Comentário de Atos dos Apóstolos (Part. 3)

ATOS DOS APÓSTOLOS, ESTUDO BIBLICO, TEOLOGICO
Tema: Ande no temor de Deus

Texto Base: “Como [a congregação] andava no temor de Jhwh e no consolo do Espírito Santo, multiplicava-se.” — ATOS 9:31.

Certo discípulo enfrentava um teste supremo. Manteria ele a integridade para com Deus? Sim manteria! Ele havia andado no temor de Deus, com reverência para com seu Fazedor, e morreria como fiel servo de Yehowah.

Este homem temente a Deus e íntegro era Estêvão, “homem cheio de fé e espírito santo”. (Atos 6:5) Seu assassinato desencadeou uma onda de perseguição, mas, depois disso, a congregação por toda a Judéia, Galiléia e Samaria entrou num período de paz e foi edificada espiritualmente. Ademais, “como andava no temor de Yehowah e no consolo do espírito santo, multiplicava-se”. (Atos 9:31) Como atuais cristãos, podemos estar certos de que Deus nos abençoará, quer experimentemos paz, quer perseguição, conforme indica Atos, capítulos 6 ao 12. Portanto, andemos com temor reverente ao sermos perseguidos, ou, então, usemos qualquer trégua na perseguição para edificação espiritual e serviço mais ativo a Deus. — Deuteronômio 32:11, 12; 33:27.

Fiel Até o Fim: Mesmo se surgirem problemas em tempos de paz, boa organização pode ajudar a resolvê-los. ( 6:1-7) Judeus de língua grega em Jerusalém queixavam-se de que suas viúvas estavam sendo despercebidas na distribuição diária de alimentos em favor de crentes judeus que falavam hebraico. Este problema foi resolvido quando os apóstolos nomearam sete homens para cuidar desta “incumbência necessária”. Um deles era Estêvão.

Contudo, o piedoso Estêvão logo enfrentou um teste. (6:8-15) Surgiram certos homens que discutiram com Estêvão. Alguns eram da “Sinagoga dos Libertos”, talvez judeus capturados pelos romanos e posteriormente emancipados, ou prosélitos judeus outrora escravos. Impotentes diante da sabedoria e do espírito com que Estêvão falava, seus inimigos levaram-no ao Sinédrio. Ali, testemunhas falsas disseram: ‘Nós ouvimos esse homem dizer que Jesus destruirá o templo e mudará os costumes que Moisés instituiu.’ Todavia, mesmo seus opositores viam que Estêvão não era um transgressor, mas que tinha um sereno semblante de anjo, um mensageiro de Deus, confiante de Seu apoio. Quão diferente dos semblantes deles, carregados de maldade, pois prestavam-se aos interesses de Satanás!

Interrogado pelo Sumo Sacerdote Caifás, Estêvão deu um destemido testemunho. (7:1-53) Seu retrospecto da história israelita mostrou que Deus intencionava pôr de lado a Lei e os serviços no templo quando o Messias chegasse. Estêvão mencionou que Moisés, o libertador que todo judeu afirmava honrar, foi rejeitado pelos israelitas, assim como agora eles não aceitavam Aquele que trazia uma libertação maior. Ao dizer que Deus não mora em casas feitas por mãos, Estêvão mostrou que o templo e seu sistema de adoração deixariam de existir. Mas, visto que os juízes não temiam a Deus nem desejavam conhecer a Sua vontade, Estêvão disse: ‘Homens obstinados, vós sempre resistis ao Espírito Santo. A qual dos profetas vossos antepassados não perseguiram? Eles mataram os que predisseram a vinda do Justo, cujos traidores e assassinos vos tornastes.’

As destemidas declarações de Estêvão levaram ao seu assassinato. (7:54-60) Os juízes ficaram enfurecidos diante dessa exposição de sua culpa na morte de Jesus. Mas, como se fortaleceu a fé de Estêvão quando ‘fitou os olhos no céu e avistou a glória de Deus e Jesus em pé à Sua mão direita’! Estêvão podia agora encarar seus inimigos com a confiança de que fizera a vontade de Deus. Embora não tenhamos visões, podemos ter similar serenidade que Deus nos dá quando somos perseguidos. Depois de arrastar Estêvão para fora de Jerusalém, seus inimigos passaram a apedrejá-lo, e ele fez o apelo: “Senhor Jesus, recebe meu espírito.” Isto era apropriado, pois Deus autorizara Jesus a ressuscitar outros. (João 5:26; 6:40; 11:25, 26) De joelhos, Estêvão clamou: “Yehowah, não lhes imputes este pecado.” Daí, ele adormeceu na morte como mártir, como aconteceu com tantos outros seguidores de Jesus desde então, mesmo nos tempos modernos.

A Perseguição Dissemina as Boas Novas: A morte de Estêvão realmente resultou na disseminação das boas novas. (8:1-4) A perseguição espalhou todos os discípulos, exceto os apóstolos, por toda a Judéia e Samaria. Saulo, que aprovou o assassinato de Estêvão, investiu contra a congregação como fera, invadindo casa após casa para arrastar os seguidores de Jesus a prisão. À medida que os dispersos discípulos de Jesus continuavam a pregar, o intento de Satanás, de parar os piedosos proclamadores do Reino por persegui-los, foi frustrado. Também hoje, em muitos casos a perseguição tem disseminado as boas novas ou chamado a atenção para a obra de evangelização do Reino.

O evangelista Filipe foi a Samaria para “pregar-lhes o Cristo”. (8:5-25) Prevalecia grande alegria naquela cidade à medida que as boas novas eram proclamadas, espíritos impuros eram expulsos e pessoas eram curadas. Os apóstolos em Jerusalém enviaram Pedro e João a Samaria e, quando oraram e puseram as mãos sobre os que foram batizados, os novos discípulos receberam espírito santo. Um recém-batizado, o ex-mago Simão, tentou comprar essa autoridade, mas Pedro disse: ‘Pereça contigo a tua prata. O teu coração não é reto à vista de Deus.’ Informado de que devia arrepender-se e suplicar o perdão de Deus, ele pediu que os apóstolos orassem em seu favor. Isto devia mover todos os tementes a Deus da atualidade a orar por ajuda divina em salvaguardar o coração. (Provérbios 4:23) (Deste evento originou-se a palavra “simonia”, “a compra ou a venda de um cargo religioso ou promoção eclesiástica”.) Pedro e João proclamaram as boas novas em muitas aldeias samaritanas. Assim, Pedro usou a segunda chave que Jesus lhe dera para abrir a porta do conhecimento e da oportunidade de entrar no Reino celestial. — Mateus 16:19.


O anjo de Deus deu então a Filipe uma nova designação. (8:26-40) Num carro que ia de Jerusalém para Gaza viajava um “eunuco”, administrador do tesouro da rainha da Etiópia, Candace. Ele não era eunuco em sentido físico, impedido de pertencer à congregação judaica, uma vez que fora a Jerusalém para adorar como prosélito circunciso. (Deuteronômio 23:1) Filipe encontrou o eunuco lendo o livro de Isaías. Convidado para entrar no carro, Filipe considerou a profecia de Isaías e “declarou-lhe as boas novas a respeito de Jesus”. (Isaías 53:7, 8) Pouco depois, o etíope exclamou: “Eis um corpo de água! O que me impede ser batizado?” Nada o impedia, pois ele tinha conhecimento a respeito de Deus e agora tinha fé em Cristo. Assim, Filipe batizou o etíope, que então seguiu seu caminho, alegrando-se. Há algo que impede você de ser batizado nas águas?

Um Perseguidor Se Converte: No ínterim, Saulo procurava fazer com que os seguidores de Jesus renunciassem à sua fé sob ameaça de prisão ou morte. (9:1-18a) O sumo sacerdote (provavelmente Caifás) deu-lhe cartas para as sinagogas em Damasco, autorizando-o a trazer presos a Jerusalém homens e mulheres que pertencessem ao “Caminho”, ou modo de vida baseado no exemplo de Cristo. Por volta do meio-dia, perto de Damasco, uma luz reluziu do céu e uma voz perguntou: “Saulo, por que me persegues?” Os que estavam com Saulo ouviram “o som duma voz”, mas não entenderam o que foi dito. (Compare com Atos 22:6, 9.) Essa revelação parcial do glorificado Jesus foi o suficiente para cegar Saulo. Deus usou o discípulo Ananias para restaurar-lhe a visão.

Depois de seu batismo, o ex-perseguidor tornou-se alvo de perseguição. (9:18b-25) Os judeus em Damasco queriam eliminar Saulo. De noite, porém, os discípulos baixaram-no através de uma abertura no muro, provavelmente num grande cesto entrançado, feito de cordas ou raminhos entrelaçados. (2 Coríntios 11:32, 33) A abertura talvez fosse uma janela da casa de um discípulo, construída no muro. Não era um ato de covardia eludir-se dos inimigos e continuar a pregar.

Em Jerusalém, Barnabé ajudou os discípulos a aceitarem a Saulo como concrente. (9:26-31) Ali, Saulo destemidamente discutia com judeus de língua grega, que também tentaram liquidá-lo. Notando isso, os irmãos levaram-no a Cesaréia e enviaram-no a Tarso, sua cidade natal, na Cilícia. A congregação através de toda a Judéia, Galiléia e Samaria “entrou então num período de paz, sendo edificada” espiritualmente. À medida que “andava no temor de Yehowah e no consolo do Espírito Santo, multiplicava-se”. Que bom exemplo para todas as congregações cristãs atuais, que esperam receber a bênção de Deus!