Estudo sobre Mateus 27:1-66

Estudo sobre Mateus 27:1-66


O FIM DO TRAIDOR

Estudo sobre Mateus 27:3-10
Aqui nos encontramos com todo o horror do último ato da tragédia de Judas. Qualquer que seja nossa interpretação da mente de Judas, uma coisa é evidente: neste momento viu o espanto do que tinha feito. Mateus nos diz que Judas tomou o dinheiro e o jogou no templo, e o interessante é que a palavra que emprega não é a que designa os recintos do templo em geral (hieron), mas sim a que se refere ao templo propriamente dito (naos). Lembraremos que o templo constava de uma série de pátios que se abriam uns sobre outros. Em seu cego desespero Judas chegou ao Pátio dos Gentios, passou através dele até o Pátio das Mulheres, daí foi ao Pátio dos Israelitas; não poderia ir mais longe, tinha chegado ao limite que separava o Pátio dos Sacerdotes, com o próprio templo no extremo.

Pediu-lhes que recebessem o dinheiro; mas não quiseram fazê-lo, tomou e o lançou, logo saiu correndo e se enforcou. E os sacerdotes recolheram o dinheiro, que estava tão manchado que não podiam pô-lo no tesouro do templo e com ele compraram um terreno para enterrar os corpos impuros de gentios que morriam dentro da cidade.
Sem dúvida o suicídio de Judas é a indicação final de que seu plano tinha fracassado. Sua intenção tinha sido que Jesus surgisse como um conquistador, tinha-o conduzido à cruz; e sua vida ficou destroçada. Aqui nos encontramos com duas grandes verdades sobre o pecado.
(1) O mais terrível sobre o pecado é que não podemos voltar atrás. Não podemos desfazer o que já fizemos. Não se precisa ser muito velho para experimentar esse desejo terrível e urgente de poder voltar a viver algum momento determinado. O relembrar que não podemos voltar atrás em nenhuma ação, deveria nos fazer duplamente cuidadosos de como procedemos.
(2) O que é estranho sobre o pecado é que alguém pode chegar a odiar aquilo que obteve por meio desse mesmo pecado. O prêmio que se obteve por meio do pecado pode produzir desgosto, espanto e repulsa, até que o único desejo da vida é fazê-lo desaparecer dela. A maior parte das pessoas pecam porque acreditam que se puderem possuir a coisa proibida será feliz. Mas aquilo que o pecado desejava e obteve pode converter-se naquilo do qual o homem daria algo para livrar-se – e com muita freqüência não pode fazê-lo.
Como vimos, Mateus encontra previsões sobre os sucessos da vida de Jesus nos lugares mais inverossímeis. De fato, aqui nos encontramos com um engano. Neste lugar, Mateus cita de cor, e a citação não pertence a Jeremias, e sim a Zacarias. Procede de uma estranha passagem (Zacarias 11:10-14) na qual o profeta nos relata que recebeu uma recompensa indigna e a lançou ao tesouro. Nessa velha imagem Mateus viu uma semelhança simbólica com o que Judas tinha feito.
Poderia ter sucedido que, se Judas tivesse sido fiel a Jesus, teria morrido como um mártir; mas como se empenhou muito em seguir seu próprio caminho, morreu como suicida. Perdeu a glória da coroa do martírio para descobrir que a vida lhe era intolerável porque tinha pecado.

O HOMEM QUE SENTENCIOU JESUS À MUERTE
Estudo sobre Mateus 27:1-2,11-28
Os dois primeiros versículos desta passagem descrevem o que deve ter sido uma reunião muito breve do Sinédrio, celebrada a uma hora bem cedo de manhã, com a intenção de formular uma acusação oficial contra Jesus. A necessidade de fazê-lo estribava no fato de que, enquanto os judeus podiam julgar casos simples, não tinham direito de infligir a pena de morte. Essa sentença só podia ser pronunciada pelo governador romano e as autoridades romanas podiam executá-la. De maneira que o Sinédrio devia formular uma acusação com a qual pudesse ir a Pilatos e exigir a morte de Jesus. Mateus não nos diz qual foi a acusação, coisa que Lucas o faz. No Sinédrio, a acusação que se levantou contra Jesus foi um acusação de blasfêmia (Mateus 26:65-66). Mas ninguém sabia melhor que as autoridades judaicas que Pilatos jamais ouviria essa acusação. Dir-lhes-ia que fossem resolver suas próprias controvérsias religiosas. Portanto, conforme nos diz Lucas, apareceram diante de Pilatos com uma acusação tripla, cada uma de cujas partes era uma mentira, uma flagrante mentira. Acusaram a Jesus, em primeiro lugar, de ser um revolucionário, em segundo lugar, de incitar as pessoas a não pagar impostos e, por último, de afirmar que era rei (Lucas 23:2). Fabricaram três acusações políticas, cada uma delas uma mentira consciente, porque sabiam que Pilatos agiria só a partir desse tipo de acusações. De maneira que tudo ficou dependente da atitude de Pilatos.
Que tipo de homem era este governador romano?
Oficialmente, Pilatos era o procurador da província e era responsável em forma direta, não diante do Senado romano, e sim diante do Imperador. Deve ter tido pelo menos vinte e sete anos porque essa era a idade mínima para ocupar o cargo de procurador. Deve ter sido um homem de bastante experiência porque teria que galgar uma série de posições, entre elas o comando militar, até estar preparado para tornar-se governador. Pilatos deve ter sido um soldado e administrador que tinha passado por todas as provas necessárias. Tornou-se procurador da Judéia no ano 26 A. C. e manteve o posto durante dez anos, até que o mandaram chamar.
Quando Pilatos chegou a Judéia se encontrou com numerosos problemas, de muitos dos quais ele era o causador. O problema de Pilatos era que não sentia a menor simpatia para com os judeus. Mais ainda, sentia desprezo pelo que ele chamava seus preconceitos irracionais e fanáticos, e que os judeus denominavam princípios. Os romanos conheciam a intensidade da religião judaica e o caráter indestrutível de sua fé, e sempre tinham tratado os judeus com luvas de pelica, e nisso demonstravam grande sabedoria. Pilatos se propôs, com toda arrogância, a empregar o punho fechado.
Começou com problemas. Os quartéis romanos estavam em Cesaréia. Os estandartes romanos não eram bandeiras: eram mastros com a águia romana ou a imagem do imperador do momento. Todos os governadores anteriores, em um gesto de deferência para com o ódio que sentiam os judeus pelas imagens, tinham tirado as águias e as imagens dos estandartes antes de encaminhar-se para Jerusalém em visitas de Estado. Pilatos recusou-se a fazê-lo. O resultado foi uma oposição tão hostil e uma intransigência tão grande que por último se viu forçado a claudicar, porque não é possível prender ou executar a uma nação inteira. Mais ainda, Pilatos decidiu que Jerusalém necessitava uma melhor provisão de água. Para tal fim construiu um aqueduto novo – mas o pagou com dinheiro do tesouro do templo. Pilatos tinha granjeado uma péssima reputação entre os judeus.
De fato, Filo, o grande intelectual judeu de Alexandria fez um estudo do caráter do Pilatos; e devemos lembrar que Filo não era cristão, mas falava do ponto de vista judeu. Diz-nos que os judeus tinham ameaçado exercer seu direito de denunciar Pilatos ao imperador por seus enganos. Esta ameaça exasperou Pilatos ao máximo, visto que temia que pudessem enviar uma missão com suas queixas e que o acusassem acerca de outros assuntos de seu governo – sua corrupção, sua insolência, sua rapina, seu costume de insultar as pessoas, sua crueldade, seus contínuos assassinatos de pessoas sem julgamento prévio nem condenações e sua contínua falta de humanidade, gratuita e agravante. A reputação de Pilatos entre os judeus era algo terrível e o fato de que estes pudessem denunciá-lo fazia com que sua posição fosse completamente insegura.
Podemos seguir a carreira de Pilatos até o fim. No final o mandaram chamar de Roma. Este chamado foi devido à sua atitude selvagem em um incidente ocorrido em Samaria. Um impostor tinha convocado as pessoas ao monte Gerizim assegurando que lhes mostraria os vasos sagrados que Moisés tinha escondido nesse lugar. Infelizmente muitos foram armados e se reuniram em uma aldeia chamada Tirabata. Pilatos caiu sobre eles e os assassinou com uma selvageria muito desnecessária, visto que era um movimento intranscendente. Os samaritanos apresentaram suas queixas a Vitelino, o legado em Síria, que era o superior imediato de Pilatos. Vitelino ordenou que voltasse a Roma para dar explicação de sua conduta.
Quando Pilatos se dirigia a Roma, o imperador Tibério morreu e parece que Pilatos jamais foi julgado. A lenda conta que terminou suicidando-se. Seu corpo foi lançado ao Tigre mas os maus espíritos alteraram tanto as águas que os romanos o tiraram dali, levaram-no a Gália e o atiraram no Ródano. A suposta tumba de Pilatos se pode ver até hoje em Viena (França). Ali aconteceu o mesmo; por último levaram o corpo a um lugar próximo a Lausana e o enterraram em uma cavidade da montanha. Frente a Candelabro há uma montanha chamada monte Pilatos. Em suas origens a montanha se chamava Pileatus, que significa com uma capa de nuvens, mas como foi relacionada com Pilatos, o nome foi mudado para Pilatus. 
Mais tarde, a lenda cristã se mostrou muito mais compreensiva com Pilatos e tentou lançar toda a culpa da morte de Jesus nos judeus, exonerando completamente a Pilatos. Como era de esperar, a lenda chegou a dizer que a esposa de Pilatos, que, conforme se afirma, era uma partidária judaica chamada Cláudia Prócula, converteu-se ao cristianismo. Inclusive se sustentou que o próprio Pilatos se tornou cristão e até o dia de hoje a Igreja Copta considera que tanto Pilatos como sua mulher são santos.
Podemos terminar este estudo de Pilatos com um documento muito interessante. Não resta dúvida que Pilatos deve ter enviado um relatório a Roma sobre o julgamento e a morte de Jesus; esse era o trâmite comum na administração da província. Um livro apócrifo chamado Os Atos de Pedro e Paulo, contém uma suposta cópia desse relatório. Tertuliano, Justino Mártir e Eusébio fazem referência a ele. O relatório, tal como o temos, não pode ser genuíno, mas é interessante lê-lo:
Pôncio Pilatos saúda a Cláudio
Recentemente se apresentou um assunto que eu mesmo julguei: porque os judeus, por inveja, castigaram-se a si mesmos e a sua posteridade com juízos terríveis por sua própria culpa. Seus pais tinham recebido promessas a respeito de que seu Deus enviaria a seu Santo do céu, a quem se chamaria rei, e lhes prometeu que o enviaria à terra por meio de uma virgem. Chegou quando eu era governador da Judéia e o viram dar vista aos cegos, curar leprosos, paralíticos, expulsar demônios, ressuscitar mortos, dar ordens aos ventos, caminhar sobre as ondas do mar sem molhar os pés, e fazer muitas outras maravilhas enquanto todo o povo judeu o chamava Filho de Deus. De maneira que os sumos sacerdotes, sentindo inveja dele, trouxeram-no, entregaram-me e o acusaram com uma acusação falsa após a outra, dizendo que era um mago e fazia coisas que iam contra a lei.
Mas eu, acreditando que as acusações eram falsas, açoitei-o e o entreguei e eles o crucificaram e, uma vez sepultado puseram guardas junto ao sepulcro. Mas enquanto meus soldados o cuidavam ressuscitou ao terceiro dia; mas a maldade dos judeus se acendeu tanto que deram dinheiro aos soldados e lhes disseram: Digam que os discípulos roubaram o cadáver. Mas eles, embora recebessem o dinheiro, não puderam manter em segredo o que tinha ocorrido porque eles também deram testemunho de que o viram ressuscitar e que receberam dinheiro dos judeus. Informei a Vossa Eminência todas estas coisas para o caso de alguém lhe ter dito uma mentira e lhe parecesse correto acreditar nas falsidades dos judeus.
Não resta dúvida de que o relatório não é mais que uma lenda, mas não se pode questionar o seguinte: Pilatos sabia que Jesus era inocente, mas suas más ações anteriores deram aos judeus uma alavanca para obrigá-lo a fazer o que lhe pediam, embora ia contra seu melhor juízo e seu sentido da justiça.

A INFRUTÍFERA LUTA DE PILATOS
Estudo sobre Mateus 27:1-2,11-28 (continuação)
Toda esta passagem nos deixa a impressão de um homem que trava uma luta condenada ao fracasso. É evidente que Pilatos não queria condenar a Jesus. Surgem certos elementos.
(1) Não há dúvida de que Pilatos se sentiu muito impressionado com Jesus. É evidente que não levou a sério a afirmação de que era o rei dos judeus. Pilatos podia reconhecer a um revolucionário e Jesus não era um deles. O nobre silêncio de Jesus o fez pensar que o acusado não era Jesus e sim ele próprio. Pilatos sentia o poder de Jesus e experimentava temor de submeter-se a Ele. Ainda há pessoas que temem ser o tipo de cristãs que deveriam ser.
(2) Pilatos procurou algum meio de escapar. Parece que era costume libertar um prisioneiro durante a Festa. No cárcere estava detento um tal Barrabás. Não se tratava de um ladrão comum; provavelmente era um bandoleiro ou um detento político.
Existem duas especulações interessantes sobre este personagem. Seu nome significa Filho do Pai. Pai era o título com que se designava os rabinos mais conspícuos. Pode ser que Barrabás pertencesse a uma família antiga e distinguida e que se envolveu numa carreira de crimes. 
Um homem assim converteria o crime em algo atrativo e muita gente sentiria simpatia por ele. Ainda mais interessante é a certeza quase absoluta de que Barrabás também se chamava Jesus. Algumas das versões mais antigas do Novo Testamento, tais como a siríaca e a armênia, chamam-no Jesus Barrabás. Tanto Orígenes como Jerônimo conheciam essa versão e a consideravam correta. É curioso que Pilatos diga duas vezes Jesus, chamado Cristo (vv. 17 e 22), para diferenciá-lo de algum outro Jesus. Jesus era um nome comum; é o mesmo nome que Josué. E o mais provável é que a exclamação da multidão fosse: "Não a Jesus Cristo, e sim a Jesus Barrabás." Pilatos procurou uma saída mas a multidão escolheu o criminoso violento e rechaçou o Cristo amável. Preferiram o homem de violência ao homem de amor.
(3) Pilatos tentou tirar de cima de si a responsabilidade de condenar a Jesus. Temos essa imagem estranha e trágica em que aparece Pilatos lavando suas mãos. Esse era um costume judeu.
Há uma regulamentação muito curiosa em Deuteronômio 21:1-9. Se se encontrava um corpo morto e não se sabia de quem era, deviam tomar-se medidas para averiguar qual era a cidade ou aldeia mais próxima. Os anciãos dessa aldeia ou cidade deviam sacrificar uma bezerra e lavar as mãos para livrar-se da culpa. Pilatos se viu advertido por seu sentido da justiça, por sua consciência, e pelo sonho de sua afligida esposa. Mas não podia enfrentar a multidão e fez o gesto inútil de lavar suas mãos.
Segundo conta uma lenda, até o dia de hoje há momentos em que a sombra de Pilatos sai da tumba e volta a lavar suas mãos. Há uma coisa da qual o homem jamais se pode livrar: a responsabilidade. Nem Pilatos nem ninguém pode dizer jamais. "Lavo minhas mãos de toda responsabilidade", porque a responsabilidade é algo que nada nem ninguém pode tirar.
A imagem de Pilatos provoca em nós mais compaixão que ódio. Porque aqui vemos um homem tão imerso em seu passado e tão impotente a respeito dele, que foi incapaz de assumir a posição que devia. Pilatos é uma imagem de tragédia em vez de perversidade.
A ZOMBARIA DOS SOLDADOS
Estudo sobre Mateus 27:27-31
Iniciou-se a espantosa rotina da crucificação. A última seção terminou dizendo que Pilatos mandou açoitar a Jesus. O açoite romano era uma tortura terrível. Despia-se a vítima, atavam-se suas mãos atrás e o amarravam a um poste com as costas curvadas e expostas ao açoite. O látego era uma larga tira de couro ao longo da qual havia pedaços de osso afiados e bolas de chumbo. Os açoites sempre precediam à crucificação e "reduziam o corpo nu a farrapos de carne e feridas inflamadas e sangrantes". Alguns morriam pelos açoites, outros perdiam a razão, e eram poucos os que permaneciam conscientes depois de tê-los recebido.
Depois disso Jesus foi entregue aos soldados, enquanto se preparavam os últimos detalhes da crucificação, assim como a própria cruz. Levaram-no a seus barracos no quartel do governador e chamaram o resto do destacamento. No destacamento, chamado speira, havia seiscentos homens. Não é provável que houvesse tantos soldados em Jerusalém. Estes soldados constituíam a guarda pessoal de Pilatos que o tinham acompanhado desde Cesaréia, onde tinha sua residência permanente,
O que os soldados fizeram pode nos fazer estremecer; mas de todas as partes que se viram comprometidas na crucificação os soldados são os que estão mais livres de culpa. Sequer estavam destacados a Jerusalém, nem tinham idéia de quem era Jesus; sem dúvida não eram judeus, porque este era o único povo que estava isento do serviço militar. Estes soldados eram recrutas que podiam provir do outro extremo do mundo e se divertiam com suas brincadeiras pesadas. Mas, diferente dos judeus e de Pilatos, faziam-no em plena ignorância. Possivelmente isto foi o mais fácil de Jesus agüentar, porque embora o disfarçaram de rei; não havia ódio em seu olhar. Para eles, não era mais que um galileu meio louco que ia à cruz. Não deixa de ser significativo que Filo nos diga que em Alexandria uma multidão judia fez o mesmo com um menino imbecil: "Puseram um pedaço de alimento sobre a cabeça em lugar de uma diadema... e como cetro lhe deram um pedaço de ramo de papiro que encontraram atirado na estrada. E como estava vestido como um rei alguns se aproximavam para adorá-lo, outros para lhe fazer alguma petição." Assim era como zombavam de um menino imbecil, isso é o que representava Jesus para os soldados.
Depois se prepararam para levá-lo à crucificação. Às vezes somos aconselhados a não nos determos no aspecto físico da cruz. Mas não é assim, não podemos chegar a ter uma imagem vívida do que Jesus fez e sofreu por nós.
Escrevendo sobre a crucificação, Klausner, o autor judeu, diz: "A crucificação é a morte mais terrível e cruel imaginada pelos homens para vingar-se de seu próximo." Cícero a chamou "a tortura mais cruel e horrível". Tácito a chama "uma tortura só digna de escravos". Originou-se em Pérsia devido ao fato de que considerava-se que a terra era sagrada para o Ormuz, o deus, e se erguia o criminoso para que não manchasse a terra, que era propriedade do deus. Da Pérsia passou a Cartago no norte da África. Roma a copiou de Cartago embora só a reservava para os rebeldes, os escravos que escapavam e a classe mais baixa de criminais. De fato, era um castigo ilegal de infligir a um cidadão romano.
Klausner descreve a crucificação. Fixava-se à cruz o criminoso, convertido já em uma massa de sangue devido aos açoites. Aí permanecia pendurado para morrer de fome, sede e pelo calor do Sol, incapaz de defender-se sequer da tortura das moscas e mosquitos que posavam sobre seu corpo nu e sobre suas feridas sangrantes. Não é uma imagem agradável, mas foi isso o que Jesus sofreu voluntariamente por nós.   

A CRUZ E A VERGONHA
Estudo sobre Mateus 27:32-44
O relato da crucificação não necessita comentário algum; seu poder radica no que diz por si mesmo. Tudo o que podemos fazer é apresentar o pano de fundo para que a imagem seja o mais claro possível.
Quando um criminoso era condenado, era levado à crucificação. Era situado em meio de um quadrado vazio formado por soldados romanos. O costume era que carregasse o lenho horizontal de sua própria cruz; o vertical o esperava no cenário da crucificação. A acusação pela qual a pessoa era executada se escrevia sobre uma madeira, depois era pendurada em volta do pescoço ou um soldado o levava diante da procissão e logo era fixado à cruz. O criminoso era levado ao lugar da crucificação pelo caminho mais longo possível para ser visto pela maior quantidade de gente e a lúgubre cena lhes servisse de advertência. Jesus passou pelos espantosos açoites, depois suportou as zombarias dos soldados, antes disso o tinham interrogado durante a maior parte da noite: estava fisicamente exausto e cambaleava sob a cruz.
Os soldados romanos sabiam muito bem o que deviam fazer nesses casos. Palestina era um país ocupado; tudo o que o soldado romano tinha que fazer era tocar um judeu no ombro com a ponta de sua lança e o homem devia fazer qualquer coisa que lhe fosse ordenado, por mais baixa e desagradável que fosse. De uma das aldeias vizinhas se aproximava um homem oriundo da longínqua Cirene, ao norte da África. Chamava-se Simão. Pode ser que durante anos economizou dinheiro para assistir a esta Páscoa, e agora caía sobre ele esta vergonha e indignidade; porque o obrigaram a carregar a cruz de Jesus. Quando Marcos conta a história identifica a Simão como o "pai de Alexandre e de Rufo" (Marcos 15:21). O único sentido da identificação pode ser que Alexandre e Rufo fossem conhecidos na Igreja. E deve ser que nesse dia trágico Jesus se apoderou do coração de Simão. O que para ele era como o dia de sua vergonha se converteu em seu dia de glória. 
O lugar da crucificação era um monte chamado Gólgota, porque tinha a forma de uma caveira. Quando se chegava ao lugar era preciso empalar o criminoso sobre sua cruz. Sus mãos eram atravessadas com pregos, mas em general os pés eram atados frouxamente à cruz. Nesse momento, e para adormecer sua dor, davam-lhe a beber vinho drogado, preparado por um grupo de mulheres abastadas de Jerusalém como um ato de misericórdia. Um escrito judeu diz: "Quando se leva a um homem para matá-lo, deve-se permitir que beba um grão de incenso em uma taça de vinho para adormecer seus sentidos... As mulheres abastadas de Jerusalém costumavam doar estar coisas e levá-las ao lugar." A taça drogada foi oferecida a Jesus mas Ele se recusou a bebê-la, porque se propôs aceitar a morte em seu aspecto mais amargo e lúgubre e não evitar nem a mais mínima dor.
Já vimos que se conduzia o criminoso à execução no centro de um quadrado formado por quatro soldados romanos. Os criminosos eram crucificados nus, à exceção de uma tanga e a roupa do criminoso passava a ser propriedade dos soldados como pagamento. Todo judeu levava cinco coisas: os sapatos, o turbante, o cinturão, a túnica interior, e a capa exterior. De maneira que havia cinco artigos e quatro soldados. Os primeiros quatro artigos eram todos do mesmo valor, mas a capa era mais valiosa que todos os outros. Os soldados lançaram sortes pela capa de Jesus, conforme relata João (João 19:23-24). De maneira que quando os soldados terminaram de repartir a roupa se sentaram a montar guarda até que chegasse o fim. Assim, no Gólgota estava esse grupo de três cruzes, em meio das quais se erguia o Filho de Deus, e de ambos os lados um ladrão. Na verdade, esteve com pecadores no momento de sua morte.
Os últimos versículos desta seção descrevem as zombarias e piadas que dirigiram a Jesus os que passavam por ali, as autoridades judaicas e os ladrões crucificados a seu lado. Todas as zombarias se centravam ao redor de uma coisa: as afirmações feitas por Jesus e sua aparente impotência na cruz. E era justamente nisso em que os judeus tanto se equivocavam. Usavam a glória de Cristo para zombar dEle. Diziam: “Desça da cruz, e creremos nEle.” Mas como disse em uma ocasião o general Booth: “É precisamente porque não quis descer que cremos nEle.” Os judeus só podiam ver Deus em meio ao poder, mas Jesus mostrou aos homens que Deus é amor sacrificial.

A VITÓRIA DO FINAL
Estudo sobre Mateus 27:45-50
A leitura da história da crucificação dá a impressão de que tudo aconteceu muito rapidamente, mas em realidade as horas passavam muito lentamente. Marcos é o mais exato em sua menção do tempo. Diz-nos que crucificaram a Jesus na terceira hora, quer dizer às nove da manhã (Marcos 15:25), e que morreu na hora nona, quer dizer, às três da tarde (Marcos 15:34). Isso significa que Jesus esteve pendurado na cruz durante seis horas. A agonia de Jesus foi breve, porque sucedia que os criminosos ficavam pendurados de suas cruzes durante dias até que a morte tivesse piedade deles.
No versículo 46 temos a frase que deve aparecer a qualquer um como a mais assombrosa de todo o relato evangélico: a exclamação de Jesus: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Trata-se de uma frase ante a qual só podemos baixar a cabeça em sinal de respeito. Entretanto, devemos buscar entendê-la. Houve muitos intentos de penetrar o mistério dessa frase; só podemos nos referir a três deles.
(1) É estranha a forma como o Salmo 22 se intercala em todo o relato da crucificação; e, de fato, esta frase é o primeiro versículo sobre esse salmo. Quando nos remetemos a ele, vemos que o salmista diz: “Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer” (Salmo 22:7-8). Quando continuamos lendo o mesmo salmo vemos que diz: “Repartem entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica deitam sortes” (Salmo 22:18). Esse salmo está entretecido com toda a história da crucificação.
Agora, sugeriu-se que o que Jesus fazia, na verdade, era repetir esse salmo em seu íntimo e, embora o salmo começa no abandono mais absoluto, termina com um triunfo total: “Cantar-te-ei louvores no meio da congregação... Pois do SENHOR é o reino, é ele quem governa as nações” (Salmo 22:25-31). De maneira que se sugere que Jesus repetia esse salmo na cruz como uma imagem de sua própria situação e como um cântico de sua confiança e sua fé, visto que sabia muito bem que começava nas profundezas e terminava nas alturas. Trata-se de uma sugestão muito atraente, mas quando se está sobre uma cruz, ninguém repete poesia no seu íntimo, mesmo que se trate de um salmo; e além disso, toda a atmosfera do mundo escurecido pertence à tragédia mais desoladora.
(2) Sugere-se que nesse momento todo o peso dos pecados do mundo caiu sobre o coração e o ser de Jesus. Que foi nesse momento quando “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós” (2 Coríntios 5:21); e que o castigo que agüentou por nós foi a inevitável separação de Deus, a qual produz o pecado. Ninguém pode afirmar que isso não seja certo, mas se o é, é um mistério que só podemos expor e diante do qual a única coisa que podemos fazer é nos sentir maravilhados.
(3) Pode ser que haja algo mais humano aqui, se assim podemos dizer. Parece-me que Jesus não seria Jesus se não tivesse penetrado nas mais recônditas profundezas da experiência humana. Agora, na experiência humana e à medida que passa a vida e nela entra a tragédia, há momentos, possivelmente um só, nos quais sentimos que Deus se esqueceu de nós. Segundo minha opinião, isso foi o que aconteceu a Jesus aqui. Vimos que a única coisa que Jesus sabia no jardim era que devia seguir adiante, porque essa era a vontade de Deus, e que devia aceitar aquilo que nem sequer Ele podia chegar a compreender. Aqui vemos a última agonia dessa situação humana. Vemos Jesus descer às últimas profundezas da situação humana para que não houvesse lugar que tenhamos que ir ao qual Jesus não tenha estado antes.
É evidente que aqueles que escutavam não entendiam. Alguns pensavam que chamava Elias; devem ter sido os judeus. Um dos grandes deuses dos pagãos era o Sol: Hélio. Uma oração ao deus Sol teria começado com "Heli!" e se sugeriu que os soldados podem ter pensado que Jesus clamava ao maior dos deuses pagãos. Seja como for, para os guardas essa exclamação era um mistério.
Mas a questão é a seguinte. Teria sido terrível que Jesus morresse com um grito assim nos lábios; mas não o fez. A narração nos diz que depois de ter dado um grande clamor, entregou o espírito. Esse clamor deixou uma marca nas mentes dos homens. Aparece em cada um dos evangelhos (Estudo sobre Mateus 27:50; Marcos 15:37; Lucas 23:46). Mas um deles vai mais longe. João nos diz que Jesus morreu com um grito: “Está consumado!” (João 19:30). Em grego, essa frase se diz em uma só palavra – Tetelestai – e o mesmo acontece no aramaico. E essa mesma palavra é a exclamação do vencedor; a do homem que completou sua tarefa; a de quem venceu na luta; a de quem saiu da escuridão à glória da luz e tomou posse da coroa. De maneira que Jesus morreu vitorioso e conquistador, com um grito de triunfo nos lábios.
Aqui está, pois, o elemento valioso. Jesus passou pelo mais profundo dos abismos e depois irrompeu a luz. Se nós também nos aferramos a Deus, inclusive quando parece que Deus não existe, se reunirmos em forma desesperada e invencível os restos de nossa fé, não há dúvida de que aparecerá a aurora e venceremos. O triunfador é o homem que recusa crer que Deus o esqueceu, mesmo que cada fibra de seu ser sinta que Deus o abandonou. É o homem que jamais deixará que sua fé desapareça, mesmo que sinta que seus últimos apoios desapareceram. É o homem que foi derrotado ao máximo, mas continua aferrando-se a Deus, porque isso foi o que Jesus fez. 

A REVELAÇÃO FULMINANTE
Estudo sobre Mateus 27:51-56
Esta passagem se divide em três partes.
(1) Temos o relato das coisas surpreendentes que ocorreram quando Jesus morreu. Quer devamos tomar ao pé da letra ou não, ensinam-nos duas grandes verdades.
(a) O véu do templo se rasgou de alto a baixo. Tratava-se do véu que ocultava o lugar santíssimo, além do qual ninguém podia passar com exceção do sumo sacerdote no Dia do Perdão. Atrás desse véu morava o Espírito de Deus. Aqui temos um elemento simbólico. Até este momento Deus tinha estado oculto, era algo remoto, e ninguém O conhecia. Mas na morte de Jesus vemos o amor escondido de Deus, e o caminho que uma vez esteve fechado a todos os homens, agora está aberto para que todos cheguem à presença de Deus. A vida e morte de Jesus nos mostram como é Deus e tiram para sempre o véu que ocultava Deus dos homens.
(b) Abriram-se os sepulcros. Este símbolo significa que Jesus venceu a morte. Ao morrer e ressuscitar, Jesus destruiu o poder da morte. Devido à sua vida, sua morte e sua ressurreição o sepulcro perdeu seu poder, a tumba perdeu seu terror e a morte sua tragédia, porque agora estamos seguros de que, porque Ele vive, nós também viveremos.
(2) Temos o relato da adoração do centurião. Só podemos dizer uma coisa sobre isto. Jesus havia dito: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (João 12:32). Jesus predisse o poder magnético da cruz, e o centurião foi o primeiro fruto da cruz de Cristo. A cruz o tinha levado a ver a majestade de Jesus como nenhuma outra coisa o tinha obtido jamais.
(3) Temos a singela afirmação a respeito das mulheres que viram o fim. Todos os discípulos O abandonaram e fugiram, mas as mulheres ficaram. Tem-se dito que, diferente dos homens, as mulheres não tinham nada a temer porque sua posição era tão baixa que ninguém prestaria a menor atenção às discípulas. Mas há muito mais que isso. Estavam ali porque amavam a Jesus e, nelas, como em muitos outros, o amor perfeito tinha feito desaparecer o medo.

O PRESENTE DE UM SEPULCRO
Estudo sobre Mateus 27:57-61
Segundo a lei judaica, não se podia deixar pendurado durante toda a noite o corpo de um criminoso. Era preciso enterrá-lo no mesmo dia. “O seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo dia” (Deut. 21:22-23). Isto era obrigatório por duplo motivo quando, como no caso de Jesus, o dia seguinte era um sábado. Segundo a lei romana, os parentes de um criminoso podiam solicitar seu cadáver para enterrá-lo, mas se não o reclamavam, era deixado apodrecer até que os cães vira-latas dessem conta dele. Agora, nenhum dos parentes de Jesus podia solicitar o corpo, porque eram da Galiléia e não possuíam um sepulcro em Jerusalém. De maneira que apareceu o rico José de Arimatéia. Dirigiu-se a Pilatos e pediu que lhe entregassem o corpo de Jesus. Ocupou-se dele e o pôs em um sepulcro na rocha, onde ninguém jamais foi enterrado. José será famoso para sempre como o homem que deu um sepulcro a Jesus.
Acumularam-se lendas em torno do nome de José. A lenda mais conhecido e famosa diz que no ano 61 d. C. Felipe enviou a José da Gália a Inglaterra para pregar o evangelho nesse país. Diz-se que chegou com o cálice que se usou na Santa Ceia e que agora tinha o sangue que Jesus tinha derramado na cruz. Esse cálice se converteria no Santo Graal, tão renomado na lenda dos cavalheiros do Rei Artur. Afirma-se que quando José e seu grupo de missionários escalaram o monte Weary-all e chegaram ao outro lado, encontraram-se em Glastonbury. Ali José golpeou o chão com sua vara e nesse lugar cresceu o Espinheiro de Glastonbury. Não há dúvida que Glastonbury foi durante anos um dos lugares mais santos da Inglaterra, e até o dia de hoje recebe a muitos   791
peregrinos. Conta-se que um puritano arrancou o espinheiro original mas que o que cresce até hoje provém de um galho do anterior; e até a atualidade se enviam partes dessa planta a todos as partes do mundo. De maneira que a lenda relaciona José de Arimatéia com Glastonbury e com a Inglaterra. Outra lenda afirma que José de Arimatéia era tio de Maria, a mãe de Jesus. (Poderia ser que tivesse exercido o direito de parentesco ante a lei romana ao reclamar o corpo?)
Costuma-se afirmar que José deu um sepulcro a Jesus quando este morreu mas não o apoiou durante sua vida. José era membro do Sinédrio (Lucas 23:50), e o mesmo evangelista nos diz que não tinha consentido no acordo nem nos atos deles (Lucas 23:51). É possível que essa reunião que se convocou na casa de Caifás no meio da noite tenha sido seletiva? Parece muito pouco provável que todo o Sinédrio tenha estado presente. Pode ser que Caifás tenha chamado àqueles que ele queria que estivessem presentes e que tenha organizado uma reunião com quem o apoiava e que José não tenha tido nenhuma possibilidade de estar ali.
Não há a menor dúvida de que no final, José demonstrou a maior das coragens. Ficou do lado de um criminoso crucificado. Enfrentou o possível ressentimento de Pilatos, e enfrentou certo ódio e zombarias da parte dos judeus. É muito possível que José de Arimatéia fez tudo o que esteve em suas mãos.
Mas subsiste um ponto obscuro. A mulher a quem se chama a outra Maria, em Marcos 15:47, é identificada como Maria, a mãe de José. Já vimos que estas mulheres estavam presentes na cruz; seu amor as fez seguir a Jesus na vida e na morte.

UMA TAREFA IMPOSSÍVEL
Estudo sobre Mateus 27:62-66
Esta passagem começa na maneira mais curiosa. Diz que os sumos sacerdotes e os fariseus se apresentaram diante de Pilatos no dia seguinte, que é o dia depois da preparação. Agora, Jesus foi crucificado numa sexta-feira. O sábado é o dia de repouso judeu. Vimos que, segundo os cálculos judeus, o novo dia começava às seis. Portanto, o sábado começava às seis da tarde da sexta-feira e as últimas horas da sexta-feira eram a preparação. Se for assim, só pode significar uma coisa: que os sumos sacerdotes e os fariseus foram a Pilatos com seu pedido no dia de sábado. Se o fizeram, é muito claro ver o modo radical em que quebraram a lei do sábado. Se tudo isto for correto, há muito poucos incidentes no relato evangélico que demonstrem com maior clareza o ansiosas que estavam as autoridades judias para eliminar de modo definitivo a Jesus. Estavam dispostos até a quebrantar suas leis mais sagradas para assegurar-se de que por fim tinham-se livrado dEle.
Aqui percebemos uma lúgubre ironia. Estes judeus foram dizer a Pilatos que Jesus havia dito que ressuscitaria no terceiro dia. Não reconheceram que viam a possibilidade de que fosse certo, mas pensavam que os discípulos podiam buscar roubar o cadáver e dizer que tinha ressuscitado. Portanto, queriam tomar medidas especiais para vigiar o sepulcro. Chega a resposta de Pilatos: “Guardai o sepulcro como bem vos parecer.” É como se, inconscientemente, Pilatos dissesse: "Mantenham a Cristo no sepulcro – se puderem." Tomaram suas medidas. A porta destes sepulcros na rocha se fechava com uma pedra grande redonda semelhante a uma roda de carro, que se deslizava por uma fenda. Selaram-na e puseram um guarda especial, e lhe asseguraram tanto como puderam.
Não se tinham dado conta de um detalhe: que não havia nenhum sepulcro no mundo que pudesse prender o Cristo ressuscitado. Todos os planos dos homens não bastavam para atar o Senhor ressuscitado. O homem que tenta pôr ataduras em Jesus Cristo planeja uma tarefa impossível.