Comentário de João 6:33-34

6:33 - Porque o pão de Deus é aquele que desce dos céus,… Na forma e maneira como foi mencionado: e que claramente aponta para o próprio Cristo, que pode ser chacomentario do evangelho de Joãomado “o pão de Deus”; para distingui-lo do pão comum, e para mostrar a sua excelência, e que ele é a provisão de Deus e dádiva, e que eles alimentarão seus filhos com ele.

E dá vida ao mundo;... Uma vida espiritual da qual ele é o Autor, Sustentador, e Mantenedor; e vida eterna, que ele dá um direito de tê-la, e nutre-os para ela; e isto não para apenas alguns, ou apenas para os Israelitas, mas também para os Gentios, e até mesmo para o mundo inteiro dos eleitos de Deus: não realmente para todo indivíduo no mundo, porque nem todos são ativos para a fé, não herdarão a vida eterna no futuro; mas para todo o povo de Deus, em todas as partes do mundo, e em todas as eras do tempo; de tal virtude extensa e eficácia é Cristo, o pão de Deus, no qual ele se aparece muito superior àquele maná que os Judeus confiavam.

6:34 - Então disseram-lhe,… Pelo menos alguns deles

Senhor, dá-nos deste pão;... Isso é tão divino e celestial, e tem tal virtude vivificadora nele: ou estas palavras são ditas seriamente por eles, e devem ser entendidas do pão para os seus corpos dos quais eles imaginaram que Cristo estava falando; e assim originando-se da ignorância do sentido dele; e da sensualidade neles que os fizeram segui-lo pelos pães; e de uma disposição cobiçosa, sendo cobiçosos de serem providos com tal comida excelente sem custo; e de inatividade, para economizar trabalho e as dores do labor; e de um desejo vão da continuação desta vida terrestre, estando dispostos a viver para sempre, e então teriam este pão eternamente; e de uma opinião total de abundância e delicadeza da comida corpórea nos tempos do Messias; Veja notas de Gill em Luc. 14:15; ou então estas palavras são proferidas ironicamente, por via de derrisão, como se não houvesse nenhum pão como este; e se havia, aquele Cristo não podia dá-lo. Porém, as palavras podem ser melhoradas, quando considerado como uma petição e satisfatória para uma alma sensata e iluminada: para tal que é, por natureza, sensato da condição faminta deles, e da necessidade deles de Cristo, o pão da vida, e de quem é como mudado, e provado quão bom é este pão, este desejará seriamente sempre ser provido com ele, e viver nele; porque recebê-lo lhes agrada mais do que o alimento nutritivo para as suas almas; eles nunca estão cansados disso; sempre é novo e gracioso para eles, e eles sempre se sentem em necessidade disso, e esperam no uso dos meios e ordenações dessa alimentação; e esse pão sempre tem uma virtude duradora, alimento para as suas almas, e os nutre para a vida eterna. Josefo
[1] diz do “maná” que era um tipo de pão que havia tal qualidade divina nele que quem provava dele não precisava de nada mais: e os Judeus também dizem,[2] isso:

“No maná havia todos os tipos de gostos, e cada Israelita saboreava aquilo que queria; porque assim está escrito em Deut. 2:7, “Esses quarenta anos o Senhor, teu Deus, tem estado contigo, não nos faltou nada”, ou “em nada carecestes”; e o que é “nada”? Quando eles desejavam comer alguma carne, e diziam a sua boca: Ó se eu tivesse gordura para comer; imediatamente havia em sua boca o gosto dessa gordura. – Os homens jovens experimentaram o gosto do pão, os homens velhos, os homens idosos o gosto de mel, e os filhos o gosto de óleo.”

Sim eles dizem:
[3]

“Quem quer que desejasse carne, ele o saboreava, e quem quer que desejasse peixe, ele o saboreava, e quem quer que desejou ave, galinha, faisão, ervilha, assim ele experimentava.”

E isso está em harmonia com o que diz o livro apócrifo de Sabedoria, 16:20, 21:

“Mas, pelo contrário, foi com o alimento dos anjos que alimentastes vosso povo, e foi do céu que, sem fadiga, vós lhe enviastes um pão já preparado, contendo em si todas as delícias e adaptando-se a todos os gostos. Esta substância que dáveis se parecia com a doçura que mostráveis a vossos filhos. Ela se adaptava ao desejo de quem a comia, e transformava-se naquilo que cada qual desejava.”

Tudo que deve ser entendido daquele prazer, satisfação, e contentamento que eles tiveram nisso; pois isto era um caso muito incomum para se comer, e viver disso como a comida comum deles durante quarenta anos: e nenhuma dúvida há quanto que havia algo notável com respeito a essa alimentação, ou lhes satisfazendo os seus apetites com isso, alimentando-se com isto, e apreciando-o por tão longo tempo: duas vezes realmente naquele tempo nós lemos que eles reclamaram da comida, enquanto dizendo que eles tiveram nada mais do que este maná diante dos seus olhos, e as suas almas detestaram este pão, Num. 11:6, e desejaram a carne, e o peixe que eles tinham comido no Egito. E assim é com alguns professores de Cristo, e o seu Evangelho; porque há uma multidão misturada entre eles, como havia entre os Israelitas, que desprezam a pregação de Cristo, e as verdades do Evangelho, que dizem respeito a sua pessoa, sangue, e retidão, e salvação por ele; eles não podem suportar essas coisas sendo frequentemente inculcados neles; as suas almas estão prontas para abominá-lo como pão sem valor, e querem ter qualquer outra coisa posta deles, mais satisfatória aos seus apetites carnais: mas para tais que são os verdadeiros crentes em Cristo, que provaram que Deus é bom, e Cristo, o verdadeiro maná, o pão de Deus, ele é todas as coisas para eles; nem eles desejam qualquer outro pão: eles provam tudo o que é gracioso, e acham tudo o que é nutritivo nele.


Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible
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Notas:
[1] Antiqu. l. 3. c. 1. seç. 6.
[2] Shemot Rabba, seç. 25. fol. 108. 4.
[3] Bemidbar Rabba, seç. 7. fol. 188. 1.