Salmo 137 — Estudo Devocional

Salmo 137 

Saudades da Pátria

O Salmo 137 é um salmo profundamente emocional que reflete a tristeza e a saudade dos israelitas durante o seu exílio na Babilônia. É importante abordar este salmo com sensibilidade e compreensão do contexto histórico. Aqui estão algumas aplicações de vida baseadas no Salmo 137:

1. Reconheça o luto e a perda: reconheça que o luto e a perda fazem parte da experiência humana. Não há problema em expressar sua dor e tristeza em momentos de dificuldades.

2. Volte-se para Deus em tempos de sofrimento: Ao enfrentar circunstâncias difíceis, volte-se para Deus em oração e lamento. Derrame seus sentimentos e emoções diante dele, confiando que Ele ouve e entende sua dor.

3. Busque conforto nas Escrituras: Encontre consolo nas palavras das Escrituras, incluindo os salmos de lamento. Essas passagens podem proporcionar conforto e uma sensação de conexão para aqueles que enfrentaram lutas semelhantes.

4. Apoie aqueles que sofrem: Estenda a empatia e o apoio àqueles que estão passando por sofrimento ou perda. Seja um ouvinte compassivo e ofereça ajuda quando necessário.

5. Expresse raiva e confusão a Deus: Não há problema em expressar sentimentos de raiva e confusão a Deus em oração. Ele pode lidar com suas perguntas e dúvidas e pode proporcionar clareza e paz no devido tempo.

6. Mantenha a fé na soberania de Deus: Mesmo em tempos de sofrimento e exílio, mantenha a fé na soberania de Deus. Confie que Ele está no controle e que Seus propósitos prevalecerão no final.

7. Lembre-se das promessas de Deus: Lembre-se das promessas e da fidelidade de Deus em tempos de dificuldades. Lembre-se de Seu amor e compromisso com Seu povo.

8. Evite amargura: embora seja natural sentir raiva e tristeza em momentos de sofrimento, esforce-se para evitar que essas emoções se transformem em amargura ou desejo de vingança.

9. Busque Cura e Restauração: No processo de lamento, busque cura e restauração. Deus pode trazer cura e renovação a corações quebrantados e espíritos feridos.

10. Ore por perdão: Se você nutre sentimentos de raiva ou vingança, ore pela ajuda de Deus para perdoar aqueles que o injustiçaram. O perdão pode levar à cura emocional e espiritual.

11. Defenda a Justiça: Se estiver em condições de o fazer, defenda a justiça e a retidão face à injustiça e à opressão. Trabalhe para uma mudança positiva em sua comunidade.

12. Lembre-se da sua identidade: Assim como os israelitas nunca esqueceram a sua identidade como povo escolhido de Deus, lembre-se da sua identidade como filho de Deus. Encontre seu valor e propósito Nele.

13. Reconstruir e Restaurar: Tal como os Israelitas que eventualmente regressaram do exílio para reconstruir a sua nação, procure oportunidades de restauração e renovação na sua vida após períodos de sofrimento.

14. Incentive a Esperança: Incentive a esperança em outras pessoas que estão passando por momentos difíceis. Compartilhe histórias de resiliência e triunfo sobre a adversidade para inspirar e elevar.

15. Lamentar Juntos: Na sua comunidade de fé, crie espaço para lamento e luto partilhado. Apoiem-se mutuamente em momentos de tristeza coletiva.

16. Descanse no Conforto de Deus: Em última análise, encontre conforto e consolo na presença de Deus. Confie que Ele pode trazer beleza das cinzas e transformar o luto em alegria.

O Salmo 137 nos lembra que não há problema em expressar nossa dor e tristeza a Deus. Incentiva-nos a buscar Seu conforto e a manter a fé em Sua soberania, mesmo em meio ao sofrimento. Também nos convida a estender a empatia e o apoio àqueles que estão passando por dificuldades e perdas.

Devocional

137.1-9 Que nunca mais eu possa cantar. Este é um salmo de lamento, e nos perturba. Descreve a dor daqueles que se lembram de Jerusalém (Sião) em ruínas e não conseguem cantar no exílio. Mas o que mais nos inquieta é a forma como o salmo termina: com uma imprecação, um desejo de vingança, mencionando crianças inocentes. O poeta consegue de forma magistral deixar fluir a beleza literária junto com os sentimentos mais profundos de vingança e desejos por justiça. O salmo começa por descrever o cativeiro e a negativa ao cantar (vs. 1-4). Continua com as razões para a frustração e para o silêncio musical (vs. 4-6): cantos de vitória e otimismo não são adequados num ambiente de derrota, injustiças e amargura, como o que se vive no exílio. Então o salmo termina com um clamor por justiça e desejos de vingança (vs. 7-9). A imprecação final o salmista reserva para Babilônia e seus infantes (v. 9), o mais rico e importante de todos os povos. Veja também o quadro “Orações vingativas” (Sl 94).

137.1 na beira dos rios da Babilônia. Israel foi derrotado militarmente e teve seu povo escravizado e levado em cativeiro por Nabucodonosor, rei da Babilônia, entre 605 e 586 a.C. (2Cr 36.13-23). As nações vizinhas, especialmente Edom, tomaram parte na destruição e saque à Jerusalém. chorávamos. Diante da derrota dolorosa e da perda de Jerusalém, os judeus não contiveram o pranto e foram autênticos na presença de Deus. Vemos assim a importância de vivenciar o luto, de chorar por aquilo que perdemos e de podermos ser autênticos na presença de Deus com nossa tristeza.

137.4-6 se esquecer de você, ó Jerusalém. Este é um salmo marcantemente judaico. Deus ao longo da Bíblia mostra que tem um amor especial por Jerusalém, cidade que Davi conquistou para ser sua capital, e onde preparou a construção do Templo, feita por Salomão, assim reunindo importância capital política e também religiosa, atraindo o amor de todo o povo. Os cristãos diminuíram a noção da importância de Jerusalém, mas ela foi o único lugar físico na terra em que Deus se dispôs a colocar seu nome. Como poderia um judeu ser feliz enquanto Jerusalém estivesse nas mãos de estrangeiros? Mesmo como cristãos, podemos orar pela paz de Jerusalém e seus destinos nos propósitos de Deus.

137.8 que fizer com você o mesmo que você fez conosco. Algumas pessoas passam por enormes tragédias na vida (assassinato de familiar, estupro, tortura, traição, abandono, etc.), e em consequência, a dor pode ser tão forte que faz surgir o ódio e o desejo de vingança. Muitas vezes essas pessoas acabam se afastando de Deus, pois imaginam que não haja lugar para tanto sentimento ruim no ambiente de fé. Seria muito mais saudável se, em vez de reprovação (ou de sempre celebrar só vitórias e alegrias), nossas comunidades acolhessem também expressões como as deste salmo, talvez não em protestos de rua ou expressados aos inimigos, mas na presença de Deus e na reunião de seu povo. Somente a dor reconhecida, exprimida e acolhida pode ser tratada. 

137.9 aquele que pegar as suas crianças. A primeira reação cristã a este salmo é de rejeição, porque Jesus nos ensinou a amar a nossos inimigos, a perdoar e a mostrar misericórdia. Mas percebamos duas coisas importantes: o salmista sabe muito bem que pode se achegar a Deus com todos esses “sentimentos condenáveis”, e que Deus não se assusta, não se escandaliza nem se retira. Ele nos criou com todos esses sentimentos, e podemos deixá-los expostos a seus pés. Ao mesmo tempo, percebemos que Deus não defende injustiças, nem o cativeiro, mas a justiça e a liberdade. O primeiro passo para transformar sentimentos ruins é reconhecer que nós os temos.