Salmo 92 — Análise Bíblica

Salmo 92: Louvores a Deus em todo tempo

De acordo com o título, este salmo é um cântico para o dia de sábado. A alegria que expressa deixa claro que o sábado era celebrado com adoração jubilosa, ação de graças e louvor. Não era um dia enfadonho, nem apenas um dia de descanso. Em nosso tempo, muitas vezes o domingo não passa de um dia de lazer no qual descansamos em casa, assistimos à televisão e realizamos reuniões tribais. Para os cristãos, porém, o domingo deve ser um dia de culto, no qual cantamos, ouvimos Deus falar por meio da pregação e do estudo de sua Palavra e lhe agradecemos por seu cuidado.

92:1-6 Louvor a Deus por seu amor e suas obras 
Chamados ou convites para louvar a Deus aparecem ao longo de todo o Saltério. O ponto culminante é o salmo 150, que convoca todos os habitantes dos céus e da terra para louvarem ao Senhor. Aqui no salmo 92, o salmista começa com a declaração: Bom é render graças ao Senhor e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo (92:1). Além de ser aprazível louvar a Deus, também é bom para nós, pois nos lembra a misericórdia e a. fidelidade com a qual ele abençoa seu povo dia e noite (92:2; cf. tb. Dt 6:7; Sl 5:3; 42:8). Podemos aprender com os pássaros que cantam na mata logo cedo e no final da tarde, pouco antes de escurecer. Não conhecemos a linguagem dos pássaros nem sabemos o que dizem, mas podemos interpretar seus trinados como cânticos de louvor a Deus pelo novo dia e pelo alimento e segurança que o Senhor provê. O salmista e aqueles que cantam com ele são acompanhados por instrumentos de dez cordas, [...] saltério e [...] harpa (92:3). Devemos fazer como eles e acompanhar nossos cânticos com instrumentos locais. Na Nigéria, por exemplo, podemos usar instrumentos de cordas como o molo, instrumentos de sopro como a algaita (semelhante ao oboé) e o kakaki (semelhante ao trompete), e instrumentos de percussão como o kundung (semelhante ao xilofone), o gongo e tambores kalangu e tambari. Além da misericórdia e da fidelidade mencionadas no versículo 2, o salmista fornece mais dois motivos para louvar a Deus: Seus feitos e suas obras (92:4; cf. Sl 8:3,6; 19:1; 102:25). Deus fez a terra com todos os seus montes, mares, oceanos e tudo o que vive e cresce neles! Só de pensar nisso, devemos sentir-nos inspirados a cantar com júbilo ao Senhor. Não apenas as obras de Deus são maravilhosas, mas seus pensamentos são profundos (92:5). É triste que o inepto não reconheça os motivos para honrar seu Criador misericordioso e fiel (92:6).

92:7-11 Louvores a Deus por humilhar os ímpios 
Na RA, o versículo 7 é continuação do anterior, mas no texto hebraico os dois versículos são separados, e é assim que os consideraremos aqui. Os ímpios por vezes parecem levar vantagem. Prosperam e brotam como a erva. Seu viço, porém, é passageiro, e eles serão destruídos para sempre (92:7; cf. tb. Sl 73). As vitórias dos perversos não são duradouras, mas o Senhor é o Altíssimo eternamente (92:8). Todos os seus inimigos perecerão (92:9). A destruição será o fim não apenas dos inimigos de Deus, mas também dos inimigos do salmista, daí ele dizer ao Senhor: Tu exaltas o meu poder como o do boi selvagem (92:10). A referência a ser ungido com óleo fresco pode sugerir que esse salmo foi escrito depois que Davi se tomou rei e conquistou seus inimigos (2Sm 22; Sl 23:5). Esses versículos, especialmente 92:11, não devem ser interpretados como justificativa para desejar vingança pessoal sobre nossos inimigos e regozijar-nos quando eles sofrem. Antes, eles celebram o fato de que Deus é vitorioso no presente e o será no fim dos tempos. O Senhor removerá os poderosos que se opõem a ele e perseguem seu povo e honrará os fiéis. 

92:12-15 Louvores a Deus por exaltar os justos 
Enquanto os malfeitores estão destinados à destruição eterna e são comparados à “erva” (92:7), o justo é comparado a plantas muito maiores: Florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro do Líbano (92:12). Os perversos serão “dispersos” (92:9), mas os justos permanecerão e florescerão na presença do nosso Deus (92:13). Nenhum tipo de erva sobrevive mais que uma estação, mas os justos serão cheios de seiva e de verdor e na velhice darão ainda frutos (92:14). Sua força física pode diminuir, mas sua força espiritual permanecerá e crescerá enquanto eles continuam a proclamar a justiça do Senhor e a reconhecê-lo como sua rocha (92:15). Que em nossos tempos difíceis hoje possamos ser tão firmes quanto eles ao declarar: O Senhor é reto. Ele é a minha rocha, e nele não há injustiça.