Quando Deus Falou Grego: A Septuaginta

Quando Deus Falou Grego: A Septuaginta

Capítulo 1 – O Mundo Antes da Bíblia


Resumo:
Law inicia o livro argumentando que a concepção moderna de "Bíblia" como um texto fixo e autoritativo não existia no mundo antigo. Antes da fixação do cânon, as Escrituras circulavam em diferentes versões e tradições. O autor explora o ambiente textual do judaísmo pré-cristão, demonstrando que os textos sagrados estavam em um estado de constante variação e interpretação.

Análise:
Este capítulo desafia a visão tradicional de um Antigo Testamento unificado e imutável. Law mostra que, em vez de um único texto hebraico fixo, havia uma diversidade textual que incluía a Septuaginta, os textos de Qumran e outras variantes. Isso tem implicações significativas para a autoridade do texto bíblico e sua interpretação ao longo da história.

Capítulo 2 – A Origem da Septuaginta

Resumo:

Aqui, Law descreve a lenda da tradução da Septuaginta sob o reinado de Ptolemeu II no Egito. Segundo a tradição, 72 estudiosos judeus foram reunidos para traduzir a Torá do hebraico para o grego, criando a base da LXX. Ele enfatiza que a LXX não era apenas uma tradução literal, mas uma interpretação contextualizada dos textos hebraicos, muitas vezes adaptada para um público grego.

Análise:
O capítulo ilustra como a LXX foi moldada tanto por sua comunidade de origem quanto pelo ambiente cultural helenístico. A tradução não foi meramente linguística, mas também teológica, refletindo um judaísmo que já estava em transformação. Law sugere que a LXX foi, em muitos aspectos, um novo texto, distinto do hebraico original.

Capítulo 3 – A Autoridade da Septuaginta no Judaísmo Antigo

Resumo:

Antes do cristianismo, a LXX era amplamente aceita por muitos judeus da diáspora. O autor apresenta evidências de que algumas comunidades judaicas consideravam a LXX tão sagrada quanto os textos hebraicos. No entanto, havia diferentes versões do texto circulando, e não um cânon fixo.

Análise:
Esse capítulo reforça a ideia de que o conceito de um "texto original" fixo é uma construção posterior. A ampla aceitação da LXX dentro do judaísmo helenístico sugere que a "Bíblia" judaica ainda não havia sido rigidamente definida. Isso tem implicações para entender como os primeiros cristãos usaram e interpretaram a LXX.

Capítulo 4 – A Septuaginta e o Novo Testamento

Resumo:

Law demonstra que a maioria das citações do Antigo Testamento no Novo Testamento vêm da LXX, não do texto hebraico. Isso moldou a teologia cristã inicial, especialmente na interpretação messiânica de passagens do Antigo Testamento.

Análise:
Esse capítulo é crucial porque mostra como a teologia cristã primitiva foi formada pela LXX. Se os autores do Novo Testamento usaram a LXX, isso significa que interpretações baseadas apenas no hebraico massorético podem perder nuances significativas. A autoridade da LXX no cristianismo primitivo teve um impacto duradouro na doutrina cristã.

Capítulo 5 – O Rejeição da Septuaginta pelo Judaísmo Rabínico

Resumo:

Após a ascensão do cristianismo, os rabinos começaram a rejeitar a LXX, preferindo um texto hebraico mais padronizado. Esse processo culminou na padronização do Texto Massorético, enquanto a LXX foi abandonada pelo judaísmo oficial.

Análise:
Esse capítulo mostra que a rejeição da LXX foi, em grande parte, uma resposta ao uso cristão da tradução grega. Isso reforça a tese de que os textos bíblicos não eram fixos, mas fluídos e dependentes dos contextos teológicos e políticos de suas épocas.

Capítulo 6 – A Septuaginta e os Pais da Igreja

Resumo:

Os primeiros teólogos cristãos, como Orígenes e Agostinho, viam a LXX como a versão inspirada do Antigo Testamento. Eles utilizaram a LXX para debates teológicos e para defender a superioridade do cristianismo sobre o judaísmo.

Análise:
Esse capítulo destaca como a Igreja adotou a LXX como sua Escritura oficial, em oposição ao texto hebraico rabínico. Isso teve consequências para a formação do cânon cristão, influenciando a inclusão dos livros deuterocanônicos na Bíblia católica e ortodoxa.

Capítulo 7 – A Queda da Septuaginta no Ocidente

Resumo:

Com a tradução da Vulgata por Jerônimo, que usou o hebraico como base, a LXX perdeu espaço na Igreja Ocidental. No entanto, ela permaneceu central na Igreja Ortodoxa Oriental.

Análise:
Esse capítulo evidencia a importância das decisões teológicas na história da Bíblia. A decisão de Jerônimo de usar o hebraico influenciou profundamente o cristianismo ocidental e sua relação com o Antigo Testamento.

Capítulo 8 – A Reforma Protestante e o Retorno ao Hebraico

Resumo:

Martinho Lutero e outros reformadores rejeitaram a LXX em favor do Texto Massorético. Isso levou à exclusão dos livros deuterocanônicos da Bíblia protestante.

Análise:
Esse capítulo enfatiza como as escolhas teológicas da Reforma moldaram o cânon protestante. A rejeição da LXX reduziu a influência do Antigo Testamento grego no Ocidente, alterando a forma como os cristãos interpretavam as Escrituras.

Capítulo 9 – A Redescoberta da Septuaginta na Era Moderna

Resumo:

O interesse acadêmico pela LXX ressurgiu nos séculos XIX e XX, levando a novas descobertas sobre sua importância para o judaísmo antigo e o cristianismo primitivo.

Análise:
Esse capítulo mostra como a pesquisa moderna vem desafiando suposições sobre a Bíblia. A LXX é agora vista como um testemunho essencial do texto bíblico antigo, influenciando a erudição contemporânea.

Capítulo 10 – O Legado da Septuaginta

Resumo:

Law conclui o livro argumentando que a LXX continua sendo uma ferramenta essencial para entender o desenvolvimento da Bíblia e a teologia cristã. Ele sugere que um retorno à LXX pode enriquecer nossa compreensão das Escrituras.

Análise:
O livro encerra com uma forte defesa da LXX como uma fonte legítima para o estudo bíblico. Ele convida estudiosos e cristãos a reconsiderarem sua importância no estudo da Bíblia, mostrando como a história da Bíblia foi moldada por decisões humanas e contextos históricos.

Conclusão Geral

O livro When God Spoke Greek é uma obra essencial para compreender o papel da Septuaginta na formação da Bíblia cristã. Law demonstra que a Bíblia não foi um documento fixo desde o início, mas um texto dinâmico, influenciado por escolhas teológicas e históricas.