Mateus 2:1-12 — Comentário Católico

Mateus 2:1-12 — Comentário Católico

A visita dos sábios (2,1-12)

1. tendo Jesus nascido: o nascimento é relatado mediante um particípio e posto imediatamente em relação com alguns acontecimentos políticos e sociais mais amplos. Herodes: Herodes, o Grande, era um rei vassalo (rex socius) do império romano; reinou de 37 a 4 a.C. e foi uma personalidade extraordinária, dominante (História, 75:156-59). Ver Lc 1,5. Os acontecimentos relatados sobre ele neste texto não são conhecidos a partir de nenhuma outra fonte, mas são apropriados ao que sabemos dele. magos: uma casta de sábios, associada, de forma variada, à interpretação dos sonhos, ao zoroastrismo, à astrologia e à magia. Na tradição cristã posterior, tornaram-se reis sob a influência do SI 72,10; Is 49,7; 60,10. O número três é deduzido dos três presentes (v. 11). Por fim, foram nomeados: Gaspar, Baltasar e Melquior na igreja ocidental, e Gaspar se converteu em um personagem negro. Foram considerados representantes do mundo dos gentios que, em toda a sua diversidade racial, vêm a Cristo, do Oriente: poderia ser a Pérsia, a Síria Oriental ou a Arábia. 2. rei dos judeus: Jesus é designado um Messias real. Sua estrela: a estrela que conduz a Cristo é provavelmente um elemento midráshico derivado de Nm 22-24, o relato de Balaão, especialmente 24,17, o quarto oráculo; a estrela é identificada com o Messias no TgOnq. e no TgYer I. Se é histórica, poderia ser uma supernova, um cometa (veja Virgílio, Eneida 2.694: “uma estrela que conduz um meteoro voou com muita luz”), ou uma conjunção planetária.

5. Belém: a cidade do humilde Davi é contrastada com a Jerusalém de Herodes. Belém era a cidade da antepassada de Davi, Rute (Rt 1,1-4), e de sua família (ISm 16; 17,12); contudo, apesar de Mq 5,2, a crença de que o Messias nasceria ali não parece ter sido dominante nesta época (cf. Jo 7,42). 6. A citação é de Mq 5,1, mas Mateus muda “clãs de Judá” para “regentes de Judá”, a fim de realçar o aspecto messiânico e acrescenta “que apascentará Israel, o meu povo” 2Sm 5,2; lCr 11,2.8. Duplicidade política clássica. 11. o menino com Maria, sua mãe: os magos representam um modelo de mariologia sólida como adoradores de Cristo em um contexto mariano. ouro, incenso e mirra: a lista dos presentes pode ser inspirada por Is 60,6.11.13, que, junto com o SI 72,10-11, é citado implicitamente. Na tradição posterior, o ouro veio significar o reino de Cristo, o incenso, sua divindade; a mirra, seu sofrimento redentor - ou virtude, oração e sofrimento. Alguns cristãos da protoigreja ficaram escandalizados com esta narrativa por causa da função da estrela. Esta característica favoreceu a astrologia? Os povos antigos, experimentando o caos social, sentiram-se atraídos à religião astral por causa da rigorosa regularidade das estrelas. Mas esta religião se tornou opressiva, fazendo as pessoas sentirem-se indefesas sob a tirania da heimarmenê, “destino”. Mateus não mostra nenhum interesse por este assunto. Mas, pelo fato de a estrela aqui servir ao propósito de Deus e conduzir os magos a Jesus, podemos dizer que o poder do determinismo astral é rompido.