Diáspora — Mundo do Novo Testamento

Diáspora — Mundo do Novo Testamento
Diáspora — Mundo do Novo Testamento



Embora a Palestina fosse a terra de naturalidade da raça judaica, durante o império romano, viviam os judeus em número muitíssimo maior fora das fronteiras da Terra Santa. Dá-se o nome de Diáspora, ou Dispersão, ao conjunto dos judeus que viviam em quase todas as grandes cidades, desde a Babilônia, até Roma e também em muitas povoações menores, onde o comércio e a colonização os retiveram. A dispersão do povo judaico começou com o cativeiro do Reino do Norte em 721 a.C., quando Sargão da Assíria deportou os habitantes de Israel para a Assíria, onde constituiu com eles novas colônias. O Reino do Sul, ou de Judá, foi conquistado pela Babilônia em 597 a.C. , e muitas das classes mais cultas foram levadas para a Babilônia. A seguir vieram a segunda e terceira deportação, deixando sem ser molestados, apenas os que constituíam as classes mais pobres da terra. Embora tivessem voltado do cativeiro muitos milhares sob a direção de Esdras e Neemias, um grande número preferiu ficar na terra do seu cativeiro, onde se tinham estabelecido e tinham começado a prosperar.

As conquistas de Alexandre, no quarto século antes de Cristo, abriram novas oportunidades de emigração e colonização. O domínio do Próximo-Oriente por um grande poder militar acabou temporariamente com as pequenas hostilidades entre os reinos, hostilidades que tinham tornado as viagens livres quase impossíveis. Como aumentassem as oportunidades de comércio e os Selêucidas e Ptolomeus que sucederam a Alexandre, estimulassem a colonização pela oferta de cidadania e de isenção de impostos feitos àqueles que quisessem imigrar para os seus domínios, muitos judeus, aproveitando-se destas facilidades, estabeleceram os seus lares nos prósperos povoados helenísticos. Muitos deles tornaram-se residentes temporários de cidades gregas, enquanto que a outros era garantida a cidadania e se estabeleciam em novos lares e novas ocupações. Em Alexandria, era judaica uma seção inteira da cidade, com o seu governador próprio e funcionários que eram praticamente autônomos. Tem-se calculado que essa colônia judaica de Alexandria tenha atingido area de dois milhões: representava a maior concentração simples de judeus em qualquer cidade do mundo, naquele tempo.

As colônias judaicas cresciam rapidamente no império romano. Os escravos que Pompeu tinha trazido da Palestina para Roma foram finalmente libertados e constituíram colônia na margem direita do Tibre, próximo das docas. Havia lá cerca de oito mil, no ano 4 a.C. Sob o domínio de Júlio César e de Augusto, foi-lhes dado ocupar posições legais e nalgumas cidades (como em Corinto), ficavam livres do serviço militar e da jurisdição de tribunais pagãos.

A influência grega afetou inquestionavelmente os judeus da Dispersão e muitos deles perderam as características distintivas e a fé que os tornavam diferentes de todos os outros povos. A maioria deles, no entanto, continuou judaica. Agarravam-se tenazmente à sua fé monoteísta — baseada na lei de Moisés. Mantinham o contacto com o templo de Jerusalém por meio das peregrinações às festas anuais e pagavam a taxa anual de meio siclo. Observavam o sábado e mantinham o culto da sinagoga, onde quer que fossem em número bastante para constituírem um grupo cultual. Dentro da Diáspora havia dois grupos distintos — os Hebraístas e os Helenistas.