Salmo 96 — Análise Bíblica

Salmo 96: Cante ao Senhor do universo

O salmo 96 possui estreita ligação com o cântico de celebração entoado quando Davi conseguiu finalmente levar a arca de Deus para a “tenda que lhe armara” (lCr 16:1,23-33).

96:1-6 Adoração por meio de cânticos. No salmo 95, o salmista convidou outros a acompanhá-lo na adoração e celebração da grandeza de Deus. Volta ao mesmo tema no salmo 96, mas, em vez de fazer um convite, dá uma ordem para adorar e dirige-a não apenas a nós, mas ao mundo todo (96:lô). Devemos cantar ao Senhor um cântico novo (96:1a; cf. tb. 33:3; 40:3; 98:1; Ap 5:9; 14:3). Essa instrução não quer dizer que é errado entoar canções tradicionais e que devemos apenas cantar hinos e corinhos atuais. Antes, significa que os cânticos que entoamos devem expressar louvor renovado em nosso coração. O espírito dos cânticos pode ser vigoroso e novo, mas seu conteúdo deve declarar verdades que não mudaram: devemos bendizer o nome do Senhor (ou seja, seu caráter), proclamar a sua salvação e anunciar entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas (96:2-3).

Em 96:4-6, encontramos os motivos para louvar, mencionados também nos salmos 93 e 95:3. Deus é o Criador dos céus (e da terra) (Gn 1:1). Os deuses de outras nações são desprezíveis em comparação a ele. Sua glória e majestade [...]força e formosura devem despertar-nos admiração.

96:7-9 A glória devida. O salmo 96 começou com uma injunção tripla: “Cantai ao Senhor” (96:l-2a) e agora traz outra ordem tripla semelhante: Tributai ao Senhor (96:7-8a). Mais uma vez, fica evidente quem deve obedecer: Todas as famílias dos povos, que são chamadas a confessar a glória e força do Senhor às quais 96:6 se refere. Mais especificamente, devem reconhecer a glória devida ao seu nome (96:80). Nenhum outro nome, no céu ou na terra, merece a mesma honra (cf. tb. Ef 2:10-11). Nosso reconhecimento da glória de Deus deve incluir manifestações tangíveis de fé e confiança nele e gratidão por sua bondade para conosco. Glorificamos a Deus desse modo ao nos reunirmos para adorá-lo e ao lhe apresentar ofertas (96:8c). O salmista parece perceber que reunir-se e apresentar ofertas pode tomar-se mero ritual social, pois logo em seguida volta ao tema da adoração. É importante adorar o Senhor na beleza da sua santidade (96:9). Em partes anteriores desse salmo, observamos a ênfase sobre a glória do Senhor, enquanto aqui o texto focaliza sua santidade. Devemos não apenas nos regozijar diante de Deus, mas também saber o que significa dizer que ele é “temível mais que todos os deuses” (96:4). Devemos estremecer diante dele, reverenciá-lo e viver em santidade (IPe 1:15-21).

96:10-13 O Rei e Juiz vindouro. Nações e indivíduos podem recusar-se a reconhecer Deus como Criador e Governante da terra, e ateístas podem até negar sua existência, mas nada disso afeta o ser de Deus. Aqui, o salmista chama o povo de Deus para proclamar a todas as nações: Reina o Senhor (96:10). Seu governo é estável e sem fronteiras. Os governantes deste mundo podem julgar incorretamente, mas Deus julga os povos com equidade e justiça. O salmista convoca toda criação para celebrar, pois o verdadeiro Rei e justo Juiz está chegando. Os céus devem alegrar-se, e a terra deve exultar (96:11a). O mar e todos os seus habitantes, bem como o campo e tudo o que nele há, devem regozijar-se (96:116-12a). Até mesmo as árvores da floresta devem cantar de júbilo, pois o justo Juiz está chegando (96:120). Está vindo para julgar a terra [...] com justiça e os povos, consoante a sua fidelidade (96:13; Ap 19:11). Como cristãos, vivemos na expectativa constante da vinda do Senhor. Quando ele voltar, todos, inclusive os governantes deste mundo, se curvarão diante dele, e os povos do mundo inteiro estarão sob sua jurisdição.