Comentário de J.W Scott: Isaías 1:1-9
CAPÍTULOS 1-39
I. PROFECIAS REFERENTES A JUDÁ E JERUSALÉM Isaías 1.1-12.6
I.a Os argumentos do Senhor (Is 1.1-31)
1. TÍTULO E INTRODUÇÃO (Is 1.1). É evidente que este versículo se relaciona apenas com os primeiros doze capítulos e não com todo o livro, visto mencionarem-se Judá e Jerusalém como os temas a ser tratados.
Já se perguntou qual o momento no tempo a que se faz referência neste capítulo? A partir do vers. 7, vemos que o país fora assolado pelos horrores de uma terrível invasão, e todos os indícios parecem indicar que se trata da invasão de Judá por Senaqueribe em 701 a.C. A ser assim, este capítulo foi escolhido e escrito à guisa de introdução por Isaías numa fase já tardia da sua vida. A cena que enfrenta ao contemplar o mundo do seu tempo é suficientemente representativa para que o profeta a considere típica da atitude de Israel para com a palavra e a vontade de Jeová. Como diz George Adam Smith: "Trata-se de um enunciado claro e completo dos conflitos entre Jeová e o Seu povo durante todo o tempo que Isaías foi profeta do Senhor. É a mais representativa de todas as profecias de Isaías, um sumário talvez melhor do que qualquer outro capítulo do Velho Testamento da substância da doutrina profética, e uma ilustração muito vívida do espírito e método proféticos" (Isaías).
2. INTRODUÇÃO (Is 1.2-9). Esta introdução de Isaías assume a forma de um grande julgamento - a grande acusação, como Ewald lhe chama, formulada contra o povo escolhido. Deus é ao mesmo tempo queixoso e juiz. Céu e terra são chamados a apoiar a queixa (2), sendo o profeta a principal testemunha. A acusação feita contra o povo escolhido é de rebelião absoluta nascida do seu coração ímpio e antinatural. Aí se radicavam todos os males que assolavam o país. Embora a mensagem do Senhor Deus tivesse sido transmitida pela boca dos profetas Amós e Oséias, não lhe haviam dado ouvidos, e a perversidade daquele povo conduzira a muitas infrações patentes da lei moral. O resultado de tal estado de coisas é que Aquele que os havia criado e mantido continuava desconhecido e a desgraça que se abatera sobre o país constitui testemunho eloquente da realidade deste afastamento da fé.
Fala o Senhor (2). É significativo que, no próprio começo deste livro, Isaías acentua o fato de ele conter a mensagem autêntica do Senhor Deus (ver Sl 1.4; Dt 32.1). Note-se a ênfase desta afirmação de rebeldia: "Criei filhos e exalcei-os, mas eles prevaricaram contra Mim". O boi... o jumento (2). Os próprios animais do campo são capazes de demonstrar uma dependência e uma dedicação mais natural e mais perfeita do que o povo escolhido do Senhor. O Santo de Israel (4); esta expressão aplicada ao Senhor não ocorre antes do tempo de Isaías. É provável que seja criação sua. A visão que lhe veio dentro do Templo foi de um Senhor sentado num alto e sublime trono (Is 6.1), de um Senhor superlativamente santo (Is 6.3); e foi, sem dúvida, movido por essa inspiração no próprio início do seu ministério que Isaías continuou a referir-se a Deus como o Santo de Israel. Não é possível determinar todo o significado desta expressão para Isaías, mas provinha de alguém que vira o Senhor e que, em todo o seu ministério subseqüente, se consagra a dar ao seu povo igual consciência da majestade e poder dAquele a quem ele contemplara dentro do santuário. Temos aqui como que um relicário da glória e beleza da santidade, tudo compreendido na personalidade de Deus, o autor do Concerto.
Se mais vos rebelaríeis? (5). A vossa terra está assolada... (7). Durante a vida de Isaías, ocorreram pelo menos três invasões do solo sagrado de Judá, uma delas pelas forças combinadas de Israel e da Síria cerca de 734 a.C., e as outras pelas forças dos assírios - a primeira sob o comando de Sargom em 712 a.C., e a outra sob o comando de Senaqueribe em 701 a.C. (Ver apêndice 3 do livro de Reis, "Os Grandes Impérios no Período da Monarquia"). O ataque sírio vem mencionado no capítulo 7, e os outros nos capítulos 22 e 26. Numa subversão de estranhos (7). Uma variante sugerida por Ewald produz um efeito muito mais forte: "... numa subversão como a de Sodoma". Filha de Sião (8). Trata-se de uma personificação, aludindo a referência à Cidade Santa. Esta expressão não é infreqüente nos escritos mais especificamente poéticos do Velho Testamento. Ver 2Rs 19.21; Sl 45.12. Cheyne salienta que em Lm 2.8 esta expressão parece designar a cidade sem quaisquer habitantes; enquanto que em Mq 4.10 parece aplicar-se aos habitantes sem a cidade. O quadro evocado é o de Jerusalém desolada, contemplando as ruínas que ficaram depois de a violenta maré da batalha e da invasão se ter perdido à distância. No vers. 8 as várias idéias da cabana, da choupana, ambas abrigos toscos erguidos nos campos durante a colheita e da cidade sitiada são todas quadros de solidão. Já como Sodoma seríamos, isto é, teríamos sido totalmente destruídos. Assim, logo no princípio do seu livro, Isaías introduz uma expressão significativa, o remanescente (9). A promessa divina desde eras passadas diz respeito à continuidade da raça escolhida e Àquele que sairia do meio do povo de Israel. A ênfase recai sobre a soberania do propósito divino. É o Senhor que deixa um remanescente. É pela Sua graça que a nação não é totalmente derrubada numa catástrofe semelhante à que engoliu Sodoma e Gomorra. Ver nota sobre Is 7.3.
I. PROFECIAS REFERENTES A JUDÁ E JERUSALÉM Isaías 1.1-12.6
I.a Os argumentos do Senhor (Is 1.1-31)
1. TÍTULO E INTRODUÇÃO (Is 1.1). É evidente que este versículo se relaciona apenas com os primeiros doze capítulos e não com todo o livro, visto mencionarem-se Judá e Jerusalém como os temas a ser tratados.
Já se perguntou qual o momento no tempo a que se faz referência neste capítulo? A partir do vers. 7, vemos que o país fora assolado pelos horrores de uma terrível invasão, e todos os indícios parecem indicar que se trata da invasão de Judá por Senaqueribe em 701 a.C. A ser assim, este capítulo foi escolhido e escrito à guisa de introdução por Isaías numa fase já tardia da sua vida. A cena que enfrenta ao contemplar o mundo do seu tempo é suficientemente representativa para que o profeta a considere típica da atitude de Israel para com a palavra e a vontade de Jeová. Como diz George Adam Smith: "Trata-se de um enunciado claro e completo dos conflitos entre Jeová e o Seu povo durante todo o tempo que Isaías foi profeta do Senhor. É a mais representativa de todas as profecias de Isaías, um sumário talvez melhor do que qualquer outro capítulo do Velho Testamento da substância da doutrina profética, e uma ilustração muito vívida do espírito e método proféticos" (Isaías).
2. INTRODUÇÃO (Is 1.2-9). Esta introdução de Isaías assume a forma de um grande julgamento - a grande acusação, como Ewald lhe chama, formulada contra o povo escolhido. Deus é ao mesmo tempo queixoso e juiz. Céu e terra são chamados a apoiar a queixa (2), sendo o profeta a principal testemunha. A acusação feita contra o povo escolhido é de rebelião absoluta nascida do seu coração ímpio e antinatural. Aí se radicavam todos os males que assolavam o país. Embora a mensagem do Senhor Deus tivesse sido transmitida pela boca dos profetas Amós e Oséias, não lhe haviam dado ouvidos, e a perversidade daquele povo conduzira a muitas infrações patentes da lei moral. O resultado de tal estado de coisas é que Aquele que os havia criado e mantido continuava desconhecido e a desgraça que se abatera sobre o país constitui testemunho eloquente da realidade deste afastamento da fé.
Fala o Senhor (2). É significativo que, no próprio começo deste livro, Isaías acentua o fato de ele conter a mensagem autêntica do Senhor Deus (ver Sl 1.4; Dt 32.1). Note-se a ênfase desta afirmação de rebeldia: "Criei filhos e exalcei-os, mas eles prevaricaram contra Mim". O boi... o jumento (2). Os próprios animais do campo são capazes de demonstrar uma dependência e uma dedicação mais natural e mais perfeita do que o povo escolhido do Senhor. O Santo de Israel (4); esta expressão aplicada ao Senhor não ocorre antes do tempo de Isaías. É provável que seja criação sua. A visão que lhe veio dentro do Templo foi de um Senhor sentado num alto e sublime trono (Is 6.1), de um Senhor superlativamente santo (Is 6.3); e foi, sem dúvida, movido por essa inspiração no próprio início do seu ministério que Isaías continuou a referir-se a Deus como o Santo de Israel. Não é possível determinar todo o significado desta expressão para Isaías, mas provinha de alguém que vira o Senhor e que, em todo o seu ministério subseqüente, se consagra a dar ao seu povo igual consciência da majestade e poder dAquele a quem ele contemplara dentro do santuário. Temos aqui como que um relicário da glória e beleza da santidade, tudo compreendido na personalidade de Deus, o autor do Concerto.
Se mais vos rebelaríeis? (5). A vossa terra está assolada... (7). Durante a vida de Isaías, ocorreram pelo menos três invasões do solo sagrado de Judá, uma delas pelas forças combinadas de Israel e da Síria cerca de 734 a.C., e as outras pelas forças dos assírios - a primeira sob o comando de Sargom em 712 a.C., e a outra sob o comando de Senaqueribe em 701 a.C. (Ver apêndice 3 do livro de Reis, "Os Grandes Impérios no Período da Monarquia"). O ataque sírio vem mencionado no capítulo 7, e os outros nos capítulos 22 e 26. Numa subversão de estranhos (7). Uma variante sugerida por Ewald produz um efeito muito mais forte: "... numa subversão como a de Sodoma". Filha de Sião (8). Trata-se de uma personificação, aludindo a referência à Cidade Santa. Esta expressão não é infreqüente nos escritos mais especificamente poéticos do Velho Testamento. Ver 2Rs 19.21; Sl 45.12. Cheyne salienta que em Lm 2.8 esta expressão parece designar a cidade sem quaisquer habitantes; enquanto que em Mq 4.10 parece aplicar-se aos habitantes sem a cidade. O quadro evocado é o de Jerusalém desolada, contemplando as ruínas que ficaram depois de a violenta maré da batalha e da invasão se ter perdido à distância. No vers. 8 as várias idéias da cabana, da choupana, ambas abrigos toscos erguidos nos campos durante a colheita e da cidade sitiada são todas quadros de solidão. Já como Sodoma seríamos, isto é, teríamos sido totalmente destruídos. Assim, logo no princípio do seu livro, Isaías introduz uma expressão significativa, o remanescente (9). A promessa divina desde eras passadas diz respeito à continuidade da raça escolhida e Àquele que sairia do meio do povo de Israel. A ênfase recai sobre a soberania do propósito divino. É o Senhor que deixa um remanescente. É pela Sua graça que a nação não é totalmente derrubada numa catástrofe semelhante à que engoliu Sodoma e Gomorra. Ver nota sobre Is 7.3.