Estudo sobre Isaías 50
Isaías 50
O poder de Deus (49.24—50.3)
Evidentemente, alguns
exilados pensaram de fato que essas predições eram incríveis. O profeta tenta
aqui fundamentar as promessas com a lógica e a razão. Em primeiro lugar, o
poder de Deus é defendido em relação aos que estão admirados
demais com o poder da Babilônia (49.24): Deus era conhecido desde
tempos antigos como o Poderoso de Jacó (cf. Gn 49.24), e havia
muito — desde o êxodo — tinha demonstrado ser o Salvador e o Redentor
(Is 49.26). Por mais poderosa que seja a Babilônia, dividida cairá; as
metáforas convencionais no v. 26 se referem à guerra civil. Em
50.2,3, o mesmo tema do poder de Deus, revelado especialmente
no êxodo, é novamente destacado; o contexto imaginado é o tribunal, em que
os que desafiam Deus não têm resposta para ele (porque ninguém
respondeu?) — aliás, eles nem comparecem!
50.1. Temos aqui uma
resposta à convicção de que Deus deve ter finalmente abandonado o seu povo no
exílio e o rejeitado para sempre. Para responder a essa convicção, duas metáforas
frequentes do AT são usadas de forma muito hábil. Em primeiro lugar,
se Deus havia sido o “marido” de Israel (uma vez que Israel é considerado a mãe dos
exilados), então não poderia ter se divorciado de Israel sem a devida
documentação (cf. Dt 24.1-4); então o matrimônio ainda é válido! Em
segundo lugar, Deus tinha tantas vezes “entregue” o seu povo nas mãos
de opressores (cf., e.g., Jz 6.1), mas alguma vez alguém fizera algum
pagamento? Então Deus tem o direito de reaver a sua “propriedade”! (Se
mesmo assim os exilados estavam inclinados a culpar Deus por seus problemas,
que lembrassem que o “divórcio” e a “venda” temporários tinham sido
decorrentes inteiramente dos pecados passados de Israel.)
e) O Servo de Deus: a sua perseverança (50.4-11)
Nos v. 4-9, nos é
apresentado o retrato de um profeta perseguido e levado a julgamento. O uso da
primeira pessoa levou alguns comentaristas a interpretar o
poema literalmente — i.e., que o autor (o “Segundo Isaías”, nessa
perspectiva) foi tratado dessa maneira pelas autoridades babilónicas.
E verdade que o poema contém comparações com os lamentos de outro
profeta, Jeremias (cf. especialmente Jr 11.18ss; 20.7-12); mas parece
melhor seguirmos a maioria dos exegetas e entender a passagem como uma continuação
de 49.1-6, ou, em outras palavras, como o terceiro “Cântico do Servo” (v.
Introdução), do qual 52.13—53.12 é, por sua vez, a continuação.
Quem fala, então, é o
anônimo Servo do Senhor, retratado no papel de um profeta; nesse poema do
Servo, não há menção de características régias. Ele é um mediador da palavra de
Deus (v. 4), que é humilhado pelos homens (v. 6) mas destemido (v. 5). O
ponto de contraste extraordinário com outros profetas, especialmente
Jeremias, é a sua disposição voluntária para o sofrimento e a vergonha, um
tema ampliado no cap. 53. A sua confiança na sua vindicação final é
inabalável (v. 9).
Assim será o
verdadeiro profeta, em contraste com os muitos falsos profetas que Israel havia
conhecido. No futuro, a nação vai ser orientada a esperar e cuidar desse servo do
Senhor (v. 10). O v. 11 é dirigido como uma advertência dura aos
desobedientes; mas o significado das metáforas já não é claro
para nós. Talvez se tivesse em mente aqui algum ritual pagão. De
qualquer forma, o contraste está suficientemente claro; os obedientes
vão conhecer a luz (heb. ’õr, v. 10) da provisão
de Deus, mas os rebeldes vão ter de suportar a luz (palavra
diferente no heb. no v. 11: ’ãr, traduzida com mais exatidão por “chama”) do
fogo de tormento.Índice: Isaías 1 Isaías 2 Isaías 3 Isaías 4 Isaías 5 Isaías 6 Isaías 7 Isaías 8 Isaías 9 Isaías 10 Isaías 11 Isaías 12 Isaías 13 Isaías 14 Isaías 15 Isaías 16 Isaías 17 Isaías 18 Isaías 19 Isaías 20 Isaías 21 Isaías 22 Isaías 23 Isaías 24 Isaías 25 Isaías 26 Isaías 27 Isaías 28 Isaías 29 Isaías 30 Isaías 31 Isaías 32 Isaías 33 Isaías 34 Isaías 35 Isaías 36 Isaías 37 Isaías 38 Isaías 39 Isaías 40 Isaías 41 Isaías 42 Isaías 43 Isaías 44 Isaías 45 Isaías 46 Isaías 47 Isaías 48 Isaías 49 Isaías 50 Isaías 51 Isaías 52 Isaías 53 Isaías 54 Isaías 55 Isaías 56 Isaías 57 Isaías 58 Isaías 59 Isaías 60 Isaías 61 Isaías 62 Isaías 63 Isaías 64 Isaías 65 Isaías 66