Poesia no Antigo Testamento


Poesia no Antigo TestamentoPoesia no Antigo Testamento

A poesia da Bíblia não se limita aos chamados “livros poéticos”, que compreendem os livros de: Jó, Salmos, Cântico dos Cânticos, Lamentações, Provérbios e Eclesiastes; porque uma parte também dos “livros proféticos” apresenta-se sob forma poética, sobretudo num ou outro passo, por vezes brevíssimo. Há quem suponha, que essa poesia se inspira no “livro das guerras do Senhor” (Nm 21.14), ou no “livro do Reto” (Js 10.13; 2Sm 1.18; 1Rs 8.12-13) que eram coleções de poesia contemporânea. Alguns autores foram mais longe, e chegaram até a delinear os elementos duma métrica primitiva, que se encontraria desde o Gênesis até aos livros de Samuel. Outros ainda descobriram uma espécie de métrica saturnina nesses primeiros livros da Bíblia. São casos muito discutidos, a que neste resumido estudo não podemos dar o devido desenvolvimento. 

Não só o Antigo, mas também o Novo Testamento inclui um elemento poético, nem sempre estudado com atenção. São bem conhecidos os cinco cânticos natalícios de Lucas, e melhor ainda o prólogo de João, provavelmente baseado num hino cristão. Os sermões e as sentenças de Jesus refletem, também, a métrica hebraica, no dizer de vários entendidos. C. H. Dodd, por exemplo, afirma que “mostrando-se Jesus como profeta, é fácil de crer que falasse em verso, como os profetas ao proferirem seus oráculos”. 

Também as Epístolas do Novo Testamento parece conterem fragmentos de poesia. Primitivos cânticos cristãos inspiraram talvez Fp 2.6 e segs., Ef 5.14 (dum hino batismal?) e o “mistério da piedade” em 1Tm 3.16. Finalmente, encontra-se também cheio de cânticos o último livro do Novo Testamento, mas não podemos, por agora, estudar “a métrica do Apocalipse”, que exigiria um trabalho mais profundo.