Contexto Histórico, Social e Religioso de Apocalipse

Contexto Histórico, Social e Religioso de Apocalipse



Contexto Histórico, Social e Religioso de Apocalipse


Introdução: Para compreender de forma ampla o livro de Apocalipse faz-se necessário o entendimento circunstancial ao qual o livro fora redigido. Abaixo explicamos os três pontos relevantes do livro de Apocalipse.


A. Histórico. O ambiente de Apocalipse parece ser o das cidades da costa iônica, pertencentes à província romana da Ásia. Nessas cidades floresciam inúmeras seitas, todas elas hostis à ética e à teologia da Igreja Cristã. Imediatamente surgiu uma forte oposição aos crentes, que não só condenavam a idolatria e pregavam o monoteísmo, como também defendiam um rígido código moral. O rápido crescimento da igreja ameaçava sua prosperidade econômica, visto que esvaziava os templos e privava de sua clientela os vendedores de animais destinados aos sacrifícios e os artífices que construíam ídolos e imagens. Nesse período também, os imperadores, particularmente Nero (54-68 d.C.) e Domiciano (81-96 d.C.) passaram a exigir do povo reverências que se aproximavam muito da adoração. Os cristãos recusavam-se a prestar aquele tipo de homenagem e, assim, se expunham às acusações de antipatriotismo, quando não de subversão.


B. Social. As pressões que estas divergências religiosas, sociais e políticas exerceram sobre a Igreja Cristã, definitivamente geraram uma reação. Para que sua identidade fosse mantida, os crentes tiveram de assumir uma posição. O próprio autor de Apocalipse aparentemente fora exilado por causa de sua fé, e não é surpresa que seus escritos revelem uma certa hostilidade para com a corrupção predominante no Império Romano. Seu caráter é estigmatizado como uma prostituta vestida de escarlate e púrpura “embriagada com o sangue dos santos e com o sangue das testemunhas de Jesus” (Apocalipse 17.6). Embora as profecias do livro não devam ser aplicadas unicamente aos acontecimentos contemporâneos, com certeza, existe uma relação entre toda a simbologia e as imagens utilizadas pelo escritor de Apocalipse e as circunstâncias vividas pela Igreja naqueles dias.


Veja mais: Contexto Histórico do Livro de Apocalipse


C. Religioso. O rompimento entre a Igreja e o Judaísmo provavelmente completou-se com a queda de Jerusalém, no ano 70 d.C., quando a Igreja e a sinagoga tomaram rumos distintos. A doutrina da justificação pela fé, sem as obras da lei, abrira um abismo entre os defensores do Judaísmo ortodoxo e a comunidade dos crentes. A destruição do Templo quebrou o último vínculo que pudesse ter restado entre a Igreja e o centro da fé judaica na qual fora criada. Devido a toda a oposição que os judaizantes faziam contra a Igreja, acabaram sendo acusados de ser a “sinagoga de Satanás” (Apocalipse 3.9), resultando em um completo afastamento entre os dois grupos. Dentro da própria Igreja havia sinais de evidente declínio, refletido nas cartas às sete igrejas da Ásia. O fervor inicial esfriara, e imoralidades e heresias haviam se infiltrado nas fileiras de mestres, bem como entre os leigos, prevalecendo no seio da Igreja uma frouxidão ética e moral. Apocalipse representa uma tentativa de reviver o zelo da Igreja, retratando as tensões da época e convocando os leitores a se preparar para a volta de Cristo em julgamento.