Comentário de João 6:38

Porque eu desci dos céus,… Não por mudar de lugar; porque Cristo é o Deus imenso, infinito e onisciente, e não poder ser dito apropriadamente como mudando de lugar em lucomentario do evangelho de João, jesus é o pão que vem dos céusgar; porque ele preenche todos os lugares, até mesmo os céus e a terra, com sua presença, e estava no céus como o Filho de Deus, ao mesmo tempo que estava na terra como o filho do homem: portanto, isso deve ser entendido em uma maneira tornando-se a sua própria deidade, sua filiação divina, e personalidade: sua pessoa era por assunção da natureza humana em união com a sua pessoa divina, que era uma exemplo de graça maravilhosa e condensação. O judeu[1] objeta a isso, e diz:

“Se isso diz respeito à ascendência da alma, a alma de cada homem descendeu dali; mas se diz respeito ao corpo, o restante dos evangelistas contradiz as suas palavras, particularmente Lucas, quando ele diz, Luc. 2:7 que sua mãe lhe deu à luz em Belém.”

Mas essa ascendência não diz respeito nem a sua alma nem o seu corpo, mas a sua pessoa divina, que sempre está nos céus.

Não para fazer a minha própria vontade, mas a vontade naquele que me enviou;… Ou seja, não fazer a sua própria vontade como separada da vontade de seu próprio pai, e muito menos como contrária a ela; caso contrário, ele, de fato, teria vindo para fazer a sua própria vontade, que, como Deus, era a mesma vontade do seu Pai, ele sendo um em natureza com ele, e assim em poder e vontade; e embora a sua vontade, como homem, fosse distinta da de seu Pai, ainda assim não repugnante: e isso ele virá a fazer por pregar o Evangelho, cumprir a lei, operar milagres, e obter a redenção eterna e a salvação de seu povo. O que o escritor Judeu
[2] objetou a essa parte do texto é de somenos importância. Essas palavras são:

“Acima de tudo, o que ele diz, “não fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”, mostra que aquele que o enviou não é o mesmo com aquele que é enviado, vendo que a vontade daquele que é enviado não é a vontade daquele que enviou.”

É prontamente confirmado de que eles não são a mesma pessoa; eles são duas pessoas distintas, o que envia e o que é enviado, como, de fato, se mostra claramente; mas, então, eles são um em natureza, embora em distinção de pessoa e eles concordam em vontade e obra. Cristo não veio para fazer a sua vontade diferente da de seu Pai; nem essas palavras mostram diferença de vontade entre eles, muito menos uma contradição, mas, antes, a semelhança deles.


Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible


____________
Notas:
[1] R. Isaac Chizzuk Emuna, par. 2. c. 44. p. 434.
[2] R. Chizzuk Emmuna, par. 2. c. 44. p. 434.