Carta aos Hebreus — Primeiros Leitores

Carta aos Hebreus — Primeiros Leitores

Carta aos Hebreus — Primeiros Leitores


Na própria epístola não existe indicação clara sobre para quem foi endereçada originalmente esta epístola. O título familiar, Aos Hebreus, recua até o segundo século. Seu conteúdo confirma poderosamente que ela foi escrita para crentes judeus. Nela não há a menor referência ao paganismo; e as Escrituras do Antigo Testamento e os rituais levíticos são tratados com notável respeito, como possuidores de sanção e autoridade conferidas por Deus. As modernas tentativas de sugerir que a epístola foi escrita para crentes gentios podem ser consideradas mais engenhosas que convincentes.

Semelhantemente, há falta de informação nesta epístola no tocante à localização de seus leitores originais. Jerusalém, Cesaréia, Antioquia da Síria, Éfeso, Alexandria e Roma são lugares que já foram sugeridos pelos estudiosos. O fato que os leitores ainda não tinham ouvido a Cristo (Hb 2.3) é contrário à suposição que vivessem em Jerusalém permanentemente. Seu passado geral, apesar de inquestionavelmente judaico, parece ter sido helenista e um tanto alexandrino, e não exclusivamente palestínico e rabínico. Parece que os leitores visados eram os judeus da dispersão, cujas Escrituras era o Antigo Testamento vertido para o grego. A frase “Os da Itália vos saúdam” (Hb 13.24) pode ser interpretada como a indicar que certas pessoas, afastadas da Itália, estavam enviando saudações à sua terra natal. Caso essa interpretação seja a correta (ver anotações ad loc) isso favoreceria a opinião que os recebedores da epístola foram uma seção judaica da comunidade Cristã de Roma. Talvez seja significativo que a citação dessa epístola mais antiga que se conhece, ocorra em uma carta escrita por Clemente de Roma cerca de 95 D. C. Além disso, a referência à perseguição, em Hb 10.32-34, poderia ser uma referência à expulsão dos judeus (crentes) de Roma, decretada pelo imperador Cláudio por volta de 50 D. C. Ver At 18.3.

É claro, pelo conteúdo da própria epístola, que ela foi originalmente escrita para um grupo definido de leitores. Ver Hb 2.3; Hb 5.11-12; Hb 6.9-10; Hb 10.25,32-36; Hb 13.7,19,23-24. Tais leitores conheciam tanto ao escritor como a Timóteo. O escritor esperava poder ir vê-los. Os leitores já eram crentes há muito tempo; e eram conhecidos do escritor desde o início de sua fé cristã. Pelas referências na epístola (ver Hb 13.24) depreende-se que aparentemente formavam um círculo exíguo, que talvez tivessem como templo uma casa familiar, onde se reuniam, e não alguma numerosa comunidade que, presumivelmente, teria incluído convertidos mais recentes.

Parece possível sugerir (ainda que isso não passe de uma sugestão) que os recebedores particulares dessa epístola foram um grupo de judeus que originalmente haviam sido membros de alguma sinagoga da dispersão. Eram homens devotadamente zelosos ao judaísmo, e ao judaísmo conforme o entendiam, e não à residência permanente na Palestina, e, sim, devido estudarem o Antigo Testamento, ainda que no grego. Não desconheciam o pensamento alexandrino. Sendo judeus, originalmente haviam tido o zelo de visitar Jerusalém durante as grandes festividades religiosas anuais. Possivelmente foi quando, como um grupo, estavam em visita a Jerusalém, por ocasião do grande Pentecoste cristão ou pouco depois, que os leitores, tanto quanto o escritor sagrado, foram convertidos à fé em Jesus como o Cristo, por terem ouvido a pregação dos apóstolos e por terem visto os sinais visíveis do poder do Espírito Santo (Hb 2.3-4). É mesmo possível que tenham visto e compartilhado da perseguição que se levantou contra a igreja em Jerusalém por parte das autoridades judaicas e de judeus zelosos semelhantes a Saulo de Tarso; e é possível que Hb 10.32-34 se refira a isso (ver At 5.41; At 8.3; At 9.13-14). É perfeitamente possível que subsequentemente os leitores ministraram aos santos pobres de Jerusalém, partindo da base onde moravam (Hb 6.10). Tal fundo para sua entrada na experiência da nova vida em Cristo daria significado adicional à asseveração do escritor do que os seguidores de Jesus não possuem Jerusalém terrena como sua cidade pátria; pelo contrário, é-lhes necessário sair porta fora após Cristo (Hb 13.12-14). Sendo crentes eles tinham “chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial” (Hb 12.22). E nesta não necessitavam mais de permanecer no átrio exterior em volta do santuário, no qual somente o Sumo Sacerdote podia entrar, e isso apenas uma vez por ano; mas eles mesmos podiam, livre e continuamente, entrar ousadamente através do véu agora rasgado até o próprio santo dos santos da presença de Deus.

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