Estudo sobre 1 Coríntios 11:3-7
1 Coríntios 11:3-7
Paulo inicia a resposta com conhecida fórmula: “Quero, entretanto, que saibais.” Também nesse caso Paulo novamente não quer que o costume vigente ou a autoridade apostólica decida, mas visa conduzir a igreja à compreensão própria e, assim, ao julgamento autônomo. Aqueles coríntios que buscam igualdade indistinta precisam compreender que a realidade é diferente. Cada um tem seu “cabeça” que o governa e ao qual ele pertence e serve com toda a dedicação. “Quero, entretanto, que saibais ser o Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça do Cristo.” Também o homem “livre” está debaixo de um “cabeça”, sob o Cristo. Recordamo-nos de 1Co 7.22: “o livre que foi chamado é um escravo de Cristo”. Em consonância, também a mulher tem no homem seu “cabeça”. Entretanto, para que não surja imediatamente no coração de muitas mulheres a rebeldia contra essa exigência exagerada, Paulo encerra com a frase: “E Deus, o cabeça do Cristo.” Logo possui acima de si um “cabeça” também aquele a quem a igreja adora como “Senhor”, que tem “o nome sobre todo nome”, pertencendo e servindo a esse cabeça com dedicação total. Assim a mulher resistente pode constatar que a submissão a um cabeça não é rebaixamento e desgraça, mas que traz consigo justamente a glória plena do serviço. A mulher tampouco deve ficar à mercê da arbitrariedade de um homem dominador, mas ter seu cabeça naquele homem que é, ele próprio, inteiramente servo de seu cabeça Cristo.
Imediatamente Paulo acrescenta a essa afirmação fundamental a constatação: “Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Toda mulher, porém, que ora ou profetiza com a cabeça sem véu desonra a sua própria cabeça, porque é igual à (mulher) rapada.” O entendimento dessas frases é dificultado pelo fato de que a expressão para “cabeça” usada ocorre num sentido duplo, em parte concreto e em parte simbólico. Será que o “cabeça desonrado” pelo respectivo comportamento de homem e mulher é a cabeça deles mesmos, ou o “cabeça” que a mulher possui no homem, e o homem no Cristo? Somente na segunda hipótese as afirmações do apóstolo obtêm a força de impacto e profundidade que temos de esperar de um homem como Paulo.
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E somente assim o v. 7 torna-se compreensível como uma explicação dessa questão. “Porque o homem obviamente não tem a obrigação de cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus.” Em Cristo, seu cabeça, o homem foi criado como “imagem da glória de Deus”. Por isso ele “desonra” esse seu “cabeça”, Cristo, se cobrir sua cabeça ao orar. Por trás dessa afirmação está a percepção de que todo o “cobrir” e “ocultar” são expressão de temor e submissão. O homem pode e deve apresentar-se diante de Deus livre e sem essa espécie de receio, porque em Cristo ele é “imagem da glória de Deus”.
Diferente é a situação da mulher. De acordo com o costume da época, que era observado com especial rigor na comunidade judaica, a mulher casada usava um véu. Onde vigorava esse costume, a mulher com o cabelo descoberto imediatamente causava uma impressão de leviana e provocante. Por isso Paulo pode afirmar sobre essa mulher com plena convicção: “Porque é igual à (mulher) rapada.”