Estudo sobre Neemias 6
Neemias 6
Os muros são
concluídos, apesar das ameaças (6.1-19)
A conspiração dos inimigos
dos judeus, ouvindo que a reconstrução dos muros e das portas de Jerusalém
realizada pelos judeus estava quase concluída (v. 1), decidiu
fazer um renovado esforço para dificultar o trabalho e desmoralizar os
judeus. A tentativa de ridicularizá-los tinha fracassado (4.1-6), como também
seus ataques terroristas contra os construtores (4.7-23). Por isso,
decidiram pelo plano de tentar matar, ou no mínimo sequestrar, o próprio
Neemias. Assim, enviaram uma mensagem a Neemias propondo um encontro entre
eles em território neutro para realizarem uma conferência, pois acreditavam
que numa circunstância dessas Neemias poderia ser pego ou assassinado. O
lugar que eles sugeriram para esse encontro foi um dos povoados da
planície de Ono (v. 2), que ficava a aproximadamente 30 quilômetros a
noroeste de Jerusalém. Neemias percebeu, no entanto, que esse convite
incluía uma conspiração contra a sua vida; assim, respondeu a eles
que estava muito ocupado (v. 3). Por isso, Samba-Iate sugeriu uma data
posterior para o encontro, mas Neemias novamente se desculpou e não foi; e
a mesma coisa aconteceu mais duas vezes (v. 4).
Em seguida, Sambalate
enviou o seu servo a Neemias com uma carta aberta na sua mão (v.
5), escrita em papiro, couro ou cerâmica. Continha um boato totalmente
falso a respeito de Neemias, e Sambalate queria que todos que tivessem contato
com a carta a lessem para que a insinuação se espalhasse por todos os
lados. Nessa carta, Sambalate expressava sua preocupação acerca de uma ideia
que estava em circulação segundo a qual Neemias estava planejando
rebelar-se contra Artaxerxes da Pérsia ao se proclamar rei em Judá\
e Sambalate sugeria que eles se encontrassem para discutir como
evitar que esse boato chegasse aos ouvidos de Artaxerxes (v. 6,7).
Novamente, Neemias recusou-se a se encontrar com Sambalate e enviou uma
resposta curta e grossa, dizendo que não havia verdade alguma nessas
alegações e que eram invenção maldosa do próprio Sambalate (v. 8).
O último estratagema dos
inimigos contra Neemias parece ter ocorrido por iniciativa de Tobias, pois
ele é citado em associação com isso antes de Sambalate (v. 12,14). Esses
dois vilões subornaram (v. 12) um falso profeta em Jerusalém chamado Semaías
[...] que estava trancado portas adentro (v. 10), que provavelmente
significa que estava em êxtase profético, para fazer uma proclamação
profética com o intuito de levar Neemias a buscar proteção do perigo
no santuário, no Lugar Santíssimo do templo. Agora, ninguém, a não
ser os sacerdotes, tinha permissão para entrar no Lugar Santíssimo do
templo (Nm 18.7), e o propósito por trás dessa manobra era
desacreditar Neemias entre os judeus por ele ter feito algo ilegal
(v. 13). A uma mensagem profética autêntica, Neemias teria atendido; mas ele
sabia que esse oráculo de Semaías não vinha de Deus e logo descobriu que Tobias
e Sambalate o tinham contratado para anunciar essa palavra. Por isso
respondeu: Alguém como eu [não sendo sacerdote] deveria entrar
no templo para salvar a vida?
Semaías não foi o único
falso profeta em Jerusalém que se opôs a Neemias; houve outros e também uma
falsa profetisa chamada Noadia (v. 14). Havia, aliás, muitos de
Judá que se opunham ao governador, e isso foi causado por dois
casamentos traiçoeiros: um entre Tobias, o amonita, e a filha de um judeu
chamado Secanias, e outro entre o filho de Tobias e a filha de
Mesulõo, neto de Berequias, que se havia engajado ativamente na
construção dos muros de Jerusalém (3.4,30). Como conse-quência, houve
correspondência traiçoeira entre os nobres de Judá e Tobias (v. 17).
Apesar de tudo, no
entanto, o muro ficou pronto no vigésimo quinto dia de elul (i.e.,
em outubro de 445 a.C.; elul é o sexto mês do calendário judaico), em
cinquenta e dois dias (v. 15). Enquanto a reconstrução do
templo levou 22 anos (porque depois de a terem iniciado os judeus
desanimaram e interromperam a obra até que Ageu e Zacarias anunciassem
as suas profecias), a reconstrução dos muros da cidade de Jerusalém
levou somente sete semanas e meia. v. 16. que essa obra havia
sido executada com a ajuda de nosso Deus não foi somente o testemunho
dos próprios judeus, mas a conclusão também dos inimigos
particulares dos judeus a essa altura, bem como de todas as nações
vizinhas.