Comentário de John Gill: Apocalipse 1:20

O mistério das sete estrelas que vistes na minha mão direita,... O sentido é que João devia escreve o mistério dessas estrelas, ou o sentido místico delas:

E os sete candelabros de ouro;... O mistério, ou o sentido misterioso deles também; pois as palavras estão numa conexão continuada com Ap 1:19, e diz respeito a seguinte interpretação deles, e as epístolas no capítulo seguinte, que são místicas, e proféticas do estado das igrejas de todas as eras sucessivas:

As sete estrelas são os anjos das sete igrejas,... Ou seja, sete estrelas, que João viu na mão direita de Cristo, que representam os anjos, ou pastores, das sete igrejas da Ásia, e em todos eles, os pastores e ministros das igrejas, em todos os períodos de tempo até a segunda vinda de Cristo. Aqui pode-se observar os ministros do Evangelho não só em relação as “estrelas”; queira ver notas de Gill em Ap 1:16; mas também aos “anjos”, que significa “mensageiros”, como ministros, que são enviados por Cristo com a mensagem do Evangelho para publicar aos filhos dos homens, e como os anjos são espíritos ministradores de Cristo, assim são os pregadores do Evangelho, os ministros de Cristo, que O servem no ministério da palavra, e na administração das ordenanças, e que existe algum acordo entre eles, de santidade, conhecimento, zelo, diligência e vigilância, em seu trabalho, como também podem ser chamados para a honra e consideração em que eles são, ambos com Cristo e suas igrejas, e que como os anjos se regozijam com a conversão dos pecadores, e ao alargamento do interesse de Cristo:

E os sete candelabros que viste, são as sete igrejas: Que representam as sete igrejas da Ásia, e em todos eles, as igrejas de Cristo, em épocas sucessivas, até o fim dos tempos, as razões pelas quais estes são representados por “candelabros”; ver Gill em Ap 1:12; e que eles são proféticos das igrejas de Cristo nos vários períodos de tempos, até que Ele venha outra vez, e será exibido a partir das considerações seguintes: todo o livro é chamado de profecia, e uma revelação de coisas que deveriam acontecer em breve, e seria muito estranho, e muito inadequado para o seu título, se os três primeiros capítulos tivesse nada profético neles, as características da Pessoa divina em que estas sete igrejas são saudadas, como Ele, que é, e foi, e está para vir, o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, mostram que as coisas escritas lhes pertencem ao estado da igreja evangélica, desde o início até o fim de tudo, por que outra razão pode ser dada para um uso assim tão peculiar deles? a aparência muito grande e gloriosa de Cristo, antecedente destes epístolas, quando comparadas com o aparecimento de Deus, anterior à abertura do livro selado, e os sete selos do mesmo, que pode induzir à conclusão de que, como este último introduz o profecia deste livro da revelação, assim o primeiro introduz a profecia da igreja, nem parece que essa aparência magnífica seja necessária ao envio de alguns meras cartas de conselho para algumas igrejas: Além disso, como há algumas coisas nestas epístolas também comuns a todas as igrejas e ministros e outros mais específicos, como Cristo, que ofereçe a Sua presença entre eles, pelo seu significado em pé no meio dos castiçais, e Seu cuidado e respeito para com os ministros do Evangelho, expressa pela sustentação das sete estrelas em Sua mão direita, pois, poderia ser pensado que Cristo concedeu a Sua presença apenas às sete igrejas na Ásia? ou que os pastores dessas igrejas eram os únicos que Cristo segura na mão direita? assim existem outros muito especiais para determinados períodos que pertencem a essas igrejas, como a Esmirna devia ter a coroa da vida, Pérgamo o maná escondido e uma pedra branca, Tiatira estrela da manhã, e na Filadélfia ser livrada de uma tentação que atingiria todo mundo, e ainda não chegou, por que razão não pode ser dado no sentido literal destas epístolas, e é estranho que para apenas sete igrejas devessem ser enviadas, e estes apenas na Ásia, por que não para as igrejas em África e Europa? e essas igrejas também, todas, exceto Éfeso, uns muito obscuros; porque não para as igrejas em Antioquia, Corinto, Roma, etc, e é mais estranho ainda, se, como diz Epifânio (w), não havia nenhuma igreja em Tiatira até após a escrita dessa carta: nada pode dar conta de tudo isso, mas seu ser profético, algo que seja o número, nomes, situação, e caso destas igrejas, que foram emblemáticas do estado da igreja em períodos sucessivos de tempo, ao qual podem ser adicionados, que a epifonema no término de cada epístola: “Aquele que tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas”, mostra que cada epístola à igreja não foi concebida para a igreja apenas, mas para as igrejas; e para aqueles que estão representados nesse período de tempo, já que devem ser inadequado para uma outra? e, além disso, esta frase conclusiva mostra que o que está contido em cada epístola é algo complexo, hermético, e parabólico, sendo utilizado apenas quando alguma coisa é entregue, ver Mat 11:15. Há mais uma observação a ser feita, e que atravessa todas as epístolas, e que é os nomes das várias igrejas, e os títulos que Cristo assume por escrito a cada uma, bem como o assunto das epístolas, ter respeito a vários períodos distintos da igreja, todos os que aparecem mais claramente nas seguintes notas sobre elas.


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Notas
(w) Contra Haeres. l. 2. Haeres. 51.

Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible de Dr. John Gill (1690-1771)