Dia do Senhor — Qual o Significado na Bíblia?

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DIA DO SENHOR

Essa é uma expressão, muitas vezes no contexto de acontecimentos futuros, que se refere ao momento em que Deus vai intervir de forma decisiva para o julgamento e/ou salvação. Diversamente formulado como o “dia do Senhor” (Amós 5:18), o “dia de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Cor. 1:8; cf. 2 Cor. 1:14), o “dia de Deus” (2 Pedro 3:12; Ap 16:14), ou “os últimos dias,” a expressão destaca o aspecto inconfundível de Deus. Deus vai tornar visível o Seu governo de justiça, chamando as nações para um acerto de contas, bem como indivíduos, dispensando a punição para alguns e dando início a salvação para os outros.

No Antigo Testamento, a expressão “dia do Senhor” ocorre dezoito vezes na literatura profética, na maioria das vezes nos livros de Joel e Sofonias. Não é encontrada em Daniel. Uma expressão similar que chega mais próximo a ela é “naquele dia”, que ocorre 208 vezes no Antigo Testamento, cuja metade das ocorrências está nos profetas. No Novo Testamento, as expressões equivalentes, como “Dia de Jesus Cristo”, são encontrados em 1 Coríntios 1:8, 2 Coríntios 1:14, Filipenses 1:6, 10 e 2 Pedro 3:10, 12. “Dia do Senhor” aparece em 2 Tessalonicenses 2:2.

Origem da expressão. A origem da expressão está em disputa. Alguns sugerem que ela está ancorada no vocabulário da criação (por exemplo, o sétimo dia como dia especial de Deus). Outros apontam para a história de Israel, teologicamente interpretado. Os estudiosos têm sugerido um ritual de culto, como o dia da entronização de um rei, em fornecer a definição para a expressão. Mais provável, porém, é a proposta de que as guerras do Senhor na história de Israel servem como pano de fundo, pois as imagens de batalha abundam (Joel 3:9-10; Ap 16:14) e as questões de competência e autoridade são centrais para o dia do Senhor.

A qualidade do dia. Um conjunto de diversos significados pertence a expressão, “dia do Senhor”. Sua primeira ocorrência (Amós 5:18), por exemplo, não se refere ao fim do mundo; no Novo Testamento, no entanto, tal significado emerge.

No pensamento bíblico, o caráter ou qualidade de um dia (período) era de maior importância do que a data (a quantidade numérica de uma sequência). Desde a primeira menção da expressão por Amós (embora alguns coloquem Obadias 15 e Joel anterior), a noção de intervenção divina, de um Deus “que vem” é evidente. Israel prevê que para eles a vinda de Deus iria realizar as perspectivas favoráveis, que seria um dia de luz. Amós anuncia que, dado o grande mal de Israel, a vinda de Deus vai sinalizar para eles desilusão e calamidade, um dia de escuridão. Predominante na intervenção divina é a impressionante presença do Todo-Poderoso. É como se Deus não só entrasse em cena, mas enchesse o cenário de tudo o que existe. Sua presença domina totalmente. A existência humana empalidece diante dessa realidade gigante. Naquele dia, “todas as mãos amolecerão, o coração de cada homem derreter-se-á” (Isaías 13:7). Em uma tempo futuro, as descrições vão além da experiência humana. O cosmos vai entrar em convulsão. Em linguagem estereotipada é dito que o sol se recusará a dar a sua luz, a lua e as estrelas deixarão de brilhar (Is 13:10). Joel, preocupado com o assunto, cita maravilhas no céu e na terra, incluindo a lua transformando-se em sangue (Joel 2:30-31).

No Novo Testamento, a aparição de Deus é mais distintamente a vinda de Cristo, especificamente o retorno de Cristo, a Sua segunda vinda. A menção de Paulo do dia “do nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 1:8) é provavelmente o dia da “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e nossa união junto a ele” (2 Tessalonicenses 2:1). Se o dia é a parousia, ou o clímax da história e de todas as coisas, como no “dia de Deus”, quando a dissolução dos céus ocorre (2 Pedro 3:12), o “dia” será caracterizado pela inquestionável e inequívoca presença do Deus Todo-Poderoso.

Tal como é descrito por Joel, o dia do Senhor significa decisão: “Multidões, multidões no vale da decisão! Pois o dia do Senhor está perto, no vale da decisão” (3:14). A sentença será proferida. Deus vai julgar os povos. Sua decisão de algumas nações, como Tiro, Sidon, Moab, Filístia, e Assíria, será castigo (Joel 3:4-13; cf. Sf 2:6-15). O julgamento divino será executado. Nesse dia, será tomada uma decisão proferida contra todo orgulhoso (Isaías 2:12-18). Deus age com a expedição, como Ele julga as nações no vale de Josafá (Joel 3:2,12-13). A decisão para os outros terá uma dimensão de salvação, pela promessa de Deus de bênção que será ativada e percebida (Joel 3:18-21).

A calendarização do dia. O “dia do Senhor” não é uma ocorrência única. Dias do Senhor, embora muitas vezes representados na Bíblia como futuro, não se limitam ao futuro. Temos o dia do Senhor também no passado. A catástrofe da queda de Jerusalém em 587 a.C, foi descrita como um “dia do Senhor” (Lam 2:21). Isaías diz que o dia do Senhor irá envolver a queda de Babilônia. Agência de Deus será reconhecida, pois Ele vai “fazer tremer os céus e a terra, tremerão em seu lugar” (Isaías 13:13). O Agente imediato de Deus será os Medos, que agitar-se-ão contra a Babilônia, a sua ação será decisiva. “Babilônia, a jóia dos reinos, a glória e o orgulho da Babilônia, será derrubado por Deus como Sodoma e Gomorra” (13:19). Historicamente, esse evento é para ser datado em 539 a.C; Joel, por sua vez, descreve uma praga de gafanhotos que, para ele, representa o dia do Senhor, como iminente, mesmo imediato. O dia de Pentecostes, história agora, é descrito como o dia do Senhor (Atos 2:16-21).

Ainda assim, para os profetas e muitos dos escritores do Novo Testamento, o dia do Senhor aponta para o futuro. Esse futuro pode ser séculos distantes, como na profecia de Isaías sobre a Babilônia (cap. 13), ou a profecia de Joel a respeito do Espírito (2:28-32), ou pode ser no futuro distante. A linguagem de Isaías sobre a humilhação universal dos altivos e arrogantes indica um grand finale, possivelmente no final da história (2:12-18). O Novo Testamento, ao falar do evento de Cristo como um dia do Senhor (Atos 2:16-21), também fala do dia de Cristo, como antecipado ao Sua volta (2 Tessalonicenses 2:1-2), que está ainda, depois de quase dois mil anos, no futuro. O fator surpresa (ele virá “como um ladrão, de noite”) é uma característica marcante do dia, no Novo Testamento (1 Tessalonicenses 5:2, 4; 2 Pedro 3:10). Eventualmente, o dia do Senhor (Deus) passou a significar o fim do mundo.

Fonte: Baker's Evangelical Dictionary of Biblical Theology. Editado por Walter A. Elwell.