Salmo 92 — Estudo Devocional

Salmo 92 

Hino de gratidão a Deus
Salmo. Canção para os sábados.

O Salmo 92 é um cântico de louvor e ação de graças a Deus, destacando a importância da adoração, da gratidão e do reconhecimento da justiça de Deus. Aqui estão algumas aplicações de vida baseadas no Salmo 92:

1. Adoração e Louvor Regulares: Este Salmo enfatiza a importância de louvar a Deus com música e canto. Em sua vida, faça da adoração e do louvor uma parte regular de sua prática espiritual. Participe dos cultos da igreja, cante hinos ou canções de adoração contemporâneas e expresse sua gratidão a Deus por meio da música.

2. Reconheça as obras de Deus: Reserve um tempo para refletir e reconhecer as maravilhosas obras de Deus em sua vida e no mundo ao seu redor. Reconheça Sua criatividade, poder e providência tanto nas coisas grandes quanto nas pequenas.

3. Celebre o sábado: Este Salmo é frequentemente associado ao sábado, um dia de descanso e adoração. Considere reservar um dia ou horário especial a cada semana para descanso, reflexão e renovação espiritual.

4. Expresse Gratidão: A gratidão é um tema recorrente no Salmo 92. Pratique a gratidão diariamente mantendo um diário de gratidão ou simplesmente reservando momentos para agradecer a Deus por Suas bênçãos, mesmo em tempos difíceis.

5. Envelheça com graça e sabedoria: O Salmo 92 menciona que os justos florescerão como uma palmeira e crescerão como um cedro no Líbano. Aplique isso procurando envelhecer com graça e sabedoria. Continue a crescer em sua fé, caráter e sabedoria à medida que amadurece.

6. Aprofunde sua raiz em Deus: Assim como uma palmeira tem raízes profundas, esforce-se para aprofundar suas raízes espirituais em Deus. Isso envolve oração regular, estudo bíblico e cultivo de um forte alicerce de fé.

7. Permaneça ativo no serviço de Deus: O salmista fala em dar frutos mesmo na velhice. Independentemente da sua idade, continue a servir a Deus e aos outros. Use suas habilidades, talentos e experiência para causar um impacto positivo em sua comunidade e no mundo.

8. Cerque-se de pessoas piedosas: O Salmo menciona que os justos florescerão na casa do Senhor. Cerque-se de uma comunidade de crentes que incentivam o seu crescimento espiritual e fornecem apoio na sua jornada de fé.

9. Busque a retidão e a retidão: Esforce-se pela retidão e por uma vida reta em sua vida diária. Faça escolhas que se alinhem com os princípios e valores de Deus.

10. Compartilhe a fidelidade de Deus: Assim como o salmista proclama a fidelidade de Deus no versículo 15, compartilhe com outras pessoas as histórias da fidelidade de Deus em sua própria vida. Seja uma testemunha da bondade de Deus e encoraje outros na sua fé.

11. Reflita sobre o caráter imutável de Deus: Reconheça que a justiça, a fidelidade e o amor de Deus permanecem constantes. Encontre conforto e força em saber que Deus é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13:8).

Incorporar essas aplicações de vida do Salmo 92 pode ajudá-lo a desenvolver uma apreciação mais profunda pela adoração, pela gratidão e pela natureza duradoura da justiça de Deus em sua vida. Incentiva uma vida de fidelidade, crescimento e serviço na presença do Senhor.

Devocional

92 para os sábados. Na tradição judaica este salmo é cantado no dia do sábado, dia do Senhor. É um salmo de gratidão ao Senhor. Segundo Chouraqui, os rabinos, numa interpretação figurada, consideram que este salmo poderia ter sido recitado por Adão, saindo das mãos do Senhor e acordando para a maravilha do primeiro dia de descanso. O descanso semanal — no sábado, no domingo ou em outro dia, mas sempre descanso, nos faz sair do “piloto automático” para novamente vermos a vida do ponto de vista de Deus. Veja o quadro “Descanso fundamental”.

92.1-4 Como é bom dar-te graças! Render graças a Deus, reconhecendo quantas coisas preciosas vêm de suas mãos, anunciar o amor e a fidelidade do Pai, são todas atitudes que produzem profunda alegria. Vale a pena fazer disso uma prática diária, e também dedicar-se a elas no dia do descanso semanal perante Deus.

92.1 Como é bom cantar hinos. O canto de louvor nos conecta com nosso Criador e nos faz desfrutar da condição de criatura, nosso verdadeiro lugar.

92.2-3 de manhã o teu amor e de noite, a tua fidelidade. Na manhã, temos o milagre da luz e de toda a criação amorosa de Deus. À noite, confiamos na fidelidade de Deus, que nos protege quando nós mesmos não podemos cuidar de nós. Noite e dia o ser humano é convidado a estar conectado a Deus, sempre maravilhado com seu amor criador e protetor.

92.4 os teus feitos poderosos me tornam feliz! Meditar nas realizações de Deus torna o ser humano feliz. Parece que quando a mentalidade materialista dominou a cultura humana, também o dia de descanso ficou sem sentido, e por isso vazio. A melancolia dos finais de semana está relacionada à ausência de admiração pela obra de Deus, ao já não se considerar criatura e filho/a de Deus, mas apenas mais um produto da matéria. Veja também o quadro “Descanso fundamental”.

92.5 Que grandes coisas. Quem não acredita em Deus não entenderá, mas quem crê nele, várias vezes poderá perceber coisas que Deus faz, e como são profundos os seus planos e pensamentos.

92.6 uma coisa que o tolo não entende. A mente de Deus é inalcançável, mas o tolo e o ignorante aqui são os que se recusam a considerar a possibilidade de Deus não só existir, mas também de estar atuando na Terra. Como expressa o livro de Provérbios, “temer a Deus é o início da sabedoria”. No dia de descanso, parar para contemplar e meditar na criação de Deus é o que pode nos levar a avançar na compreensão dos propósitos dele. Assim nos tornamos “companheiros de jornada” de Deus, contemplando e criando poemas e músicas a respeito das maravilhas que ele fez. Vale lembrar dos místicos judeus e cristãos de todos os tempos, que “penetravam” nesse conhecimento do Senhor a ponto de não querer saber mais de outra coisa.

92.7-9 os perversos podem prosperar. Temos um consolo para nosso tempo: em todas as épocas o mal já crescia como erva daninha, mas tal como a erva, isso dura pouco. Enxergar a Deus acima de tudo — bem e mal — nos retira do pessimismo quando vemos o mal proliferando. No original consta que “os maus se dividirão” — sua própria maldade fará eles se voltarem uns contra os outros.

92.10 tu me tens tornado forte. Mais forte do que a erva daninha — pois é Deus quem faz a obra em nossas vidas e edifica seu reino nos usando como instrumentos. me tens abençoado com a felicidade. Deus é quem fortalece e dá felicidade. A força do ser humano está na relação com Deus e não em si próprio. Este é o segredo da força e da felicidade! Veja o quadro “Descanso fundamental”.

92.11 Tenho visto a derrota dos meus inimigos e ouvido os gritos dos maus. Novamente é na relação com Deus que se dá a derrota dos inimigos — ele é que vai cuidar dos maus. Não no sentido de sermos passivos com o mal, mas de na relação com Deus fazermos nossas coisas, deixando para ele a vingança.

92.12-15 produzem frutos. Encontramos com muita frequência na Bíblia a palavra “frutos” referindo-se a coisas boas que se manifestam na vida do cristão como resultado da presença do Espírito Santo (ver Gl 5.22-23). É, portanto, uma extraordinária e abençoada promessa a de que os que são bons aos olhos de Deus mesmo na velhice florescerão e darão frutos, permanecerão “fortes e cheios de vida”.

92.12 Os bons florescem. No original hebraico o nome desta primeira árvore é tamar, que segundo alguns estudiosos seria a tamareira: esta semente necessita da ação humana para ser fecunda — tal como o ser humano também precisa de outro humano. E sua raiz tira a água de lugares distantes do tronco — tal como o justo busca o seu alimento no oásis do Senhor, do dia de descanso. O tronco da tamareira é seco, e os frutos e flores se concentram no alto — totalmente voltados para cima, como a pessoa que está na presença de Deus. O seu fruto é o mais delicioso que há no deserto: também a pessoa que se nutre em Deus pode ser fonte de paz e bênção para seus irmãos. Os cedros são árvores das altas montanhas, mas também podem ser transplantados para lugares mais baixos. Os israelitas buscavam mudas no Líbano e as transplantavam para Israel. Esta árvore é muito bela e fornece madeira de excelente qualidade. Assim também acontece com a pessoa que vive em comunhão com Deus!

92.13 como árvores plantadas na casa do SENHOR. Estar enraizado na comunhão com Deus e com seus filhos e filhas, esse é o segredo de uma vida feliz e frutífera.

92.14 Na velhice… frutos… fortes e cheios de vida. Os idosos que vivem na presença de Deus, a cada dia, de sábado a sábado, obtêm sua energia desta comunhão, e por isso se tornam cada vez mais sábios e fecundos — tornam-se ‘pais’ e ‘mães’ espirituais das novas gerações. Como temos necessidade deles! O contrário, para Erikson, são os idosos que entram em desespero pela futilidade de sua vida, muitas vezes tomada por rancores e falta de perdão. Veja Sl 90, notas, e o quadro “Descanso fundamental”.

92.15 a minha rocha, não comete injustiça. Essa vitalidade na velhice, segundo outras traduções do original, tem o objetivo de anunciar Deus como justo e ponto de apoio.

Descanso fundamental
Em nossa cultura, valorizamos muito o lazer, mas não o descanso, o não-fazer. Achamos fútil e aborrecido guardar um dia para descansar e ligá-lo à nossa relação com Deus. “Descanso” ficou sendo sinônimo de tempo livre para nós, para consumo, para fazer o que não foi possível nos outros dias, já que nunca o ser humano trabalhou tanto como agora. Já não lembramos que o dia do descanso tenha algo a ver com o sagrado. Talvez também seja culpa das igrejas, que tornaram esse dia um amontoado de atividades por vezes insossas e repetitivas, que muitas vezes mais cansam do que conectam com Deus. Tanto para os igrejeiros como para os “seculares”, cabe repensar nosso dia de descanso.

A versão original era de que o sétimo dia fosse um dia de celebrar a relação com Deus no descanso. Nesse celebrar, há um alcance antropológico imenso que iguala a todos: desde o senhor da terra, sua esposa, seus filhos e filhas, até seus servos e servas, bem como os estrangeiros, e também os animais, todos deveriam descansar. Isso significa voltar à condição de criatura de Deus, que é a mesma para todos. Não há diferença entre um e outro — todos são vistos na sua identidade e valor originário.

Uma professora certa vez disse que “Crianças crescem no domingo”– no sentido de que nesse dia não são consideradas pelo que fazem (como na escola ou nos trabalhos), mas por serem filhos e filhas. Isso lhes dá o sentimento de aceitação incondicional, base para se viver a partir da graça de Deus. O direito ao descanso restaura o valor da pessoa, do animal e da terra: perante Deus, eu não valho pelo que produzo, mas pelo fato de ser gerado por Ele. Descansando, reafirmo minha confiança na providência divina — não é meu muito fazer que me dará o sustento, mas minha dependência de Deus.

A importância de se descansar após a tarefa cumprida é visivelmente terapêutica. Deus nos dá o exemplo na construção do mundo. É claro que Deus não precisaria de descanso, mas ele o fez porque esta é a melhor forma de viver: alegrar-se contemplando os resultados, e também, explicitando a necessidade de se repousar após o trabalho cumprido. A negligência com o descanso ocorre mais frequentemente nos grandes centros urbanos, onde a compulsão pelo trabalho tem se tornado um problema de saúde pública. A pessoa que sofre desse mal chega ao ponto de exaustão física e mental e em determinados casos necessita de tratamento. Os sintomas são os mais diversos, desde a dificuldade para dormir, à intolerância para com as pessoas, mau humor, comer rapidamente os alimentos, não ter prazer no lazer e nem em gozar férias, chegando ao extremo de não encontrar tempo para cuidar da saúde, dedicando-se tão somente ao trabalho. O descanso é tão importante para Deus que ele separou um dia na semana para esse fim e o santificou. Por analogia, a pessoa que não descansa após a conclusão de um bloco de tarefas semanais é forte candidata a doenças físicas e psíquicas, vivendo em estresse, adoecendo a alma e o corpo.

E o que dizer da “depressão do final de semana”, uma das doenças da nossa época? Talvez seja o caso de relacioná-la com a ausência de admiração pela obra de Deus, ao já não considerarmos o ser humano como criatura e filho/a, mas apenas como produto da matéria. E o fato de considerar a fauna e a flora apenas como resultado da evolução da matéria também induz à sua exploração e destruição: o ser humano se apresenta como senhor de tudo, dispondo de pessoas, animais e coisas sem dar-lhes direito algum. Então, no seu tempo de descanso, vem uma melancolia de sentido, um vazio do desejo de pertencimento a uma ordem superior à qual louvar e agradecer. Vazio esse que o consumo e o domínio sobre outros não conseguirão preencher.