A Astronomia e a Bíblia
É um fato bem conhecido que os capítulos iniciais de Gênesis têm sido alvo de zombarias e de ataques especialmente causticantes. Em flagrante contradição às afirmações de muitos clérigos da cristandade, de que Gênesis é apenas uma coleção de poesias e de lendas, no quinto século, o católico “pai da igreja” e erudito Agostinho declarou que a “narrativa [de Gênesis] não é a espécie de estilo literário em que as coisas são declaradas de modo figurativo, . . . mas, do começo ao fim, ela relata fatos que realmente ocorreram, como no livro dos Reis e em outros livros históricos”. (De Genesi ad litteram, VIII, 1, 2) O exame do primeiro capítulo de Gênesis revela que a Bíblia estava muito à frente dos conceitos contemporâneos.
Muito antes de Aristóteles (384-322 A.E.C.), que acreditava que as estrelas estivessem fincadas no céu assim como pregos, Gênesis (1:6-8) descreveu a abóbada celeste como “expansão” ou “firmamento” (Matos Soares). A palavra “firmamento” vem da latina firmare, que significa dar consistência, firmar, fazer sólido. Jerônimo usou esta expressão na Vulgata latina ao traduzir a palavra hebraica raqia, a qual, ao contrário, significa “superfície estendida”, “expansão”. Segundo T. Moreux, ex-chefe do Observatório de Bourges, na França, “esta expansão, que para nós constitui o céu, é designada no texto hebraico por uma palavra que a Septuaginta [grega], influenciada pelas idéias cosmológicas prevalecentes na época, traduziu por stereoma, firmamento, abóbada sólida. Moisés não transmite nenhuma ideia assim. A palavra hebraica raqia apenas transmite a idéia de extensão, ou melhor ainda, de expansão.” Portanto, a Bíblia descreveu com mais exatidão a expansão ou atmosfera acima de nós.
Gênesis fala sobre os luzeiros que brilham sobre a terra “para fazerem separação entre a luz e a escuridão”. (Gên. 1:14-18) Ora, estas palavras foram escritas por Moisés no século 16 antes de nossa Era Comum. Note apenas um dos conceitos fantasiosos então existentes sobre este assunto. Paul Couderc, astrônomo do Observatório de Paris, escreveu: “Até o quinto século antes de nossa era comum, os homens estavam enganados a respeito da questão fundamental sobre o dia e a noite. Para eles, a luz era um vapor luminoso, ao passo que a escuridão era um vapor negro, o qual, à noite, ascendia do solo.” Que contraste com a declaração sucinta, mas cientificamente exata, feita na Bíblia a respeito da causa do dia e da noite no nosso planeta!
Os que viveram na época em que a Bíblia foi escrita tiveram idéias estranhas sobre a forma e a base da terra. Segundo a antiga cosmologia egípcia, “o universo é uma caixa retangular, colocada na posição norte-sul, igual ao Egito. A terra fica no fundo, como planície ligeiramente côncava, com o Egito no centro. . .. Nos quatro pontos cardeais, cumes muito elevados sustentam o céu. O céu é uma cobertura metálica, chata ou curvada para fora, cheia de buracos. Dela ficam suspensas as estrelas, iguais a lâmpadas penduradas de fios.”
Será que tais teorias infantis foram abandonadas séculos mais tarde? Longe disso. O astrônomo e filósofo grego Anaximandro (do sexto século A.E.C.) sustentava: “A Terra é cilíndrica, três vezes mais larga do que funda, sendo habitada apenas a parte superior. Mas esta Terra encontra-se isolada no espaço, e o céu é uma esfera completa, em cujo centro se encontra, sem apoio, o nosso cilindro, a Terra, situada numa distância igual de todos os pontos do céu.” Um século mais tarde, Anaxágoras cria que tanto a terra como a lua eram chatas.
A Bíblia estava muito à frente dos conceitos científicos ensinados naquele tempo. No século 15 antes de nossa Era Comum, ela descreveu o Criador como aquele que “suspende a terra sobre o nada”, e no oitavo século A.E.C. falou sobre o “círculo da terra”. (Jó 26:7; Isaías 40:22) Não é exatamente assim que a terra lhe pareceu na tela da televisão, quando os astronautas a fotografaram desde a lua?