Comentário de Atos dos Apóstolos (Part. 6)

comentario devocional, atos dos apostolos
Resolve-se Uma Questão Vital: A firmeza na fé exigia a união de pensamento. (1 Coríntios 1:10) Para que o cristianismo não se dividisse em facções hebraica e não-judaica, o corpo superintendente do primeiro século em Jerusalém tinha de decidir se os gentios que afluíam à organização de Deus tinham ou não de guardar a Lei mosaica e ser circuncidados. (15:1-5) Certos homens da Judéia já haviam viajado a Antioquia, na Síria, e haviam começado a ensinar aos crentes gentios locais que, a menos que fossem circuncidados, não poderiam ser salvos. (Êxodo 12:48) Assim, Paulo, Barnabé e outros foram enviados aos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Mesmo ali, alguns crentes que outrora eram fariseus de mentalidade legalística insistiam que os gentios tinham de ser circuncidados e observar a Lei.

Realizou-se uma reunião para averiguar qual era a vontade de Deus. (15:6-11) Sim, houve discussão, mas não contenda, à medida que homens de fortes convicções se expressavam — um bom exemplo para os pastores hoje! Passado um tempo, Pedro disse: ‘Deus escolheu que por intermédio da minha boca os gentios [tais como Cornélio] ouvissem as boas novas e cressem. Ele deu testemunho por dar-lhes Espírito Santo e não fez distinção entre nós e eles. [Atos 10:44-47] Assim, por que estais pondo Deus à prova por impor no pescoço deles um jugo [a obrigação de guardar a Lei] que nem nós nem nossos antepassados pudemos levar? Nós [judeus segundo a carne] confiamos em ser salvos por intermédio da graça imerecida do Senhor Jesus, do mesmo modo como também essas pessoas.’ Ter Deus aceitado gentios incircuncisos mostrou que a circuncisão e guardar a Lei não eram necessários para a salvação. — Gálatas 5:1.

A congregação ficou em silêncio quando Pedro concluiu, mas, havia mais para ser dito. (15:12-21) Barnabé e Paulo falaram a respeito dos sinais que Deus realizara por meio deles entre os gentios. Daí o presidente da reunião, o meio-irmão de Jesus, Tiago, disse: ‘Simeão [nome de Pedro em hebraico] relatou como Deus voltou a sua atenção para as nações, a fim de tirar delas um povo para o seu nome.’ Tiago indicou que a predita reconstrução da “barraca de Davi” (restabelecimento do reinado na linhagem de Davi) estava sendo cumprida no ajuntamento dos discípulos de Jesus (herdeiros do Reino) dentre tanto judeus como gentios. (Amós 9:11, 12, Septuaginta; Romanos 8:17) Visto que Deus assim se propôs, os discípulos deviam aceitar isso. Tiago recomendou que se escrevesse aos cristãos gentios que se abstivessem de (1) coisas poluídas por ídolos, (2) de fornicação e (3) de sangue e coisas estranguladas. Estas proibições constavam dos escritos de Moisés, que eram lidos nas sinagogas todos os sábados. — Gênesis 9:3, 4; 12:15-17; 35:2, 4.

A Seguir, o Corpo Superintendente enviou uma carta aos cristãos gentios de Antioquia, na Síria, e da Cilícia. (15:22-35) O Espírito Santo e os escritores da carta exigiam abstinência de coisas sacrificadas a ídolos; sangue (regularmente consumido por algumas pessoas); coisas estranguladas sem deixar escoar o sangue (muitos pagãos encaravam tal carne como iguaria); e fornicação (grego, pornéia, denotando relações sexuais ilícitas fora do casamento bíblico). Por assim se absterem, eles prosperariam espiritualmente, como se dá com os leais cristãos do povo de Deus hoje, por observarem estas “coisas necessárias”. A expressão “boa saúde para vós!” equivalia a “adeus”, e não se deve concluir que aqueles requisitos relacionavam-se primariamente com medidas de saúde. Quando a carta foi lida em Antioquia, a congregação regozijou-se com o encorajamento que ela lhes deu. Naquele tempo, o povo de Deus em Antioquia foi firmado na fé também através das encorajadoras palavras de Paulo, Silas, Barnabé e outros. Busquemos também nós meios de encorajar e edificar concrentes!

Começa a Segunda Viagem Missionária: Surgiu um problema ao se planejar uma segunda viagem, missionária. (15:36-41) Paulo sugeriu que ele e Barnabé revisitassem as congregações em Chipre e na Ásia Menor. Barnabé concordou, mas queria levar junto seu primo, Marcos. Paulo discordou, pois Marcos os abandonara em Panfília. Por isso, houve “um forte acesso de ira”. Mas, nem Paulo nem Barnabé procuraram vindicação pessoal por tentarem envolver outros pastores ou o Corpo Regente principal em seu assunto pessoal. Que excelente exemplo!

Essa disputa, no entanto, causou uma separação. Barnabé levou Marcos consigo a Chipre. Paulo, tendo a Silas como companheiro, “passou pela Síria e pela Cilícia, fortalecendo as congregações”. Barnabé talvez fosse influenciado por laços familiares, mas ele devia ter reconhecido o apostolado e a escolha de Paulo como “vaso escolhido”. (Atos 9:15) E que dizer de nós? Este incidente deve incutir em nós a necessidade de reconhecer a autoridade teocrática e de cooperar plenamente com os que tomam a dianteira no povo de Deus — Mateus 24:45-47.

Progresso em Paz: Não se permitiu que essa disputa afetasse a paz da congregação. O povo de Deus continuou a ser firmado na fé. (16:1-5) Paulo e Silas foram a Derbe, e daí a Listra. Ali morava Timóteo, filho da crente judia Eunice e seu marido grego descrente. Timóteo era bem jovem, pois, mesmo uns 18 ou 20 anos mais tarde, ainda se lhe disse: “Nenhum homem jamais menospreze a tua mocidade.” (1 Timóteo 4:12) Visto que “os irmãos em Listra e [em] Icônio [distante uns 30 quilômetros] davam dele bom relato”, Timóteo era bem conhecido por seu excelente ministério e qualidades piedosas. Os cristãos jovens da atualidade devem buscar a ajuda de Yehowah para edificar uma reputação similar. Paulo circuncidou Timóteo porque eles iriam às casas e às sinagogas de judeus que sabiam que o pai de Timóteo era gentio, e o apóstolo não queria que nada impedisse o acesso a homens e mulheres judeus que necessitavam aprender a respeito do Messias. Sem violar princípios bíblicos, também os verdadeiros cristãos hoje fazem o possível para tornar as boas novas aceitáveis a toda sorte de pessoas. — 1 Coríntios 9:19-23.

Tendo a Timóteo como assistente, Paulo e Silas entregaram aos discípulos, para sua observância, os decretos do Corpo Regente. E qual foi o resultado? Aparentemente referindo-se à Síria, Cilícia e Galácia, Lucas escreveu: “As congregações continuavam deveras a ser firmadas na fé e a aumentar em número, dia a dia.” Sim, a obediência à carta do Corpo Regente em Jerusalém resultou em união e prosperidade espiritual. Que excelente exemplo para os nossos tempos críticos, quando o povo de Deus precisa permanecer unido e firmado na fé!