Estudo sobre Êxodo 25
Êxodo 25
V. INSTRUÇÕES ACERCA
DO TABERNÁCULO E DE QUESTÕES AFINS (25.1—31.18)
1) O tabernáculo e os
utensílios (25.1—27.21)
Os materiais (25.1-9)
v. 2. cujo coração o
compelir a dar. de acordo com 36.2-7, não houve falta de pessoas que
reagissem dessa forma; um espírito semelhante prevaleceu quando o segundo
templo foi construído (Ed 1.4; 2.68,69; 8.24-34; cf. 2Co 9.7). v. 3. bronze:
“cobre” (NEB) talvez seja melhor; qualquer desses é preferível a “latão” na VA
(v. NBD, p. 778). O cobre estava disponível na península do Sinai.
v. 4. azul: “púrpura azulada”, “violeta”, roxo:
ou púrpura; obtinham-se essas cores de algumas espécies de moluscos, vermelho
(ou escarlate): um corante extraído de um inseto do
tipo cochonilha. As cores associadas à presença imediata de Deus não
eram nem monótonas nem sombrias, linho fino: tanto o termo quanto a
técnica parecem ter surgido no Egito. pêlos de cabra: lit. “cabras”,
mas a referência certamente é ao pêlo (cf. LXX) que, em virtude de sua
durabilidade, era comumente usado na fabricação de tendas, v. 5. tingidas: lit.
“avermelhadas” (cf. VA), couro: a NVI esclarece no rodapé: “possivelmente
de animais marinhos”. Há uma palavra egípcia de som semelhante que
significa “couro”; daí, supostamente, “couro” na NVI como tradução da
mesma palavra hebraica em Ez 16.10. v. 8. habitarei: a raiz da qual
deriva shekiná. Esse é um versículo-chave, pois nos dá a razão da
construção do tabernáculo, v. 9. tudo [...] conforme o modelo:
cf. Hb 8.1-5; 9.23,24; visto que o tabernáculo mosaico era, em certo
sentido, o correlato terreno do santuário celestial, era duplamente
importante aceitar as orientações apresentadas.
A arca e a tampa (25.10-22)
As instruções começam com o
lugar mais sagrado (o “Lugar Santíssimo”) e depois são ampliadas no
sentido de dentro para fora. v. 10. arca: essa caixa retangular,
receptáculo das tábuas da lei, media aproximadamente 1,10 m x 0,70 m
x 0,70 m. v. 11. ouro puro: provavelmente placas afixadas com
pregos; era o metal adequado para a presença de Deus. moldura:
um ornamento (“suporte de cordas”, Stalker) que era também uma
característica da mesa e do altar de incenso, v. 12. Não
há informação em outro lugar acerca dos quatro pés da arca.
Devem ter sido pequenos, mas com tamanho suficiente para elevar a
arca acima do nível do chão. “Cantos” (cf. LXX) na VA deve ser
desconsiderado, v. 15. Independentemente das dificuldades que Nm 4.6
apresente (v. NBD, p. 1.158), lRs 8.8 (como a RSV) está em harmonia
com as regulamentações dadas aqui. v. 16. as tábuas da aliança
(algumas versões trazem “o Testemunho”, BJ): as tábuas da Lei que
davam testemunho do caráter e das exigências do Deus que estava
fazendo a aliança (cf. Dt 10.5). Era costume no
Antigo Oriente Médio depositar os documentos de tratados e alianças nos
santuários, e, nesse aspecto, as tábuas da aliança mosaica não eram
exceção, v. 17. tampa de ouro (tradicionalmente “propiciatório”,
ARA, ARC, BJ). Alguns estudiosos questionam o tradicional “propiciatório”
porque o sentido básico do termo é “tampa”. Essa etimologia, no
entanto, é suspeita (cf. Driver, ad loc.), e é questionável se o kappõreth
tinha o propósito de servir de tampa da arca. Associações com a ideia de
propiciação na raiz k-p-r não faltam no AT, e o NT mantém a
versão hilastêrion, “propiciatório”, da LXX em Hb 9.5. Cristo
se tomou o propiciatório (hilastêrion) de todos que crêem nele (Rm
3.25). v. 18. Como em Gn 3.24 e Ez 28.14ss, os querubins talvez cumprissem
a função de guardiões; essa era a função de figuras complexas semelhantes
em outras partes do Oriente Médio. O rosto, no entanto,
estaria voltado para a tampa (v. 20), como se os querubins a
estivessem contemplando. v. 19. Essas figuras deveriam formar uma só
peça com a tampa, o que significava naturalmente que deveriam ser
feitas “juntas, marteladas, de uma única lâmina de ouro” (Cassuto). Driver
entende isso de outra forma: os querubins deveriam ser soldados à tampa para
que fossem inseparáveis dela. v. 22. e lhe darei todos os meus
mandamentos'. cf. Nm 7.89. no meio dos dois querubins:
o invisível trono divino repousava sobre as asas estendidas dos querubins
(cf. ISm 4.4; SL 80.1). A imagem de um trono real apoiado por figuras
semelhantes a querubins foi descoberta no sítio arqueológico de Gebal
(Biblos), cidade da antiga Fenícia.
A mesa (25.23-30).
v. 23. O primeiro dos itens
de mobília do Lugar Santo a ser descrito é a mesa, situada no lado
norte (26.35). Uma mesa dessas estava entre os despojos de guerra de
Jerusalém tomados pelos romanos em 70 d.C. e é representada no arco de Tito, em
Roma (Driver, p. 273, traz uma reprodução reduzida dessa mesa tirada
de De Spoliis Templi de Reland [1716]). Nessa mesa, eram colocados
os “pães da Presença” (v. 30), provavelmente com o propósito de
retratar Deus como o doador do alimento e o provedor do seu povo. Não
há aí intenção alguma de providenciar alimento para Deus, como era
costume nos templos pagãos. v. 24. moldura', v. comentário do v.
11. v. 25. Em volta da mesa, havia uma borda
de aproximadamente 8 centímetros de altura, para garantir que os pães
da Presença estivessem adequadamente colocados. Outra teoria diz que a
borda (“armação”) era constituída de tábuas (“barras transversais”) que
uniam os pés mais ou menos na metade da altura para firmá-los. Os
restos dessas barras transversais são visíveis na representação no arco de
Tito. v. 27. próximas da borda', as argolas deveriam ser
colocadas no alto dos pés próximas da borda dourada (ou perto das barras transversais;
cf. comentário do v. 25). v. 29. pratos', cf. Nm 7.13. Esses eram
provavelmente os recipientes para os pães da Presença, recipiente para
incenso', usado, como a tradução indica, para o incenso, de acordo com
Nm 7.14, onde a mesma palavra é usada. Colocava-se “incenso puro” nos pães
da Presença (Lv 24.7). As tigelas (cf. lCr 28.17) continham o
vinho usado para as ofertas de bebida (cf. Nm 28.7 etc.), v. 30. Os pães
da Presença têm esse nome porque eram colocados diante de (lit.
“da face de”) Deus. Consistiam em 12 pães assados com farinha e ordenados
(daí, ”o pão da ordenação” [lit.] em lCr 9.32) em duas fileiras (ou
pilhas; cf. comentário de Lv 24.6) de seis cada. Quando eram
substituídos a cada sábado, tornavam-se propriedade dos sacerdotes
(Lv 24.5-9; cf. ISm 21.6; Mt 12.1-4). Em Nm 4.7 diz-se que os pães “devem estar
sempre sobre ela [a mesa]”.
O candelabro (25.31-40)
O candelabro (m‘nõrãh)
tem sido descrito de forma frequente e adequada como uma árvore
estilizada. E difícil termos certeza sobre alguns dos detalhes mais
específicos, visto que o hebraico é obscuro às vezes. O candelabro
removido do templo de Herodes e retratado no arco de Tito dá uma ideia geral
do que se pretende aqui. Havia dez candelabros no templo de Salomão
(lRs 7.49). v. 31. A expressão as taças, as flores e os botões não
introduz nenhum elemento interpretativo — diferentemente da NTLH, que diz “as
flores que enfeitarão o candelabro, com os seus botões e as suas pétalas”
—, mas mesmo assim é a melhor forma de traduzir o original. A questão
é se havia duas ou três partes em cada configuração de amendoeira; é
importante traduzir o hebraico desse versículo literalmente para não prejulgar
a questão, v. 32. E possível que, como em representações antigas, os braços
se elevassem à mesma altura da haste central, v. 33. A NVI explica o que
não está necessariamente no hebraico quando indica que as taças
eram os ornamentos, em vez de serem partes dos ornamentos. A tradição
judaica antiga está bem de acordo com a divisão tripartite do ornamento
de amendoeira, e, como L. Yarden (v. bibliografia) tem mostrado, o tipo de
arranjo que é preferido pela maioria dos eruditos modernos não teria sido
aceito pelos compiladores do Talmude. Não há necessidade da,
nem vantagem na, forma em que Soltau constrói o versículo para
significar “três taças, um botão e uma flor somente em cada um dos
seis braços” (The Holy Vessels, p. 75). Os botões
provavelmente eram um tipo de protuberância em forma de taça nos braços do
candelabro; para flor, a NTLH traz “pétalas”, v. 35. botão-.
Deveria haver um “cálice” (cf. termo da botânica; também “cálix”) ou botão
abaixo do ponto em que cada par de braços era inserido na haste. v. 37. sete
lâmpadas-, provavelmente repousavam sobre os ornamentos no topo da
haste e dos braços. Não há mais informações acerca das lâmpadas;
pode-se concluir que eram feitas de terracota, de acordo com costumes da
época. Cassuto acha que não eram feitas de ouro, pois, se assim
fosse, isso teria sido mencionado especificamente; mas cf. v. 39. para
que iluminem-, havia pouca ou nenhuma luz natural no Lugar Santo.
O bico da lâmpada e o pavio deviam ser posicionados de tal maneira que
iluminassem a frente do candelabro, v. 38. Deveriam
ser providenciados os cortadores de pavio e os apagadores.Índice: Êxodo 1 Êxodo 2 Êxodo 3 Êxodo 4 Êxodo 5 Êxodo 6 Êxodo 7 Êxodo 8 Êxodo 9 Êxodo 10 Êxodo 11 Êxodo 12 Êxodo 13 Êxodo 14 Êxodo 15 Êxodo 16 Êxodo 17 Êxodo 18 Êxodo 19 Êxodo 20 Êxodo 21 Êxodo 22 Êxodo 23 Êxodo 24 Êxodo 25 Êxodo 26 Êxodo 27 Êxodo 28 Êxodo 29 Êxodo 30 Êxodo 31 Êxodo 32 Êxodo 33 Êxodo 34 Êxodo 35 Êxodo 36 Êxodo 37 Êxodo 38 Êxodo 39 Êxodo 40