Mateus 3 — Comentário Evangélico

Mateus 3

3:1-2 Lembre-se que se oferece o reino aos judeus. João, como precursor de Jesus, pede às pessoas que se ar­rependam (mudem sua mente) e se preparem para a chegada do Rei. Je­sus pregou essa mensagem (4:7), e os discípulos também (10:7). O rei­no foi tirado da nação, quando ela rejeitou o Rei (21:42-43).

3:3 João é o cumprimento da profe­cia de Isaías 40:3. Ele foi o último profeta do Antigo Testamento (Lc 16:1 6). Durante 400 anos, não hou­ve profetas!

3:4 Ele era humilde e rústico na manei­ra de ser e de vestir. Sua forma de vestir lembra a de Elias (2Rs 1:8). Em Malaquias 4:5-6, Deus prome­teu que Elias viria antes do temível Dia do Senhor. Os judeus pergunta­ram a João se era Elias, e ele negou (Jo 1:21). Contudo, se os judeus ti­vessem recebido seu Rei, João teria sido aquele Elias (veja 11:14). João veio no espírito e no poder de Elias (Lc 1:17).

3:5-6 Não era batismo cristão (veja At 19:1-7), mas, antes, o batismo para arrependimento (veja v. 11). O ba­tismo dele era do céu (21:25-27) por dois motivos: (1) trazer Cristo ao conhecimento da nação (Jo 1:31) e (2) preparar o coração deles para a vinda do Rei. Os judeus batizaram os gentios que se tornaram judeus prosélitos, mas João batizou os ju­deus!

3:7-8 Os fariseus eram literalistas legais que transformaram a lei em um pe­sadelo; os saduceus eram liberais que negavam muita coisa do Anti­go Testamento (veja At 23:8). Em três ocasiões, João Batista e Jesus (12:34 e 23:33) chamaram os fari­seus de “raça de víboras”. Satanás é uma serpente, e esses homens são filhos de Satanás (Jo 8:44). Os fari­seus eram inimigos de Cristo e apa­recem, com frequência, no relato de Mateus. Nós os encontramos juntos de novo em 16:1 e 22:23 e 34.

3:9-12 Eles dependiam de seu relaciona­mento humano com Abraão para se salvar (veja Rm 9:6ss e Gl 3:7). Como Nicodemos, em João 3, eles chocam-se com a verdade de que precisam nascer de novo. Deus atinge a raiz de nossa vida (v. 10), pois a raiz determina o fruto (v. 8). Observe como João aponta-os para Jesus e exalta apenas a ele! O ver­sículo 11 menciona dois batismos — com o Espírito Santo (cumprido em Pentecostes, At 1:5, e para os gentios em At 11:16); e com fogo, para ser cumprido na segunda vin­da de Cristo (veja Ml 3:1-2 paralelo a Lc 7:27). Esse pequeno “e” cobre um longo período de tempo! O fogo fala de julgamento.

3:13-15 Por que o Filho de Deus sem pe­cados foi batizado? Sugerimos seis motivos:

1. Obrigação — para “cumprir toda a justiça” (cf. Jo 8:29).
2. Consagração — os sacerdotes do Antigo Testamento eram lavados, depois ungidos. Jesus submeteu-se ao batismo com água; depois, o Es­pírito Santo veio na forma de uma pomba. Veja Êxodo 29.
3. Aprovação — Jesus apro­vou o ministério de João e, assim, obrigou o povo a escutar a João e a obedecer-lhe (21:23-27).
4. Proclamação — essa era a apresentação oficial que João fazia de Jesus aos judeus. Veja João 1:31.
5. Antecipação — o batismo com água antecipa seu batismo de sofrimento na cruz por nós (Lc 12:50). Jesus cumpriu toda a justiça por intermédio de sua morte sacrificial no Calvário.
6. Identificação — Jesus iden­tificou-se como homem sem peca­do. Logo a seguir, o Espírito Santo levou-o ao deserto. Talvez isso seja um retrato do “bode expiatório” que simbolicamente carregou os pe­cados da nação para o deserto (Lv 16:1-10).

A palavra grega baptizo significa “mergulhar, imergir”, e era preciso muita água para o batismo de João (Jo 3:23). Na cruz, Jesus sentiu todas as ondas e vagalhões da ira de Deus.

3:16 O Espírito foi o sinal que Deus prometeu a João para que pudesse identificar Cristo (Jo 1:31-34). Em­bora Jesus e João fossem parentes (Lc 1:36), provavelmente não se viam havia anos. Mesmo que João conhecesse Jesus em carne, ele querería a confirmação divina do céu. O fato de o Espírito ser sim­bolizado por uma pomba é impor­tante: a pomba é uma ave limpa, fiel a seu parceiro, pacífica e gen­til. Cristo nasceu por intermédio do poder do Espírito (Lc 1:34-35), e este também capacitou-o para sua vida e ministério.

3:17 Essa é a primeira das três vezes em que o Pai falou com seu Filho do céu (veja Mt 17:5 e Jo 12:28). Aqui temos a revelação da Trindade: o Filho é batizado, o Espírito desce na forma de pomba, e o Pai fala do céu. O Filho foi aprovado pelo Pai, ao iniciar seu ministério, e recebe aprovação de novo, quando ele se aproxima da cruz (17:5).

Um rei tem de provar que pode se governar antes de governar outras pessoas. Foi por isso que o rei Saul perdeu seu reinado — ele não conse­guia se controlar e obedecer a Deus. Esse capítulo mostra o Rei se encon­trando com seu inimigo, “o príncipe do mundo”, e derrotando-o.

Fonte: Wiersbe’s Expository Outlines on the New Testament