia um lamento (4.1-3)
v. 1. Quando Mardoqueu soube
de tudo o que tinha acontecido: de que forma Mardoqueu descobriu todos
os detalhes da transação, inclusive a quantia prometida, e não somente o
decreto publicado? Possivelmente por intermédio de amigos na corte, vestiu-se
de pano de saco, cobriu-se de cinza-, rasgar a própria roupa,
vestir pano de saco e cobrir-se de cinzas eram expressões normais do
lamento. Esse lamento podia ser profundamente religioso, como em Dn
9.3 e Ne 1.4. v. 2. ninguém vestido de pano de saco tinha permissão de
entrar. aparentemente estar vestido de pano de saco tornava a
pessoa cerimonialmente impura e, por isso, impossibilitada de entrar na
corte, v. 3. grande pranto-, o pranto geral descrito aqui deve
ter sido para a maioria dos judeus um ato religioso que normalmente era
acompanhado de orações. Que nem a oração nem Deus sejam mencionados aqui
certamente é propositado por parte do autor, que, de forma coerente,
omite toda e qualquer referência a qualquer idéia ou ato religioso.
b) Mardoqueu
convence Ester a interceder (4.4-17)
v. 4. mas ele não quis
aceitá-las\ Mardoqueu se negou a parar o seu lamento. Por
quê? Possivelmente Mardoqueu quis mostrar que o seu pranto não era
simplesmente acerca de um problema pessoal, mas de significado muito
maior em uma calamidade sem precedentes. v. 6. na praça da cidade-, um
lugar comum e tradicional para o lamento, v. 7. quanta prata\
mencionar a quantia indicava a seriedade da crise. A ganância pessoal
de Xerxes acrescentava uma dimensão nova e amedrontadora à briga
particular de Hamã.
v. 10. que dissesse,
o autor muda para o discurso direto no restante do diálogo entre Ester e
Mardoqueu, assim realçando o efeito dramático, v. 11. somente uma
lei-, aparentemente Deioces, o primeiro rei dos medos, instituiu essa
lei que os persas preservaram (cf. Heródoto i. 96-101). Essa lei não
admitia exceção alguma, mais de trinta dias\ ela teme que não
tenha mais todo aquele prestígio com o rei. Por que ela não solicitou uma
audiência, visto que ainda faltavam 11 meses para o massacre? Talvez
porque temesse que o pedido fosse rejeitado, v. 13. não pense-,
não se trata necessariamente de uma ameaça a Ester; antes, de um
lembrete real do perigo comum a que todos os judeus estavam expostos. v.
14. de outra parte, uma alusão a Deus. Veja a Introdução, para uma
discussão mais ampla, morrerão-. Mardoqueu provavelmente está
pensando em castigo divino se Ester desobedecer a Deus, e não em alguma
vingança dos judeus, para um momento como este. Mardoqueu
claramente conclui que a ascensão dela ao trono foi providência divina.
v. 16 . jejuem em
meu favor. Ester aceita a missão e agora toma a iniciativa. Ao
ordenar um jejum, Ester está buscando a ajuda divina. Ela está pedindo à
comunidade judaica que interceda diante de Deus a favor dela. três
dias e três noites-, esse deveria ser um jejum muito rígido, observado
durante a noite e durante o dia. O jejum durou entre 40 e 44 horas,
visto que Ester foi à presença do rei no terceiro dia. Podemos ter uma
idéia da seriedade com que Ester se empenhou na sua tarefa com base no fato de
que ela desafiou o povo a um jejum exatamente na época da Páscoa — 15
de nisã. se eu tiver que morrer, morrerei-. Ester ainda tem temores
naturais, mas ela está disposta a fazer tudo mesmo assim. Como bem acrescenta
Moore, “o homem impetuoso age sem medo, o homem valente apesar do medo”,
v. 17. retirou-se. lit. ”ele cruzou”. Provavelmente refere-se ao
rio Ab-karka, que separava a acrópole do restante da cidade.